Planos de saúde tratam médicos e usuários como molambada


Não conheço um único mamífero na face da Terra que pague barato pelo plano de saúde. A indústria da doença dá uma facada nacional em quase 50 milhões de brasileiros, todo o mês. Mas, cinicamente, paga 25, 30 reais por uma consulta a médicos credenciados e, soube ontem (horrorizado) alguns planos pagam 11 (ONZE!) reais para uma sessão de fisioterapia.

É muita cara de pau. Muita. Pensei em entrar em contato com a ANS, Agência Nacional de Saúde Suplementar para falar desse escárnio, mas algo me disse que seria perda de tempo. Melhor publicar aqui. Um dia desses um imbecil me disse (é o que dá perder tempo com imbecis) que os médicos que não aceitarem o preço da consulta devem pular fora. Acabei me irritando e devolvi dizendo que pagamos às vezes 15, 20 vezes o preço dessa consulta aos planos todos os meses. Macabros, os planos aumentam o preço enquanto seus clientes vão envelhecendo, justamente quando precisa mais de serviços médicos.

Isso sem falarmos do golpe dos 59. Sabe qual é, né? Como escalavrar o consumidor de 60 anos com aumentos de 100% na mensalidade é proibido por causa do Estatuto do Idoso, muitos planos dão o “presente” quando a vítima faz 59 anos.

O Brasil tem somente dois problemas: corrupção e falta de governo. A corrupção mamou quase 70 bilhões nos últimos oito anos dos cofres federais e ficou tudo por isso mesmo. Por que a ANS não senta com os planos e dá um soco na mesa? “Olhem aqui, 25 não dá. No mínimo 150 reais”, imagino em algo por aí. Deve ir mais longe. Dilma, que tem fama de estourada, podia acordar com o espírito de Angela Merkel e acabar com essa bandalha do “pedágio” do envelhecimento, desculpe a expressão, mas essa escrotália de cobrar mais de quem menos ganha e mais precisa. Mas, Dilma tem que abanar base de sustentação, sustentar o populismo, enfim, é soda como diria Fócrates.

Mas a ANS anda com as pernas muito juntinhas, sintoma de rabo preso, mas não vou ficar aqui insinuando coisas. A questão é: dona ANS por que muitos médicos, que salvam nossas vidas, ganham como molambos e, por isso, são obrigados a atender quase à Bangu, na maior correria, dezenas de pessoas por dia e, daqui a pouco, só vamos conseguir consulta para a outra encarnação? Dona Dilma, já que os planos pagam esse miserê por que a senhora não bota o SUS para funcionar decentemente. Aí vem algo e me diz: “porque não é i$$o que o governo quer”.

Li há tempos no Globo on line: “Um olhar apurado sobre o banco de dados da ANS mostra que as 35 maiores operadoras de planos de saúde e odontológicos do país atendem a 25 milhões de beneficiários — o que equivale a 52,2% do total de 47,8 milhões de clientes nas carteiras das empresas. As 10 maiores respondem por 15,5 milhões de pessoas ou 32,3% do total. A campeã em número de clientes é a Bradesco Saúde, com 3,1 milhões. Depois dela, destacam-se Intermédica Sistema de Saúde e Amil Assistência Médica Internacional, cada uma com cerca de dois milhões de beneficiários, segundo a agência.”

É uma dinheirama. Se, de bom humor, colocarmos a média de 300 reais a mensalidade dos planos da Bradesco Saúde, isso gera um faturamento mensal que a continha 3,1 milhões de usuários X 300 de mensalidade revela. 9 bilhões? É isso???


Estou fechado com os médicos na luta por um tratamento digno com relação a essa trilhardária indústria dos planos e, desde já, coloco o blog à disposição dos profissionais de branco que, a duras penas, salvam ressuscitam, enfim, trabalham pra cacete.

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