A vingança do bastardo
Saudade de livro é sempre boa. Por isso tenho procurado,
inutilmente, em minha estante (onde tudo é uma enorme desordem alfabética) uma
edição relativamente recente do melhor, absurdo, esculachado, politicamente incorreto
e saudável livro dos anos 80. O clássico “A Vingança do Bastardo”, escrito pelo
espírito de uma tal Eleonora V.
Vorsky que baixou sobre o Alexandre Machado, escritor, roteirista e, na
época, louco.
Na apresentação do livro, uma auto referência debochando da
crítica: "terrível, escatológico, nojento, nauseabundo,
emocionante, divertidíssimo, acachapante, lírico, poético, medonho, esporrante
de rir, abominável, cáustico, polêmico, essencial, virulento, dramático, meio
mais ou menos, magnífico, detestável, erótico, perturbador, ingênuo, niilista,
grandiloqüente, bacaninha, porreta, desavergonhado, pai d'égua,
supercalifragilisticespialidoso!"
Texto de contracapa:
Ingredientes:
Os personagens da aventura:
- Levi: Herói ou covarde? Homem ou mulherzinha? Casado, solteiro ou tico-tico no fubá?
- Prima Roshana: Sua sede de sexo só era comparável à sua vontade de dar.
- Bel, a sereia: A beleza de seu corpo deixava os seres do fundo do mar todos molhadinhos.
- A jeba de Kowalsky: Para alguns, um monstruoso erro da natureza; para outros, uma dádiva dos céus.
Os personagens da aventura:
- Levi: Herói ou covarde? Homem ou mulherzinha? Casado, solteiro ou tico-tico no fubá?
- Prima Roshana: Sua sede de sexo só era comparável à sua vontade de dar.
- Bel, a sereia: A beleza de seu corpo deixava os seres do fundo do mar todos molhadinhos.
- A jeba de Kowalsky: Para alguns, um monstruoso erro da natureza; para outros, uma dádiva dos céus.
As resenhas mais comportadinhas descrevem:
Publicada originalmente entre 1984 e 1987 no tablóide mensal
“O Planeta Diário”, a obra foi editada em livro duas
vezes. A “Vingança do Bastardo” conta as desventuras de Levy, o narrador, que é
envolvido involuntariamente numa tempestuosa sequencia de eventos ao redor do
mundo na companhia de sua prima Roshana, ninfomaníaca, zoófila, pedófila e
espiã sedenta de sexo com qualquer mamífero disponível. O casal ainda teria a
companhia de Bel, a Sereia e de Kowalsky, que se tornam personagens regulares
na metade final da história, quando prima Roshana confessa que é escrava sexual
do bastardo Levy. E gosta.
Além desses, entram e (geralmente de forma trágica) saem
personalidades reais e fictícios como Simon Wiesenthal, Mike
Nelson, Aarão
Steinbruch, Henry
Kissinger, Thomas
Green Morton, Tutty
Vasques, National Kid e
os Detetives-Mirins, Anuar
Kadhafi (grafado
desta forma) e Kurt
Waldheim.
Impiedosa parodia
dos clichês da pulp fiction, com "ação, espionagem, romance, sexo, ficção-científica, catástrofe, histeria, pânico,
correria, pisoteamento, massacre", o
folhetim se tornou uma das maiores atrações do jornal e
alçou Vorsky e sua personagem Prima Roshana a
uma espécie de status de cult.
A revista Bula o elegeu um dos 10 livros mais engraçados da
literatura brasileira. Leia: “A cela era de um escuro úmido e umbroso. O
nome do escuro era Waltencir”. Assim começa a saga de vingança de Levy,
sacaneado por todo mundo, mas especialmente por sua prima Roshana, que dá pra
todo mundo, menos pra ele. Nada faz sentido na noveleta, mas você gargalha
feito uma besta. “A Vingança do Bastardo” foi publicado originalmente em forma
de folhetim no jornal “O Planeta Diário”. Eleonora V. Vorsky também atende por
Alexandre Machado, que junto com a mulher, Fernanda Young, criou a série de TV
“Os Normais”.
Li e reli várias vezes e como prima Roshana não quero parar, já
que nos tempos de hoje que fedem a pijama e naftalina é impossível encontrar
uma obra tão espetacular assim. Há vários exemplares a venda em www.estantevirtual.com.br, lançamento de 2007 (já
esgotado) da Editora Desiderata. Se não achar o meu no meio nesse ninho de
lontra que é a minha estante, vou comprar, reler e perder de novo.