Jornalismo no século 21 (não uso romanos)


Apaixonado pelo jornalismo que me sequestrou da medicina lá nos tempos do vestibular, procuro acompanhar o movimento dos barcos.

Foi com um giga prazer que hoje dei de cara com o colega de muitas trincheiras, Joaquim Ferreira dos Santos, reassumindo a nobre última página do Segundo Caderno do Globo, dentro da ótima reformulação que está em andamento no maior jornal do país.

Joaquim é sniper de primeira grandeza e já entra com o pé na porta assinando “O papo aqui é outro”. Exibindo o seu texto de proporções nucleares que o reafirma como o melhor cronista brasileiro, que já deveria ser um imortal da Academia Brasileira de Letras.

Nesse século nublado, banhado de antagonismos, desafios e enigmas, definitivamente não há mais lugar para amador. Em outras palavras, não dá para caçar borboletas na Síria.

Assim como todos os grandes jornais que se reformulam diariamente, O Globo começa a mexer no Segundo Caderno, subindo o nível de um suplemento que nasceu para fazer frente ao antológico Caderno B do Jornal do Brasil*, onde tive a honra de ser subeditor em 1985. E para isso investiu em Cultura.

Com o tempo, o Segundo Caderno foi abrigando quinquilharias, perdeu os preciosos “tijolinhos” com a programação de cinema, teatro, música, etc. Acho que, finalmente, acabou a ação entre amigos que reinava por ali, como a egolatria de alguns e a cafonice de outros.

O século 21, penso, é o que apresenta mudanças mais rápidas, alucinantemente rápidas, mas ao contrário do que aos sombrios prognósticos o jornalismo ainda tem muito o que fazer desde que, como os bons estão fazendo, se adaptem aos sinais do tempo, buscando reunir cada vez mais leitores qualificados.

Nessa era de fakenews, o modelo econômico das rádios de notícias brasileiras que traveste ouvintes de repórteres (nos anos 70 e 80 era crime capital) aumenta ainda mais a própria fakenews.

Enquanto nos Estados Unidos ouvimos rádios allnews investindo pesadamente em repórteres, apuração, confirmação, entrevistas, por aqui o que mais ouvimos são narrações de ouvintes passando flashes das ruas. Dona Baratinha adora, economiza uns reais, não contrata mais apuradores, mais repórteres, paga mal, mas e o ouvinte que ouve outro ouvinte relatando assuntos graves no ar? Ele acredita? Ou concorda que a maior usina de fakenews está justamente na alma da mídia convencional.

O jornalismo está no meio desse caos de mudanças. Caos que se fará Cosmos, desde que impere o profissionalismo.

*No próximo domingo, dia 25, o novo Jornal do Brasil voltará as bancas. Impresso é lógico. Desejo um enorme sucesso.

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