Um filme que faz bem a saúde





Oscar mais do que merecido.

“Green Book” é um filme necessário para esse esquisito planeta. A profunda beleza da história (real) é mostrada com uma boa dose de ótimo humor, fruto de um texto brilhante do diretor Peter Farrelly.  A trilha sonora é um intensivo sobre a música negra norte-americana através do rock, R&B, blues, mas mergulha lindamente na música clássica que o pianista Don Shirley dominou.

O racismo é um tema complicado de ser abordado, permanece tabu (mesmo que inconsciente) para muita gente, mas ao mergulhar no tema, essência do filme, “Green Book” parte por um caminho inusitado que mostra as improváveis conexões entre Don Shirley e do motorista Tony Vallelonga. Os fatos por si só vão mudando as coisas, levam ambos à compreensão de que seus mundos, apesar do abismo racial, tem muito mais em comum do que eles (e nós, na plateia), imaginam.

Também por isso o filme faz muito bem a saúde.

Sinopse:

Green Book é a história de uma turnê no sul dos EUA feita pelo pianista de jazz clássico Don Shirley (Mahershala Ali – 1927-2013)) e Tony Vallelonga (Viggo Mortensen, um segurança ítalo-americano que trabalha para Shirley como motorista e segurança. Dirigido por Peter Farrelly, o roteiro foi escrito por Farrelly, Brian Hayes Currie e Nick Vallelonga.

O título do filme foi influenciado pelo livro “The Negro Motorist Green Book”, informalmente chamado de “Green Book”, um guia turístico para negros, escrito por Victor Hugo Green, para ajudá-los a encontrar dormitórios e restaurantes onde sua presença não era permitida no início dos anos 1960.

Don Shirley

Don Shirley era filho de um imigrante jamaicano sacerdote episcopal, Edwin Shirley, e de uma professora, Stella. Ele começou a tocar piano aos dois anos de idade, e aos sete anos já apresentava desenvoltura e habilidade suficientes para estudar no Leningrad Conservatory of Music.

Aos nove anos acompanhava seu pai no órgão da igreja. Fez seu primeiro concerto em 1945 com a Orquestra Pops de Boston, ao tocar Concerto para Piano nº1, de Tchaikovsky, e no ano seguinte a Orquestra Filarmônica de Londres apresentou uma de suas composições.

Apesar de desejar tocar clássicos como Chopin e Liszt, Shirley recebeu a recomendação de Sol Hurok, empresário musical, de se dedicar ao jazz pois não aceitariam um negro tocando música europeia. Ele se juntou ao baixista Ken Fricker e o violoncelista Juri Taht e formou o Don Shirley Trio, que tocavam ao vivo e gravavam discos em estúdio. Com o trio, gravou Water Boy em 1961, seu grande sucesso, onde unia Chopin à música dos anos 1960.

Shirley nunca se considerou um artista e nem um intérprete de jazz. Gravou um concerto de Rachmaninoff com a Orquestra Filarmônica de Nova York, mas não conseguiu uma gravadora para lançar seu disco.

Seu talento, apesar das dificuldades que enfrentou, era reconhecido. O compositor russo Igor Stravinsky o elogiou dizendo que “Seu virtuosismo é digno dos deuses”.
Além da música, Don Shirley era PhD em Psicologia, falava oito idiomas e sabia pintar. Esteve ligado aos movimentos dos direitos civis nos Estados Unidos, mantendo amizade com Martin Luther King e outros músicos negros, como Nina SimoneDuke Ellington e Sarah Vaughn.]

O músico morreu de complicações decorrentes de doenças cardíacas em sua casa em Nova York, que ficava acima de Carnegie Hall, em 6 de abril de 2013, aos 86 anos de idade.


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