Amor
Lovers, de René Magritte
“On The Road”, filme de Walter Salles baseado no clássico beat de Jack Kerouac é um ácido filme de amor sim, por que não? Desde que li “On The Road” em três momentos especiais de minha vida, senti a presença do amor da primeira à última página.
Como seria viver sem amor, atravessar o deserto
existencial sem um copo d'água, uma brisa, um sopro? Como seria viver sem
jamais ter sentido o amor? Amor nutrido na paixão.
“On The Road”, filme de Walter Salles baseado no clássico beat de Jack Kerouac é um ácido filme de amor sim, por que não? Desde que li “On The Road” em três momentos especiais de minha vida, senti a presença do amor da primeira à última página.
O amor caos, o amor clamado, implorado, quase ausente.
Amor desespero, amor sublime, amor angústia, amor proibido, amor rastejante,
amor anfetamina, amor álcool, amor heroína, amor, amor, amor. Nem sei se
Kerouac soube que escreveu tão bem sobre o amor.
Já definiram “Django Livre”, de Tarantino, como um filme
de amor, especialmente o que rola entre o alemão Dr. King Schultz pela negra
Broomhilda, também amada por Django.
Mesmo que o clássico verso de Paulinho da Viola em “Tudo
se Transformou” eventualmente nos venha a cabeça, cuja segunda palavra troquei
(“ela insinuou recentemente que ao
meu lado não tem mais prazer”), o amor permanece necessário, vital, mesmo com
pés na bunda insinuados por amadas.
Mora no amor o meu grande questionamento em relação a
igreja católica. Estudei em colégio católico. Homens de batida amargos,
complexados, rancorosos, acabavam descarregando nos alunos todas as suas
frustrações, o seu não desviver, quase inexistência social.
Aqueles religiosos (todos) acabaram abandoando a batina e
foram amar, casar, ter filhos. Encontrei vários ao longo dos anos e no lugar da
truculência seca da desidratação afetiva, vi homens mais tolerantes, generosos,
e até bem humorados.
Concordo com Caetano quando, na magistral “Paula e
Bebeto” que ele compôs, Milton Nascimento canta “qualquer maneira de amor vale
à pena”. No início dos anos 70, auge da adolescência, uma namorada me disse
algo parecido quando nos beijávamos e sussurrávamos segredos no alto de uma
pedra em Teresópolis, ouvindo sem parar
“That´s Way”, do Led Zeppelin. Que som. A letra não trata de amor especificamente,
mas a música é amor em estado líquido. Como é o caso da fabulosa e acrilírica
“Love Reign O’er Me”, The Who. Amor em letra e música.
Tema infinito enquanto dura, o amor voltará a essa Coluna.
Qualquer dia desses.