Empresas de eletricidade metem a mão nos nossos bolsos
Quando recebi a conta de luz de abril fiquei indignado.
Estava 100% mais cara do que nos meses anteriores. Liguei para a concessionária
reclamando e diante da resposta de uma atendente alegando que “houve uma falha
no nosso sistema e por isso tivemos que cobrar o valor pela média de consumo anual”,
fui reclamar com a Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. Por que?
Porque a média de meu consumo é 120% menos do que o valor cobrado.
Apesar de não acreditar e nem confiar em nenhum órgão
do governo, liguei para 167, número da Aneel. Um funcionário ouviu minha
reclamação, anotou o número do protocolo da queixa que fiz junto a
concessionária e ficou por aí.
Até hoje (quase três semanas depois) a única informação
que recebi foi através de uma carta mentirosa da concessionária dizendo que os técnicos
verificaram os equipamentos e constataram estar tudo normal. Como assim? Não
houve um problema técnico que levou esses mesmos técnicos a taxarem a conta com
base na média do consumo:
Enfim, é uma bandalha só. Uma bandalha que não está acontecendo
só comigo. Leia essa reportagem que saiu no Globo caderno Niterói no último
domingo:
Moradores
de Icaraí questionam aumento repentino na conta de luz
- Num dos casos, fatura
subiu 1.800% em abril
- Ampla alega ‘medição por
média’
Igor Mello (Email)
Moradores de dois edifícios de
Icaraí compartilharam do mesmo susto quando abriram a conta de luz no início
deste mês: um aumento exorbitante no valor da fatura. A questão foi observada
em um prédio na Travessa Antônio Pedro e outro na Rua Cinco de Julho.
Entre os clientes da Ampla que
relataram o problema, o caso da tradutora Isadora de Campos é o que chama mais
atenção: acostumada a um consumo médio que variava entre 100 kWh e 300 kWh, ela
se deparou com uma fatura que trazia um consumo de 2.660 kWh. A conta de março,
no valor de R$ 80, saltou para R$ 1.539 no mês seguinte, um aumento de 1.823%.
- No meu prédio há, pelo menos, outros quatro casos assim,
inclusive no apartamento da minha irmã - relata a consumidora, que mora em um
apartamento de cerca de 50 metros quadrados na Rua Cinco de Julho
A concessionária informou para Isadora que a cobrança foi feita
baseada em uma média do consumo nos meses anteriores a maio no ano passado.
Ela, no entanto, alugou o apartamento justamente em maio de 2013. O imóvel
estava vazio antes deste período.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a cobrança
por média é permitida por lei desde que a concessionária não consiga, por algum
motivo, medir o consumo de energia no mês correspondente. Foi o que alegou a
Ampla em relação a diversos moradores do edifício Montmatre, na Travessa
Antônio Pedro, em Icaraí. Entre os prejudicados estão os pais de Isadora, os
professores Jorge Lúcio de Campos e Sandra Márcia de Campos, de 55. No caso
deles, a conta subiu de uma média de R$ 300 para R$ 656, crescimento de 118%.
- Uma concessionária, até por ser
um serviço público, acima de tudo tem que ser transparente. Eu não quero pagar
pouco, apenas o meu consumo - reforça Jorge.
De acordo com a Aneel, caso o
consumidor não concorde com a cobrança, deve procurar a concessionária. Caso a
situação não seja resolvida, o caminho é entrar em contato com a Aneel por meio
do número 167.
Segundo o zelador do prédio,
Geraldo Luís Cordeiro, não houve nenhuma mudança no procedimento de leitura dos
relógios. Apesar disso, muitos outros moradores do prédio reclamaram do mesmo
tipo de problema nos últimos dias:
- Pelo menos 15 dos 85 condôminos
reclamaram de aumentos na conta de luz sem explicação. E o interessante é que,
para cada um deles, os funcionários da Ampla dão uma explicação diferente -
ressalta o funcionário.
Apesar de a Ampla ter alegado aos
consumidores que os relógios do condomínio estão em locais de difícil acesso, o
que impediria a medição, o controle de acesso realizado pela portaria mostra
que funcionários da concessionária realizaram a medição no mês em questão.
Em nota, a Ampla afirma que o
valor da conta dos clientes foi calculado com base na média anual de consumo,
por questões operacionais. Questionada, a concessionária não explicou o motivo
de o controle de acesso do prédio mostrar a entrada dos funcionários para
conferirem o relógio que mostra o consumo de energia.
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