O lixo musical que assola o Brasil


“Repórter de rock é um jornalista que não sabe escrever, entrevistando gente que não sabe falar, para pessoas que não sabem ler.“ (Frank Zappa)

Nunca antes na história deste país a música popular esteve tão pífia, escroque e vagabunda. Reflete o cenário nacional de uma maneira geral e o cultural em particular. Com o fim do mercado do disco formal também desapareceram os críticos musicais que, direta ou indiretamente, eram um ponto de referência.

Os críticos musicais foram banidos junto com a radical dieta calórica/encefálica imposta pelos empresários da mídia aos suplementos culturais, hoje reduzidos a pequenos bidês usados por neófitos (saem bem mais baratos) que descarregam ali o seu asneirol vago.

Há pouco tempo tínhamos uma indústria polêmica, sim, mas que fazia a seleção dos artistas que iam gravar. Produziam seus discos que chegavam aos críticos, rádios, TVs. Os críticos opinavam sobre o que prestava e o que não prestava. As rádios sérias tocavam o que achavam que tinham a ver com o seu perfil, enquanto que muitas tratavam do assunto via jabá (corrupção), cobravam grana viva - ou viagens-ou carros- ou etc para tocar as músicas de interesse das gravadoras.

É lógico que muita gente ignorava os críticos e suas opiniões, mas pelo menos os tinha disponíveis. As rádios, nas coxas ou não, apresentavam a seus ouvintes as novidades. Enfim, a cadeia industrial da música beneficiava o consumidor final. Você que lê esta coluna e viveu naquela época, quantos artistas conheceu pela crítica e pelo rádio?

Hoje não há mais referência alguma. A crítica foi substituída por placebos que não conhecem música, nem jornalismo e, ainda por cima, escrevem mal. Vomitam ignorância, futilidade e asneiras em canais do You Tube, blogs e similares, onde concordância, vírgulas e parágrafos são discos voadores.

As FMs, em vez de investir no novo preferem atacar de flash backs por uma razão muito simples: a função de produtor e programador, um exímio conhecedor de música que selecionava o que as rádios iam tocar, também foi pulverizada. O programador hoje é o pior do Spotify, Deezer e os views no You Tube.

Não adianta cacarejar sem sentir dor porque a internet é a ordem do dia por pelo menos mais um século. A quem discorda, sugiro um pijama listrado, canário na gaiola e papo na pracinha passando a mão na bunda das babás fingindo que é gagá. A WWW é maravilhosa, minha amante 24 horas por dia. Surgiu com a proposta de liberdade absoluta, total. Mas, como um disco de vinil, a rede tem seu lado B. A internet inventou a música por streaming e degolou a indústria do disco. A internet substitui rádios por tocadores de música que não apresentam conteúdo falado. Você ouve mas não sabe o que está ouvindo porque, na maioria dos casos, não há quem explique.

O cotidiano me põe em contato direto com as novas gerações e seus iPads, smartphones e players como o Spotify, onde estão quase 100 milhões de músicas. Se no passado o Brasil exportou Bossa Nova, Tropicália, Carmem Miranda, hoje defeca o que há de pior. Nas festinhas que as novas gerações frequentam, só dá funk, um cupim auditivo chamado sertanejo universitário e pagodagem gourmetizada. Nas ruas idem. Na TV, idem. Ora, para as novas gerações, essa é a única nova música disponível no planeta, massacrada pela grande mídia via programas de auditório moderninhos e outros moedores de cabeças.



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