E-mails mal escritos
Há tempos a colega Cora Ronai, do Globo, uma das
maiores autoridades em informática que conheço escreveu que os
e-mails estão entrando em extinção. Segundo ela, as pessoas estão optando pelo
uso de outras ferramentas mais ágeis como o whatsapp e as mensagens reservadas
(inbox) no Facebook. Mas, enquanto isso, segue a barbárie.
Um amigo tem horror as chamadas novas tecnologias. Ele é
um sujeito de opiniões fortes e sempre muito bem humoradas. Como exemplo desse
seu horror ao que chama de “maquininhas” está um fato curioso.
Ano passado ele participava de uma reunião, mesa grande,
várias pessoas e percebeu que duas delas não paravam de mexer em seus
celulares. A reunião acabou e ele, curioso, perguntou o que as duas estavam
fazendo. “Estavam trocando mensagens pelos smartphones, ali, um de frente
para o outro”, conta ele entre fulo da vida e achando graça. “Por que não
esperaram a reunião acabar e foram bater um papo ao vivo?”, pergunta.
Minha relação com as novas tecnologias da comunicação
começou nos anos 90. Com prazer mantenho esta Coluna, escrevo para
alguns outros sites, lancei um livro eletrônico, vulgo e-book (https://www.amazon.com.br/5-15-Luiz-Antonio-Mello-ebook/dp/B01EP11OW2/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1519748475&sr=1-1&keywords=5+e+15 .
Mas sou extremamente cauteloso quando o assunto é enviar
e-mail.
A maioria das raras pessoas que troca e-mails comigo é
desconhecida. Alguns não sabem escrever direito o que provoca uma
série de confusões, ruídos na comunicação e, muitas vezes, o que era para
ser simples acaba virando uma grande babel regida pelo mal entendido.
Se a nova comunicação, em vez de e-mail, adotasse a
pintura ou o desenho eu estava ferrado. Não sei desenhar a mais tosca das
árvores. Continuaria utilizando o telefone, telegrama, carta no correio, mas
pintura e desenho jamais.
Só que muita gente, mesmo sem saber escrever (deixo claro
que ninguém é obrigado a nada) dispara e-mails que chegam as raias do
surrealismo. Mensagens respondendo “aquilo que você disse não é bem assim. Fui
verificar e vi que é”. Como? Que confusão.
Se eu não soubesse escrever, o máximo que teclaria num
e-mail seria, por exemplo, “preciso falar com você” ou então, como disse ali em
cima, partiria para o telegrama e telefone. Ainda mais agora que as operadoras
de celulares estão se comendo no escuro e, tudo indica, essa caríssima
modalidade de comunicação tende a ficar menos extorsiva.
Não solto pipa perto das redes elétricas. Nunca enviei um
desenho para qualquer pessoa como forma de comunicação. Aliás, francamente,
desisti de desenhar aos 15, 16 anos, quando percebi que não dou para isso.
Quanto a quem manda e-mails sem saber escrever, sugiro
que...sugerir o que? Que situação constrangedora. Tá bom, sugiro que não envie
para mim porque detesto charadas.