Um grande amigo chamado André Valle

André Valle é um gênio. Quando o conheci no final da década de 90 logo percebi, tanto que quando ele teve a ideia de fazermos uma rádio na internet quando a rede ainda era um galinheiro, acessada pelo telefone (não existia banda larga!) eu topei. Muita gente me disse que era coisa de louco, coisa de irresponsável, enfim, tentaram jogar água, mas apostei todos os meus dados no caráter, honradez, na generosidade, amizade, genialidade do André. Repito, com todas as letras: André Valle é um gênio.

Foi assim que no ano 2000, no tapa, cara, coragem, pusemos a Rádio Rocknet no ar, a primeira emissora de rock DO MUNDO a entrar na internet. Com o André e comigo estava a brilhante Aline Rios, jornalista, locutora, produtora.

A rádio funcionou no estúdio El Sonoro, de Felipe Melo e seu som era gerado do Texas. O André ficou chocado com os preços de streaming brasileiros na época (muitos milhares de dólares por mês) e, com a sua genialidade, deu um jeito de gerarmos nos Estados Unidos pagando 400 dólares por mês para cada grupo de 100 ouvintes.

Apesar de otimistas crônicos, achávamos que ficaríamos um bom tempo nos 100 ouvintes. Eu e Aline fizemos uma super rádio de rock, com locução 24 horas por dia (eu e ela gravávamos tudo), utilizando todos os meus discos que não eram poucos, mas a música era parte do projeto e a fala, o conteúdo, a presença humana que difere rádio de CD player foi primordial.

Assim que a Rocknet entrou no ar (caramba, também passava o som para os Estados Unidos por conexão discada!) duas grandes notícias: 1 - a cota de 100 ouvintes estourou em meia hora; 2 - teríamos que comprar um pacote para mais 100, ou seja, mais 400 dólares por mês.

Ficamos uns dois meses no ar, dando socos na limitação tecnológica desse país que nos obrigava a não crescer, não evoluir, estagnar. Paramos em 500 ouvintes e como não havia anunciantes (não tínhamos um profissional da área) o sonho da Rocknet foi adiado. Até hoje esbarroo na Web ouvintes que clamam pela sua volta.

Em nenhum momento André, Aline e eu lamentamos a decisão de ter que pausar a rádio. Afinal ela foi vítima do sucesso engolido da infraestrutura primitiva de um país que mora no quarto mundo desde 1.500 quando Cristovão Colombo passou por aqui, não quis estacionar a caravela. Optou pela América de cima.

Ontem a noite estive com o André no encontro do pessoal do Moto Clube "Bad To The Bone", onde fui recebido com extremo caminho por pessoas maravilhosas, amigas, solidárias. Meu amigo André me convidou e fui lá relaxar, ouvindo o melhor do classic rock, ouvindo e contando histórias. Uma noite mágica.

Escrevo para agradecer ao André pelo reencontro, pela energia, pelo alto astral e por todos os integrantes do "Back To The Bone". A motocicleta volta a surgir em meu caminho. Quem sabe monto em uma em breve?

Valeu, André! Valeu amigos do "Bad To The Bone"!

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