Verdade, mentira, realidade, ficção


                                              

Algumas pessoas perguntam sobre a veracidade do que escrevo aqui. Respondo que tem de tudo; realidade pura, ficção delirante; muita verdade, mas, certeza absoluta, nada de canalhice, embalagem básica da mentira.

A crônica anterior a esse texto (leia ali embaixo), chamada “Tempero da Somália” é totalmente híbrida. A pensão existiu em uma época, o japonês em outra, mas o seu apelido não era Tijolo e sim Pau de Pombo. Na verdade ele era um quase japa que veio de São Paulo, mas trabalhava num restaurante nas imediações de Benfica, Rio.

“Tempero da Somália”, a pensão, é inspirada em um restaurante a quilo onde, no desespero, de vez em quando almoço. O lugar é quente pra cacete, o que altera o humor das pessoas, empilhadas umas sobre as outras disputando milímetros. E como mais 90% dos comensais tem quase 100 anos berra-se muito. Quase todos estão surdos. A minha audição, de tanta música gritante, começou a patinar mas até hoje não me disseram que falo alto. Ainda.

O sujeito que anda de bicicleta latindo existe. Ontem mesmo eu o vi numa rua de Icaraí (Niterói) latindo loucamente, suando e tomando uma chuva cusparadas de passageiros de ônibus. Lembro dos tempos em que tinha um Gurgel (jipe) dos anos 80, branco, conversível. Quando andava sem a capota, os passageiros de ônibus jogavam tudo em cima de mim, tangerina, jornais embolados, pilha usada, cigarro aceso e chovia cuspe. Jeitinho brasileiro.

Na crônica “Tempero da Somália” morre gente. Pura ficção. A pensão que cito na zona portuária existiu naqueles morrotes que cercam a região mais promíscua da Praça Mauá, Rio, e lá em cima existia a pensão Pinguim, baratíssima, quente pra caramba e o dono, que não era japonês, dizia que era alérgico a vento justificando a falta de ventiladores. Ou seja, está tudo conectado, mas vem de épocas totalmente distintas.

No caso de “Mente Caótica”, que escrevi e publiquei anteontem, é tudo verdade. Claro, em alguns momentos carreguei nas tintas para ficar mais interessante, mas rigorosamente todos os fatos que narro aconteceram, já que todo mundo tem história bizarra para contar. Afinal quem nunca achou uma casca de banana na bolsa em uma sala de espera de hospital?

Quem sabe um dia desses, conto essa.


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