Imbecilato
Desde
a infância sou viciado em notícias, artigos, entrevistas.
Atualmente, alguns jornais que pago para ler estão tomados de
imbecis. Imbecis que, dizem as boas línguas, escrevem de graça e
(em alguns casos) pagam para publicar o que cometem já que vale tudo
para se exibir. Não são jornalistas, nem literatos, nem
intelectuais, são apenas bípedes desinibidos que se dizem artistas
aqui e ali, se dizem cantores acolá, se dizem “descolados”, mas
na verdade não passam de chulos arrivistas.
Eu
ia escrever “tudo bem”, mas tudo bem é o cacete. Meu dinheiro
está no meio disso, já que pago por cada edição dos jornais que
consumo. Jornais que já publicaram Clarice Lispector, Vinícius de
Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Otto Lara Resende,
Nelson Rodrigues, João Saldanha e dezenas e dezenas de “notáveis”,
hoje abrem as páginas (e pernas) para um vazio cultural tétrico.
O
imbecilato ocupa espaços nobres nos jornais que assino (em breve
terei que pular fora), onde o óbvio uivante é a norma. Um dia
desses uma arrivista das tortas letras, cometendo uma coluna, disse
que faz terapia há muito tempo mas não sabe se o terapeuta é
freudiano. Como assim? Não sabe? Ela pratica auto flagelação
pública e vomita sua pequena burguesia na cara de quem paga uma
grana por ano para ter em casa o jornal onde ela evacua seus
complexos. Chegou a chamar o presidente da república de coronel
oligarca só porque batizou o filho com o seu nome (?????).
Um
outro imbecil ocupou o mesmo espaço, num outro dia, para explicar ao
leitor o que é um babaca. Seria mais fácil se, em vez de tentar
explicar, o estafeta estampasse as duas prováveis linhas de seu
currículo porque, em se tratando de babaca, poucas vezes vi um de
tamanho porte.
E
tem cantantes que reclamam que alguém acusou disso e daquilo,
quando, na verdade, lugar de cantante não é numa página de jornal,
vociferando asneiras e saindo na mão usando o espelho da penteadeira
como inspiração.
Chove
desinibidos, desinibidas, arrivistas, teletubes travestidos de
literatos de baixos teores para. Um chamando o outro de genial,
imbecilizando toscamente a já combalida mídia impressa e digital.
Com
o nosso dinheiro é fácil.