A solidão é o maior desafio existencial da espécie humana

Terminei a releitura da autobiografia de Pete Townshend, líder e fundador do The Who. No final do livro ele diz que está compondo a sua terceira ópera rock que se chama “Floss”. Em 1969 ele escreveu Tommy, em 1973 Quadrophenia e agora Floss que, ele diz, tem muito a ver com a solidão humana. Aliás, o afeto, os desencontros, a rejeição, carência e o sentimento agudo de solidão são presenças constantes na obra não só de Townshend, mas de grandes nomes como o Pink Floyd, U2, R.E.M. e outros.
Não adianta fugir, correr, pular cercas. Ela é o maior desafio existencial da espécie humana. Solidão. Por mais que saibamos se tratar da condição humana básica e que em muitos casos se apresenta como um agudo sentimento passageiro, a solidão é impiedosa. Machuca, fere, marca. Musa de milhares de canções, filmes, poemas, livros.
Flagelo dos que não suportam conviver com suas ebulições interiores, ignora a regra, provada e comprovada, de que o homem é o mais solitário dos mamíferos. Por mais solidário que às vezes demonstre parecer.
A solidão exige muita resistência, criatividade, autocompreensão. Os que se tornam reféns deste deserto que ora se apresenta como fato consumado, ora como circunstância de momento, cai nos braços da culpa, que é bem pior. É fato que todos os seres humanos eventualmente estejam nas garras da solidão.
Transformá-la em criação é o desafio. Desafio possível.

O solitário latino, por inúmeras razões socioculturais, parece padecer mais. Ninguém sabe ao certo por que a solidão, apesar de voraz, é imprecisa. Muito imprecisa. E nos pega sem dia e hora marcados. Pega, mas não leva.

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