"O Caminho do Peregrino": um milagre, uma guinada, um livro fabuloso



O poder dos milagres. Depois do estrondoso sucesso de seus quatro grandes livros de história, “1808”, “1822” e “1889”, que venderam (e ainda vendem) milhões de exemplares, o jornalista e pesquisador Laurentino Gomes deu uma guinada e ao invés de escrever mais um livro de história ele optou por um belo e emocionado relato espiritual. Um desejo que nasceu de um milagre não revelado que ele vivenciou.

Numa entrevista de 2017 a Ana Claudia Guimarães, da coluna de Ancelmo Gois, do Globo, Laurentino Gomes falou do maravilhoso livro “O Caminho do Peregrino - Seguindo os passos de Jesus na Terra Santa”, que escreveu em parceria com seu mestre espiritual, o pastor Osmar Ludovico. O livro foi recebido com frieza pela mídia e não houve praticamente nenhuma divulgação.

Ana Claudia escreveu que Laurentino narra uma viagem que fez à Terra Santa com um grupo de brasileiros. Escreveu o livro “meio sem querer”, como ele mesmo diz: “A obra foi brotando na cabeça, com toda a estrutura.”
Católico de formação, de família conservadora, ele se afastou, durante décadas, de práticas religiosas. Mas, por “caminhos misteriosos”, segundo ele, está “voltando para casa”.

Foi a primeira vez que você fez uma peregrinação?

Não. Antes, eu já tinha tido duas experiências. Uma delas em Roma, no dia em que os papas João XXIII e João Paulo II foram canonizados. Também fiz o Caminho de Santiago de Compostela, completamente por acaso. A data de um lançamento de um livro meu na Espanha foi adiada e me ofereceram a viagem.

Como foi sua parceria com Osmar Ludovico?

Osmar é um mentor espiritual cristão. É o meu líder espiritual. Ele faz meditações de trechos das escrituras. Quando surgiu a possibilidade de fazer um livro com Osmar, contando a minha experiência, fiquei meio amedrontado. Tive medo da reação das pessoas. Mas, depois, comecei a sonhar com o livro, e tudo ficou claro em minha cabeça. Foi uma alegria.  

De que fala “O caminho do peregrino”?

É um livro que também mistura o meu trabalho como pesquisador. Fizemos observações da arqueologia de Israel, do Império Romano. Falamos sobre como era Israel no tempo de Jesus, sobre a geografia da Terra Santa, um simbolismo espiritual. O interessante é que não é possível se comprovar cientificamente algo que brota do coração das pessoas.

Qual é o resultado dessa peregrinação para você?
 
O peregrino é diferente do turista. O turista olha para fora, mobilizado pela paisagem, quer consumir o que vê. O peregrino olha para dentro, para ter uma revelação que está escondida em seu coração, um silêncio. O livro não tem como propósito ser um relato de viagem. É uma crônica de uma peregrinação. Como disse Leonardo Boff para mim, uma vez, descobri que Deus é mais para ser sentido do que para ser pensado. É uma dimensão inexplicável, misteriosa. Fui redescobrindo um significado escondido na minha infância. Eu seguia os meus pais, mas não entendia. Agora, tocou o meu coração. Não dá para explicar com palavras. É uma volta para casa.

Em uma outra entrevista a Rodrigo Bem Nunes, do site de Martin Behrend, Laurentino Gomes explicou que a não divulgação do livro pela mídia faz sentido. “Jesus Cristo não é um tema muito politicamente correto nos ambientes de redação, nas emissoras de rádio e TV, na imprensa em geral. É como se fosse um “não-assunto”.

“Este é uma obra que, na verdade, eu não esperava escrever. Mas aconteceu uma grande transformação na minha vida, que resultou na redescoberta das minhas raízes Cristãs e o livro fala deste assunto.
Fui redescobrindo o significado profundo da minha vida, que por sua vez tinha tudo a ver com o cristianismo. Isso pra mim foi uma coisa muito libertadora, redescobrir que eu tinha um Salvador, que tinha uma razão transcendente, espiritual para minha vida, que ela não se resumia apenas ao visível.

Eu e a Carmen, minha esposa, fizemos três peregrinações em um espaço de apenas um ano. Fomos a Roma, fomos a Jerusalém e fizemos também o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Então tudo isso foi somando e eu descobri onde estava a essência da minha vida.

Este é um livro confessional de minha parte, mas também abordo alguns fatos históricos referentes ao Cristianismo, ao Judaísmo, a história da Terra Santa, Jerusalém, além das reflexões escritas com maestria pelo Osmar Ludovico.

Sobre o silêncio da mídia sobre o livro, Laurentino comentou:

Sim, de fato...isso até me surpreendeu. Houve uma certa reação silenciosa negativa em relação a este livro. A repercussão foi muito menor; Jesus Cristo não é um tema muito politicamente correto nos ambientes de redação, nas emissoras de rádio e TV, na imprensa em geral. É como se fosse um “não-assunto”. Mas é natural que seja assim. Esta é uma dimensão que só entende quem foi chamado e quem não foi chamado pode acabar rejeitando essa dimensão.

As pessoas às vezes acham que a experiência de renascimento espiritual, de conversão é algo confortável, que você vai estar em paz, tranquilo. Diria que é uma experiência desconfortável, pois você passa a se sentir deslocado em relação aos valores e aos parâmetros de avaliação de um mundo amplamente secular, quase anti religioso. É preciso estar preparado para isso.

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