Caros amigos, onde quer que estejam
Meus amigos são como os amigos de muita gente. Com o
passar do tempo, cada um toma um rumo no mundo, na vida, no tempo, nessa
maravilhosa bruma chamada existência. Alguns me disseram que também sigo rotas
muitas vezes impossíveis de serem seguidas. Será? Pode ser. Não sou dono de
verdade alguma.
Meus amigos são quase exatamente iguais a foto que pus
ali em cima. Um emaranhado de trilhos aparentemente absurdos, mas certos de
suas origens e destinos.
Fato é que não vejo a maioria dos meus amigos há bastante
tempo. De vez em quando entro em contato, eles comigo, como vai, vai bem? E aí,
o que tem feito? Sabem como é? Conversa de amigo de “meu chapa”, “meu camarada”
e rola o tempo, passa a estrada, passam os desvios, os amigos lá, sempre lá. É
só precisar e eles aparecem, rapidamente. Meus amigos são pessoas muito especiais.
Pode ser impressão minha, mas a cada ano a gente se
distancia mais. Motivos diversos. Mas fica a certeza de que quando precisar,
meus amigos aparecem e, logicamente, eu também me junto a eles se precisarem de
mim. É só chamar.
Eu ia escrever uma mensagem de fim de ano para eles e
para vocês, leitores. Leitores que conheço, que não conheço, mas que estão
juntos desta Coluna em busca da felicidade ampla, geral e irrestrita, como
aquela anistia de 1979 que, felizmente, aconteceu.
A mensagem deu lugar a este texto, não sei por que.
Deixei rolar. Estava sentado no sofá pensando em amigos, histórias, fatos,
fotos, momentos, gargalhadas, lágrimas e bateu saudade. Saudade absurda de
todos os meus amigos, ao mesmo tempo. Não, não são muitos. Os de fé são poucos.
Na hora da saudade entra até gente que não
conheço e conversei dentro de avião, ônibus, metrô, barca, trem. Conversa
solta, livre, sincera, bonita, como as amizades. Como a neve gelada do
hemisfério norte e a garoa morna do hemisfério sul nesta época do ano. Época de
refletir, refratar e, sim, tentar matar a saudade dos amigos. Mesmo aqueles que
estão tão distantes que parecem invisíveis.
A mensagem? Escreverei outro dia, quem sabe?