Belchior – 26/10/1946 – 30/04/2017
As palavras sumiram, mas vou tentar escrever.
Belchior foi o compositor brasileiro
que mais ouvi nos anos 1970, quando já não havia galos, noites e
quintais como ele bem anunciara. Assisti a vários show, fiz pelo
menos cinco entrevistas importantes com esse cearense que chegou ao
centro do palco brasileiro ao lado de Fagner, Ednardo e outros.
Há alguns anos optou pelo sumiço.
Radical. Desapareceu até ser localizado por um programa de TV que,
covarde, o chamou de ladrão em rede nacional. Belchior teve que sair
do auto exílio (um direito de todos nós) para defender a sua honra.
Voltou a submergir por razões que só ele sabia (e daí?). No palco
que ele ajudou a brilhar, subiram as piranhas, sertanejos, funkeiros
e barangas como Karol com K, Anitta, Ludmila, Wesley Safadão e outros
parasitas do famigerado show business, vulgo mar de merda.
Com tantos escrotos na planície, o
raio foi levar belchior. Morto por causa do rimpimento da artéria aorta. Viveu apoiado apenas pelos fãs que viram nele um
artista que soube transformar em diamantes musicais as nossas
angústias e dores cotidianas.
Difícil
acreditar, mas Belchior morreu. Ele mesmo, Antônio
Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. Provavelmente
será “homenageado” pelo mesmo bando de abutres que o chamou de
ladrão e o atirou no limbo. Hipocrisia, mau caratismo, cinismo dão
audiência, especialmente num domingo quando os escrotos e larápios
nacionais que assaltaram os cofres do país começam a fazer as malas
para se mandar. O STF vai soltar todo mundo, mas o raio caiu sobre
Belchior.
Hoje, mais do que nunca, não haverá
galos, noites e nem quintais.