Dizer que todo militar é um cancro é o mesmo que afirmar que todo petista é ladrão
No artigo “Militares e Militantes”, publicado ontem no
Globo, Nelson Mota escreveu que a sua geração ficou traumatizada com militares
e passou toda essa raiva, medo e antagonismo às gerações seguintes, por
associá-los à memória dolorosa da ditadura.
Mais adiante, o jornalista opina: “Com a democratização e sua correta atuação, as Forças Armadas
ganharam prestígio e popularidade e hoje são a instituição em que a população
mais confia. E os políticos, a menos confiável. (...) Elas são uma das
instituições mais democráticas do país, na igualdade de oportunidades para
brancos e pretos, pobres e ricos, homens e mulheres, crentes e ateus, com suas
promoções, responsabilidades e salários baseados no mérito e em resultados.
Garantem estudos de qualidade e cursos de especialização, formam bons
profissionais no princípio da disciplina e da hierarquia, da ética e da
disposição de servir ao país. (...)
(...) Depois de
toda a desilusão com ministros políticos e os estragos que fizeram, por que não
tentar militares com formação, especializações e experiências que os capacitem
a ocupar uma pasta-chave como a Infraestrutura? Justamente onde abundam as
ratazanas que se alimentam de obras públicas, propinas e concorrências fajutas,
onde obras fantasmas, sem sair do papel, consomem milhões e enriquecem uns
poucos, como o trem-bala de Dilma, como as milhares de obras paradas pelo país.
O ideal é um general para comandar com mão de ferro essa missão contra a
corrupção sistêmica e pela melhoria das obras públicas.
O artigo na íntegra está neste link: https://oglobo.globo.com/opiniao/militares-militantes-23269306
No Globo de hoje, Merval Pereira escreveu: “Assim como o
ex-presidente Lula se cercou de sindicalistas, e o ex-presidente Fernando
Henrique de intelectuais e acadêmicos, é natural que Bolsonaro se cerque de
militares. Só que precisa incorporar a institucionalidade civil do cargo.”
O preconceito é um grave problema, mas pior é o
pós-conceito. Apesar da mudança de perfil dos militares de hoje, muita gente
ainda os chama de “gorilas”, tacanhos, censores, torturadores. Dizer que todo
militar é um cancro é o mesmo que afirmar que todo petista é ladrão.
Confesso que devido ao clepto-trauma dos últimos anos
desenvolvi uma fobia relacionada a muitos sindicalistas e a parte da nova
esquerda e sua ganância de grana e poder, especialmente a mentalidade rasteira
dos que acham que “quem é contra nós é eleitor de Bolsonaro”, ou “quem é contra
nós é de extrema direita”, ou “quem é contra nós é contra o pragmatismo
político”.
Não voltei em Bolsonaro (Ciro no primeiro turno e nulo o
segundo) mas não concordo com os atuais, digamos parâmetros pragmáticos da nova
esquerda, que muito lembram os de Lúcio Flávio Vilar Lirio (1944-1075), um dos
maiores assaltantes de bancos da história do Brasil.
Os militares de ótimo currículo em área civis do novo
governo talvez consigam afastar esse mito que habita alguns setores de que “lugar
de milico é no quartel” e outros. Há uma coisa em nós que parece sedimentada, a
nossa história. Impossível mudar o passado; o seu, o meu, o de Lula, de Dilma,
de Bolsonaro, Al Capone, Pernalonga e Padre Zezinho. E parece que todo ser
humano (é o que dizem) tem um vacilo lá atrás, seja de qualquer área, por isso
sugiro que antes de vir com esse papo mofado de “milico fora”, procurem no
Google a história dos personagens.
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