Esgoto Tropical

                                                            O Globo, primeira página, hoje
                                                                           Angra dos Reis


Arraial do Cabo é conhecida como caribe brasileiro.
Mas a politicalha que contamina o lugar há décadas quer que se dane.
Ao longo do tempo vendeu e trocou votos e o caribe brasileiro já está favelizado, baderna urbanística, sujeira, esgoto.

O prefeito da cidade é do PRB, partido que pertence a igreja universal. No dia 18 do mês passado, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em Arraial do Cabo, inclusive na sede da Prefeitura do município da Região dos Lagos fluminense.

Os mandados foram parte da investigação de um esquema de fraude em contratos públicos que envolve vários secretários municipais. A investigação envolve os crimes de organização criminosa, peculato, fraude a licitações e corrupção ativa e passiva. Era impossível imaginar esse tipo de gente governando uma cidade, mas é o que mais tem.
Angra dos Reis está tomada pelo narcotráfico. Em agosto a prefeitura decretou situação de emergência, com pedido de desligamento das usinas nucleares que corriam o risco de ser invadidas. Todo mundo sabe que, via traficantes brasileiros, os bandidos de Angra mantém conexões com o narco terrorismo da Colômbia.
A região do Abraão, na Ilha Grande, está com as matas ocupadas por traficantes. A Ilha pertence ao município de Angra.

A propósito, um breve histórico

Um estudo de Beatriz Maria Soares Pontes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aponta:

(...) O Comando Vermelho surgiu em 1980, como uma grande empresa de tráfico de drogas do setor competitivo (varejista) no Rio de Janeiro (RODRIGUES, 2003, p. 80).

Com a Lei de Segurança Nacional, houve um enrijecimento da repressão aos grupos guerrilheiros de esquerda que se opunham ao regime militar. Os atos desses grupos eram considerados crimes de alta periculosidade, que afrontavam a segurança e a ordem nacional. Consequentemente, os guerrilheiros deveriam ser tratados como réus comuns e não como presos políticos.

Na década de 1970 foram enviados para o presídio da Ilha Grande (litoral do Rio de Janeiro) guerrilheiros de esquerda, mas, também, sequestradores e assaltantes de bancos, sem inclinações políticas de esquerda, permitindo uma troca de conhecimento: aos assaltantes interessavam, sobretudo, as táticas de organização dos grupos guerrilheiros.

Essa convivência perdurou até a anistia ter sido concedida aos presos políticos. Os presos comuns, que conviveram com os presos políticos, posteriormente, organizaram-se em facções denominada Falange Vermelha e assumiram o controle da penitenciária, no final dos anos 70 (século XX).

No início da década seguinte a libertação de alguns membros da Falange Vermelha, já rebatizada Comando Vermelho, fez com que o grupo criasse núcleos em algumas favelas do Rio de Janeiro. Contudo, o tráfico de drogas apareceu como um negócio mais rentável.

O Brasil firmou-se como rota importante para a cocaína, com destino à Europa e aos Estados Unidos e como promissor centro de consumo de drogas. O Comando Vermelho conseguiu, então, a posição de maior empresa do setor, em competição na cidade. “Nos morros que passou a controlar, impunha a sua própria lei, instituindo regras de sociabilidade, punindo os infratores e prestando assistência à população” (RODRIGUES, 2003, pp. 80-81). Dessa forma, era consolidada a rede de influências, de um lado, no sistema penitenciário e, de outro, nos morros.

Na década de 1990, o Brasil consolidou-se como mercado consumidor de drogas, o segundo do mundo, atrás, apenas, dos Estados Unidos (MAGALHÃES, 2000, p. 27). Nesse mesmo momento, tornou-se o maior entreposto da droga enviada da Colômbia (fabricante de, no mínimo, 80% da produção mundial) para os Estados Unidos e a Europa. É, também, o maior produtor de éter e acetona da América Latina.

Essas substâncias são utilizadas na produção do cloridrato de cocaína, a dita “cocaína pura”. O Comando Vermelho é distribuidor varejista e essa distribuição, em qualquer grande cidade, é sempre dominada pelos traficantes locais (MINGARDI, 1997, p. 173).

O crédito não pode ser, evidentemente, o institucional, mas o sistema bancário é amplamente utilizado pelos traficantes para “lavagem de dinheiro”.
Atualmente, a presença das milícias trouxe mais um adendo complicador no contexto social dos morros cariocas. Tais milícias são constituídas, principalmente, por ex-bombeiros e ex-policiais que resolveram “oferecer” proteção e segurança as comunidades integrantes das aludidas áreas.

Todavia, a oferta de “proteção” sugere que os “protegidos” dêem uma colaboração, em dinheiro, no intuito de asseverar a sua segurança, já prometida pelas milícias. Saliente-se que, se os “representantes da comunidade protegida”, não observarem, rigorosamente, os encaminhamentos estabelecidos pelos líderes das milícias, estarão, igualmente, sujeitos a represálias dos mais variados tipos, entre elas, a perda da própria vida.

Uma das características da organização criminosa é a relação com o aparelho estatal. A corrupção e, muitas vezes, a intimidação de servidores do Estado, são caminhos que os agentes do crime organizado encontram para sua sobrevivência.

Para Mingardi (1998, p. 74), a relação promíscua entre os aparelhos, o crime organizado, os agentes repressores do Estado e o tráfico de entorpecentes, pode constatada na soltura de detentos e na cobrança mensal realizada por policiais nas “bocas”, para permitirem a permanência do ponto de distribuição.

A política antidrogas “Guerra às Drogas” intensifica o desequilíbrio das relações econômicas mundiais, reafirmando a diferença entre os países periféricos (produtores de matéria-prima) e os do centro. Esse processo teve início no começo da década de 70 (século XX), com o crescimento da indústria do tráfico de drogas, transformando a economia de forma radical.”

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