O empoderamento da canalhice
Mais do que desonra ao mérito, a Ministra dos Direitos Humanos, Luislinda
Valois, que é do PSDB de Aecinho, simboliza a canalhice reinante no país
atualmente. Como se sabe, a desembargadora aposentada do TJ da Bahia além de pedir formalmente acúmulo de salario
atingindo R$ 61 mil, ela comparou a sua situação com o trabalho escravo, mesmo
com R$ 32 mil depositados na conta todo mês, mais carros de luxo, motoristas,
cartões corporativos, aviões das FAB à disposição, casa e comida pagas por nós.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, indignada, ela perguntava “como vou comer, vestir,
calçar?”, mesmo abocanhando R$ 32 mil por mês (34 vezes o salário mínimo
pago a plebe). Foi a maior agressão que
a população brasileira de todas as cores sofreu de um ministro de Estado na
história recente.
Recentemente o presidente da Câmara dos Deputados,
acompanhado de colegas, deu um giro pela Europa. Com dinheiro público, naturalmente.
Semanas atrás as aguerridas (quando se trata de interesses pessoais) senadoras,
as amigas Gleisi Hoffmann (PT) e Vanessa Grazziotin (PC do B), viajaram “em
missão” para a Rússia. Fizeram um belo country tour, acompanhadas de outros
colegas do Senado. Meses antes, as duas foram, também “em missão”, vadiar por
Portugal. É assim no Congresso todo.
São dezenas de outros exemplos de patifaria explícita que
dariam para encher essa página. A maior delas foi mais uma vergonhosa conduta
do presidente da República Michel Temer que fingiu que não viu a gatunagem de
sua Ministra dos Direitos Humanos e a manteve no cargo. Nem na cocaleira Bolívia
ela sobreviveria.
O empoderamento da canalhice, acompanhado da vitimologia,
mão na cabeça, “coitadismo“, mendicância existencial e outras patologias sociais,
abocanharam o país recentemente. No bojo desse fenômeno estão a genial patifaria
de Lula (que agora tenta se reaproximar do PSDB) a mediocridade de Dilma, a
nulidade cada vez mais anêmica de Temer. Tudo com o aval do voto popular, o que
é mais grave.
A mistura de corrupção, populismo e molecagem,
ingredientes básicos dos três poderes hoje (executivo, legislativo e
judiciário) são o combustível dessa cachorrada que virou o Brasil. Nunca o
pistolão, o apadrinhamento, o jabá, o “meu querido” tiveram tanto poder. O
mérito? “Dane-se o mérito”, cospem os poderosos. Na nossa cara, de hora em
hora, todos os dias. Vale mais o “ A é pior do que B mas é filho de C, nosso
amiguinho”, ou “esse cara é profissional demais, vai acabar nos
expondo...melhor deixar como está”, ou “não precisamos de currículo forte mas
de mão de ora barata” e por aí vai.
Ninguém reage, ninguém atira, ninguém joga coquetel
molotov, como pode? Elementar. Graças a nossa miscigenação afetiva, deformação
de caráter na origem e a chegada da macro corrupção com a vinda Corte em 1808, passamos
a ser regidos pelo cagaço amplo, geral e irrestrito. É menos arriscado fazer
mimimi no Facebook. Um povo que engole cusparada na cara não encara nem estalinho
de festa junina.
Saída para esse Brasil que está aí? Não conheço. Há quem
defenda intervenção das forças armadas, mesmo sabendo que nos últimos meses
elas desviaram para bolsos particulares R$ 114 milhões. E a canalhice do andar
de cima sabe que somos um povo fraco, covarde e, para piorar, finge que é
desinformado, finge que não tem memória, finge que quer solução mas no ano que vem
vai votar nos mesmos porcinos e porcinas para perpetuar e “aperfeiçoar” o
empoderamento dos canalhas.
Para sempre.