“Janis: Little Girl Blue”, ótimo filme, chega a Netflix

A diretora e roteirista Amy J. Berg acertou em cheio. O filme "Janis: Little Girl Blue", que já chegou a Netflix, revela novos vértices da personalidade cronicamente carente e confusa da maior cantora de blues contemporânea, a texana de Port Arthur Janis Joplin.

O grande diferencial para outros filmes sobre Janis está na impressionante quantidade de cartas, fotos, áudios, filmes e vídeos inéditos, que são apresentados ao público em enxurrada. O documentário é diferente porque não trata a platéia como iniciados em Janis, ou em blues rock e, ao mesmo tempo, consegue satisfazer os conhecedores ao se manter longe do mostrar óbvio.


A platéia se comove quando o filme mostra, por exemplo, a capa de um jornal de alunos do colégio onde Janis estudou em Port Arthur quando menina e adolescente. Os alunos a elegiam "o homem mais feio do ano". Isso mesmo: homem. A humilhação foi suficiente para faze-la chorar em público pela primeira vez, segundo revela um amigo daqueles tempos.


Rejeição afetiva, simpatia, carisma, a voz que desnorteou o mundo, a bebida, as drogas, em especial a heroína que matou a cantora em 4 de outubro de 1970, sozinha num hotel em Los Angeles. O filme é pontuado pelas inúmeras cartas que Janis enviou para a sua família, para mim uma novidade. Não pensei que o contato com a sua "casa" fosse tão intenso. 


Depoimentos no presente de jornalistas, produtores, amigos, músicos da banda que a revelou (Big Brother and Holding Company), chegadas e partidas de amores que sucumbiam diante da heroína. Seu último grande amor, um americano que conheceu no carnaval do Rio de Janeiro em 1970, para onde Janis veio fugindo da heroína, mostra uma brutal ironia do destino.


Vale a pena ver, ouvir, sentir e tentar entender Janis Joplin.

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