Ouvindo (de novo) o Led Zeppelin
Zeppelin
Teresópolis
Zeppelin
O Higino
Um vinil
Teresópolis mereceu essa placa um dia
Cenário de nossos verões
Lixamos vários desses vinis
Mais cedo eu estava fazendo a pré-edição do programa
CAFÉ PARIS (www.programacafeparis.com.br)
que vai ao ar no dia 27 deste mês. Recebi um vídeo raro, gravado mês passado, de uma banda de
garotas norte-americanas cantando, muito bem, um clássico do Led Zeppelin.
Não consigo ouvir apenas uma canção do Zeppelin, mesmo
que não seja com Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham. A
pré-edição rolou normalmente e preparei o material para a edição final, em som
surround e tudo mais.
Cheguei em casa e não deu outra. Ouvi várias canções do
Zeppelin, com o Zeppelin, que estão espalhadas nos nove álbuns da banda todos
de estúdio (de 1969 a 1980), com exceção do duplo, ao vivo, “The Song Remais The Same”, de 1976.
São nove obras-primas porque, em se tratando de Page, Plant, Jones e Bonham,
não há nada razoável ou bom. É tudo excelente, do cacete, sensacional.
Impressionante isso.
Não ia escrever esse artigo e sim mandar um e-mail para
o amigo, colega e guru de rock Brasil Jamari França. Mas, o desejo/necessidade
de publicar emoções, suores, reflexões e, sobretudo, flagrantes da memória não
recente é um dos milhares de magistrais efeitos colaterais que o Led Zeppelin
traz à bordo de suas canções.
Ouvi o lado mais acústico do grupo. Por que? Não sei. Na
verdade ando numa fase existencial acústica, contemplativa, eventualmente
insone, totalmente Led Zeppelin. Penduradas nas canções, lembranças de minha
adolescência, ouvindo Zeppelin em profusão, lixando LPs de vinil até gastar.
Eu, meu irmão Fernando Cesar e nossos amigos de verão na também amada e
fiel depositária de nossas vastas emoções e pensamentos imperfeitos da adolescência
(obrigado Zé Rubem Fonseca por esse belo título de livro), uma cidade chamada
Teresópolis.
Não dá para ouvir o Led Zeppelin e não lembrar dos raios
acrilíricos explodindo no Dedo de Deus, minha jaqueta de camurça verde-garrafa,
cabelos a la Roger Daltrey (pelo menos era a minha intenção) na altura dos
ombros, meu irmão, também cabeludo, passando a vários quilômetros por hora montado
numa Yamaha 200 cilindradas azul, que pegava emprestado com um amigo.
Verões de 1970, 1971, 1972, 1973, todos eles foram
embalados pelo Led Zeppelin. The Who? Sempre, mas o Zeppelin tinha (e tem) seu
espaço em meu coração eternamente teen. Por que não? Por que só os boçais podem
se sentir eternamente teens? Ou serei um boçal e não sei disso?
E aí, hoje, ouvi de novo o Led Zeppelin, com direito as
novas descobertas que sempre ocorrem a cada audição, mais uma leve e ao mesmo
tempo dramática saudade de mim mesmo, de meu irmão, do Marcel da loja de móveis
chamada Garagem, do Paulinho, do Renatinho, da Elma, da Helen, da Deinha, Terê,
boate Bowling, no Alto, as duas boates do Higino, em especial a do subsolo onde
só rolava rock progressivo, escuridão e garras femininas esparramadas em nossos
recantos misteriosos e ardentes. E, lá pelas tantas, o discotecário (não lembro
do nome, um gordo que sabia tudo de música) despejava um inteiro LP do Zeppelin.
Direto. Lá pelas 3 e varada da madrugada. Tocava o Zeppelin, acendia as luzes,
íamos embora e o Higino fechava.
Não sei por que não usam mais o slogan "Cidade dos Festivais" para Teresópolis. Assisti a espetaculares festivais de cinema, teatro e música lá. Aliás, uma vocação da cidade que merecia um retorno.
Não sei por que não usam mais o slogan "Cidade dos Festivais" para Teresópolis. Assisti a espetaculares festivais de cinema, teatro e música lá. Aliás, uma vocação da cidade que merecia um retorno.
Esse é um dos poderes da música. Transportar no tempo
com apenas dois ou três acordes, para lugares onde estivemos, gostaríamos de
ter ido ou que ainda iremos. Mulheres maravilhosas que o Zeppelin seduzia para
nós e que depois, como um solo de Jimmy Page, descarregavam seus indomados
raios, gozos e unhadas de mulheres feitas cheirando a Campari. Sem saberem que
eram mulheres feitas e muito menos se era mesmo Campari o que bebiam.
Hoje eu ouvi, de novo, o Led Zeppelin. E poderia virar
o dia, a noite, os meses escrevendo. Mas, melhor parar. Melhorar parar e pensar
na edição definitiva do CAFÉ PARIS.
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