O devedor de promessas, ou, já é Natal na Leader
O trânsito, as calçadas, as lojas, as pessoas, os meios de
comunicação. Vão dizer que é por causa do Natal, associado a injeção do 13º.
salário, mas não creio que seja somente isso. Mesmo porque, com o desemprego criado
por Dilma, que inventou Temer e seu bando e, de sobremesa, nos serviu uma
recessão histórica (sem falar de outros problemas do submundo), não há 13º, nem
8º, nem 1º., nem 5º. salário para mais de 12 milhões de brasileiros.
A marca de dezembro é a ansiedade. Vários fatores se
encontram no mesmo cruzamento como, por exemplo, a descabelante perspectiva de
um fim de ano com a velha ladainha dos famigerados comentaristas econômicos e
suas pregações catastróficas, regadas a mesmice. Além disso há débitos
existenciais e afetivos que tem que ser
quitados até meia noite de 31 para 1 de janeiro.
Como roteiro de uma peça de teatro, tudo tem que entrar em
cena na hora certa, com o astral certo, com as pessoas certas. Os rituais do
Natal, do Ano Novo, as cores das roupas e, mais uma vez, as promessas, pular
várias ondas no mar, ou fazer não sei o que nas cachoeiras. Somos escravos de
nossas próprias promessas, especialmente em dezembro, quando nos tornamos
devedores de promessas, entramos no SPC das ilusões.
Dizem que é assim em boa parte do mundo, pelo menos onde o
Ano Novo é parecido com o nosso. Em dezembro não só as lojas ficam cheias mas
também os consultórios médicos (check ups de fim de ano), dentistas,
psicólogos, enfim, nós nos preparamos para uma gigantesca batalha invisível que
nós mesmos inventamos que é ter que estar bem, muito bem, na hora “da virada”.
Como se fôssemos dormir camundongos no dia 31 para acordar canários belgas no
dia primeiro de janeiro.
Entre os responsáveis pela alta ansiedade de dezembro está o
implacável bombardeio da propaganda em todos os sites da internet, mais canais
de TV, emissoras de rádio, jornais, revistas, panfletos, enfim, todos os meios
e formas de comunicação.
O que mais vemos e ouvimos é “corra, porque neste Natal você
não vai encontrar preço igual”, ou “há quantos Natais você promete uma casa
nova para morar?” e assim vai. Afinal é a data de maior consumo no ocidente.
Como se livrar disso? Acho que não existe uma receita
coletiva para escaparmos desse desvairado consumismo somado a promessas que
desabam nos ombros já previamente cansados do Ano Novo, soterrado de
pré-datados existenciais.
A convicção de que não vale à pena sofrer com tanta ansiedade
já é um bom caminho e que Saúde, Paz e Dinheiro, isso sim, é um lema válido de
dezembro a dezembro. Quanto ao espírito de Natal é tão mais profundo e puro que
não ouso descrever.
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