Gagaçópolis

                                        Macunaíma e o seu bordão"Ai, que preguiça", no filme de Joaquim Pedro                  de  Andrade (1969), protagonizado pelo magistral e muito saudoso Grande Otelo.

O hímen cronicamente complacente do brasileiro e seu bundamolismo deitado eternamente em berço esplêndido não carece apenas de educação.
O medo e a covardia são os traços muito visíveis no chamado “tecido social” de terra brasilis, que o mestre Elio Gaspari chama, com razão, de Pindorama.
Gagaçópolis seria outro nome apropriado para que esse camping provisório (essa é de Rubem Braga), que movido pelo medo e alguma forma mais venal de “jeitinho” empoderou (expressão inventada por vadios um pouco mais letrados) todo esse esquadrão de sicários que assaltou e faliu o Brasil. Todos eles foram eleitos pelo povo de Cagaçópolis. Todos. E muitos serão reeleitos em outubro porque o que mais rola em negócios envolvendo rameiros de ambas as partes é o jabá. Leia-se Aecinho, Piciciani, Marco Antonio Cabral, Gleisi, Lindberg...

Se o brasileiro tivesse a coragem de aos 18 anos trepar num caça Spitfire e partir para cima dos quase invencíveis aviões nazistas, como fizeram os ingleses (morreram milhões), valeria a pena falar de desobediência civil. Me pergunto como, se um traficantezinho de merda chamado Rogerio 157 botou as forças armadas para correr da Rocinha, meses atrás. Diariamente os ladrões de carga cospem na cara da força nacional de segurança, uma bosta criada não sei para que.

Desobediência civil é um conceito formulado originalmente por Henry David Thoreau e aplicado com sucesso por Mahatma Gandhi no processo de independência da Índia e do Paquistão e por Martin Luther King na luta pelos direitos civis e o fim da segregação racial nos Estados Unidos.
Na eventualidade de um governo vigente não satisfazer as exigências de sua população, esta tem o direito de desobedecê-lo.

Ou seja, no caso da conta de luz só um das dezenas de exemplos) lembro bem do dia em que, assistindo TV, sem mais nem menos Dilma apareceu. Do alto de sua arrogância, prepotência e boçalidade anunciou um desconto de 16% na conta de luz. Temer, seu vice duas vezes, sabia de tudo.
A manobra populista da tapada provocou um prejuízo de R$ 35 bilhões que nós, brasileiros, devidamente bovinizados pagamos sem reclamar.
Agora o ex vice de Dilma, Temer, vai vender a Eletrobrás, uma operação que transforma os R$ 35 bilhões em R$ 67 bilhões que NÓS pagaremos ao longo de 30 anos.

Se houvesse coragem os brasileiros se organizariam e praticariam a desobediência civil não pagando a conta de luz, uma sabotagem que, com certeza, faria efeito. Mas é nessa hora que baixa o espírito de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, que Mário de Andrade pariu em 1928 E aí imperam a covardia, o cagaço, a servidão.

Ponto.

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