Os velhos no Brasil
Não é novidade que os velhos no Brasil são desprezados.
Por todos. O poder público, sociedade em geral, muitas famílias tratam a pessoa
que chega ao epílogo da vida como um traste inútil. Além das dificuldades físicas
inerentes a própria idade, os velhos, em geral, tem que sobreviver com uma
aposentadoria humilhante, seu plano de saúde é o mais caro, os carros nas ruas
não o respeitam, muitas famílias o veem como estorvo. Em muitos casos, filhos,
netos, bisnetos o ignoram. No fim da vida o velho, que a culpa judaico cristã
brasileira prefere chamar de idoso, ganha como “prêmio” um tratamento vil.
Vemos todo o tipo de campanha por aí. Gente aguerrida
defende crianças, adolescentes, as minorias e tudo mais, mas quase ninguém lembra dele, do
velho, daquele que nasceu, lutou, teve filhos, criou, educou, pagou impostos,
trabalhou muito e no final se torna lixo numa sociedade egoísta, egocêntrica,
ególatra em todos os níveis.
Velhos sofrem de rejeição afetiva nas bilionárias
mansões, coberturas e afins do país. Velhos sofrem de rejeição afetiva em
favelas, muquifos. Se há um lamentável elo que une ricos e pobres no
Brasil é seu desprezo em relação aos velhos.
Em geral, os governos nada (ou pouco) fazem pelos velhos
porque eles não dão votos, não geram muitos impostos. Uma espécie de “sucata
humana” que é vista como um traste no meio da casa atrapalhando o caminho, ou,
a toda hora passando na frente da televisão.
A covardia contra o velho está na essência da alma
brasileira, terra que cultua a eterna juventude. Todos os dias lemos citações histéricas
do tipo “Fulano, o mais jovem político...”, Beltrana, a mais jovem chef de
cozinha”, e por aí vai, como se ser jovem fosse um ato heroico. Velhos? Só
aparecem quando há uma grande tragédia.
Em muitos países o velho é tratado com respeito. Os
índios o veem como sábio, preparado para aconselhar, apontar, sugerir. Entre os
esquimós e aborígenes, idem. No entanto, entre muitos civilizados, o velho não
passa de um imprestável utensílio.
P.S. – Na torcida pela Sra. Irany Coelho, 82 anos,
vítima dos boçais e covardes da Polícia Ambiental. Leia notícia acima, que
está escondida num jornal de hoje.
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