Querem destruir o bairro de Itacoatiara, em Niterói, e ninguém está fazendo nada para impedir

    Verão
    Fim de tarde


Itacoatiara fica a 25 quilômetros do centro de Niterói. Ainda é um bairro bucólico, cheio de árvores, pássaros, casas clássicas, crianças brincando nas ruas de terra batida. Foi a paz deste pequeno bairro que atraiu um pequeno grupo de pessoas para lá, nos anos 1950. Por causa da abundância de verde, a temperatura média é de três graus a menos do que em Icaraí.

Em busca de paz, silêncio, qualidade de vida, essas pessoas aproveitaram que a praia tem mar bravio, instável, difícil (o que espantava os banhistas) e construíram seus sonhos por lá. Distante, selvagem, Itacoatiara vivia a sua vida tranquila, sua praia frequentada basicamente por surfistas e moradores de Niterói e contava com a vigilância constante, implacável e extremamente necessária de uma associação de moradores atuante e radical. Ainda bem.

Mas parece que o sonho acabou. O que era puro romantismo, sonho, quase utopia, vai ganhar um calçadão, mirante moderno, banheiros químicos, enfim, Itacoatiara será favelizada com o que ar de pior em matéria de urbanismo  predatório, oportunista. As cartas estão sendo jogadas, abrindo caminho para prováveis futuras ações da especulação imobiliária que nunca se conformou com o fato de ser proibido construir prédios no bairro.

Calçadão, mirante, banheiros químicos são os abre alas para a devastação imobiliária. Mais: por leniência das autoridades, nos fins de semana do verão Itacoatiara é invadida por uma horda de farofeiros, meliantes e vagabundos em geral pessoas que não tem qualquer vínculo com o bairro que depredam sem pestanejar.

Urinam e defecam nas calçadas, jogam futebol na areia tirando a paz dos outros banhistas, copulam na restinga, ouvem música de péssima qualidade em alto volume enlouquecendo os moradores. É para eles que Itacoatiara será destruída. No lugar da restinga selvagem, um calçadão. No lugar de uma praça bucólica, um mirante, mais banheiros químicos, muito funk aos berros e, quem sabe em breve, edifícios.

O estranho nessa bizarra história é a falta de reação da maioria dos moradores.  Não consigo acreditar que os locais, pessoas que optaram pela qualidade de vida, estejam aceitando esse linchamento urbanístico. Mas se quem cala consente, o que pensar?

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