"Descomunicação"
Jamais
a civilização teve tantos meios de comunicação disponíveis. Até
“ontem” (1990) quem quisesse enviar uma mensagem confidencial
escrita tinha que pegar papel, caneta, escrever, por no envelope, ir
até a agência do correio, postar e esperar dias até que o
destinatário recebesse. Uma carta do Rio para a Europa demorava 10
dias para chegar. Em 1990 já havia fax, mas todo mundo podia ler o
que estava escrito. Havia também o pager que, em sua época, foi
importante. Em 1983, nos Estados Unidos, quem pagasse 20 mil dólares
conseguia um telefone celular.
Hoje
reina a fartura tecnológica. No mundo há bilhões de linhas de
celular, outros bilhões de usuários da internet. Os preços
desabaram, o acesso continua cada vez mais fácil e a quantidade de
aplicativos e programas impressiona. E-mail, SMS, Whatsapp, Facebook
com voz, etc. etc. etc. muitos de graça.
Ótimo.
E a contrapartida? Se a civilização nunca viu tanta fatura
tecnológica em prol da sua comunicação, por outro lado a falta de
consideração/educação parece imperar. Muita gente não responde
e-mails, nem whatsapp, muito menos celular. Tenho um amigo que mandou
uma mensagem profissional por e-mail e SMS para um sujeito (mensagem
de interesse do sujeito, diga-se de passagem) há 20 dias e até
agora está sem resposta.
Se
no âmbito profissional a coisa está a bangu, no pessoal não fica
muito longe. Mensagens do tipo “quando chegar em casa me avisa,
estou preocupado” podem ser respondidas no dia seguinte ou
simplesmente ser ignoradas. A falta de consideração está
comprovada até pela própria tecnologia. Uso um programa de envio de
e-mails que depois da remessa diz quem abriu, quando, quem leu, quem
abriu e não leu, etc. Não recomento para quem sobre de rejeição
crônica.
Eventualmente
envio e-mails para um grupo informando sobre a atualização de meu
podcast Uivo e sabem qual o percentual máximo de pessoas que abrem?
Catorze por cento! Um dado que me deixaria bolado não fossem alguns
colegas que usam o mesmo programa e dizem que o percentual é o
mesmo.
O
que não consigo entender é porque gente que não se comunica se
envolve com programas de comunicação, que, lógico, não são
obrigatórios. Tem quem quer. É mera falta desconsideração/educação?
Ou é mera boçalidade mesmo?