Dizer que todo militar é um cancro é o mesmo que afirmar que todo petista é ladrão


No artigo “Militares e Militantes”, publicado ontem no Globo, Nelson Mota escreveu que a sua geração ficou traumatizada com militares e passou toda essa raiva, medo e antagonismo às gerações seguintes, por associá-los à memória dolorosa da ditadura. 

Mais adiante, o jornalista opina: “Com a democratização e sua correta atuação, as Forças Armadas ganharam prestígio e popularidade e hoje são a instituição em que a população mais confia. E os políticos, a menos confiável. (...) Elas são uma das instituições mais democráticas do país, na igualdade de oportunidades para brancos e pretos, pobres e ricos, homens e mulheres, crentes e ateus, com suas promoções, responsabilidades e salários baseados no mérito e em resultados. Garantem estudos de qualidade e cursos de especialização, formam bons profissionais no princípio da disciplina e da hierarquia, da ética e da disposição de servir ao país. (...)

(...) Depois de toda a desilusão com ministros políticos e os estragos que fizeram, por que não tentar militares com formação, especializações e experiências que os capacitem a ocupar uma pasta-chave como a Infraestrutura? Justamente onde abundam as ratazanas que se alimentam de obras públicas, propinas e concorrências fajutas, onde obras fantasmas, sem sair do papel, consomem milhões e enriquecem uns poucos, como o trem-bala de Dilma, como as milhares de obras paradas pelo país. O ideal é um general para comandar com mão de ferro essa missão contra a corrupção sistêmica e pela melhoria das obras públicas.


No Globo de hoje, Merval Pereira escreveu: “Assim como o ex-presidente Lula se cercou de sindicalistas, e o ex-presidente Fernando Henrique de intelectuais e acadêmicos, é natural que Bolsonaro se cerque de militares. Só que precisa incorporar a institucionalidade civil do cargo.”

O preconceito é um grave problema, mas pior é o pós-conceito. Apesar da mudança de perfil dos militares de hoje, muita gente ainda os chama de “gorilas”, tacanhos, censores, torturadores. Dizer que todo militar é um cancro é o mesmo que afirmar que todo petista é ladrão.

Confesso que devido ao clepto-trauma dos últimos anos desenvolvi uma fobia relacionada a muitos sindicalistas e a parte da nova esquerda e sua ganância de grana e poder, especialmente a mentalidade rasteira dos que acham que “quem é contra nós é eleitor de Bolsonaro”, ou “quem é contra nós é de extrema direita”, ou “quem é contra nós é contra o pragmatismo político”.
Não voltei em Bolsonaro (Ciro no primeiro turno e nulo o segundo) mas não concordo com os atuais, digamos parâmetros pragmáticos da nova esquerda, que muito lembram os de Lúcio Flávio Vilar Lirio (1944-1075), um dos maiores assaltantes de bancos da história do Brasil.

Os militares de ótimo currículo em área civis do novo governo talvez consigam afastar esse mito que habita alguns setores de que “lugar de milico é no quartel” e outros. Há uma coisa em nós que parece sedimentada, a nossa história. Impossível mudar o passado; o seu, o meu, o de Lula, de Dilma, de Bolsonaro, Al Capone, Pernalonga e Padre Zezinho. E parece que todo ser humano (é o que dizem) tem um vacilo lá atrás, seja de qualquer área, por isso sugiro que antes de vir com esse papo mofado de “milico fora”, procurem no Google a história dos personagens.

P.S.

Nesse Natal dê livros de presente e ajude a salvar o mercado editorial brasileiro. Qualquer livro, qualquer preço, qualquer editora. Além do mais, livro é um excelente presente.

Comentários

Postagens mais visitadas