Um país que é derrotado por um mosquito em pleno século 21 não merece o respeito de ninguém
Ontem estava no trânsito, engarrafado. Chuva mansa lá
fora. Prevendo que o trânsito daria um nó, sai bem mais cedo para não atrasar.
Não atrasar é uma das minhas boas neuras. Os carros se arrastavam como jiboias bêbadas. Ao
volante rostos cansadas, pesados, naquele para e anda que desafia a lógica (?)
da paciência.
Nessas horas gosto de ouvir a rádio CBN. Desde garoto
sou viciado em notícias e a CBN tem experientes e bons profissionais (nessa
ordem; bom jornalismo é sinônimo de vivência) e transmitia ao vivo uma
entrevista com um funcionários do Ministério da Saúde sobre microcefalia e o
vírus Zika.
Encostado na parede, o funcionário
(coordenador de emergências epidêmicas......blá bla blá) revelou dados
gravíssimos. Números descabelantes que mostram, mais uma vez, a região Nordeste
na vanguarda da miséria, do descaso, da esculhambação. Lá a microcefalia,
segundo o M.S. via zika, impera. Seguido da região Sudeste.
Quando cheguei onde tinha que chegar, estava lá no Globo
online:
“Registrados 3.893 casos suspeitos de microcefalia
relacionados ao zika”.
Apesar de deixar claro que a microcefalia via zika não é um
fenômeno do Brasil mas da América Latina (tirando o governo da reta, sempre) o funcionário
não conseguiu esconder a preocupação. Depois de ouvir quase uma hora de
explanação ao vivo, desliguei o rádio.
Microcefalia, dengue e similares são o resultado direto
do esculacho, da incompetência, do atraso, tudo isso ancorado pela roubalheira
ampla, geral e irrestrita. Um país que é derrotado por um mosquito em pleno século 21 não merece o
respeito de ninguém.
Fica a sensação é de que tudo o que Oswaldo Cruz fez a
partir de 1.900 combatendo pestes no Brasil (quase foi linchado, mas venceu),
tornando o país uma terra saneada, foi para o esgoto imundo da politicálha
barata. E policalha barata, canalha, moleca, dá em qualquer partido, em
qualquer aglomerado de ladrões e safados.
A imagem do Brasil de hoje é a cara do ex-ministro sem
papas na língua que disse a um jornalista do Globo, em plena entrevista, que “eu
tinha de tratar com todo mundo, com empresário, com jornalista, com puta, com
viado... Era coisa absolutamente natural.” Disse depois que se arrependeu, mas
já era tarde.
Meu receio é que já seja tarde também para o Brasil. A
esculhambação não tem limite.
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