Peter Tork (1942-2019)

                                                                             
                                                                             

Em março mergulhei na biografia "Love Is Understanding - A Vida e a Época de Peter Tork e os Monkees", de Sergio Farias ( https://bit.ly/2uL21FZ e https://bit.ly/2UuBwTT ) sem dar muita atenção a um estranho ruído na internet de que algo não estava muito bem. Foi quando soube um dia desses que Peter Tork havia morrido em 21 de fevereiro (https://bit.ly/2ONlVcV). Li o livro todo sem saber, já estava me sentindo “íntimo” do cara e bateu aquele pancadão estranho.

Eu o conhecia de ouvir falar porque The Monkees nunca estiveram no meu radar. Além de preferir ouvir os ingleses na época, Monkees nasceu como uma bandinha pré-fabricada. Só que ao longo das 396 páginas do livro do Sérgio Farias as revelações me surpreenderam. Os quatro integrantes que se conheceram porque venceram um concurso para atores de uma série de TV (jamais tiveram contato antes) eram bons músicos e cantores, mas tiveram que penar para provar.

The Monkees foi mesmo fabricada para fazer frente aos Beatles que tinham devorado o mercado. Tudo foi pensado pelos executivos das grandes corporações: músicas, roupas, cabelos, atitude, posturas e a série de TV que passou no Brasil.

Peter Tork, que já era músico folk, figura relativamente fácil no Village (NYC) não suportava aquela situação, aquela coisa que fedia a fake, a cover. Ele era um erudito precoce, um intelectual. Com os outros, conta o livro, ele começou a reposicionar a banda e fazer exigências. Tinha como exigir porque The Monkees fez muito dinheiro, muito, para eles, para a gravadora, para a produtora da série, para a Rede NBC de TV. Até hoje estão riquíssimos. Eles se rebelaram e assumiram as gravações, tocando os instrumentos e cantando.

Antes, toda a parte instrumental, arranjos, etc ficavam com a Wrecking Crew, um grupo de músicos de estúdio de Los Angeles que tocaram em milhares de gravações de estúdio nos anos 1960 e início dos anos 1970, incluindo centenas de top hits. Em outras palavras, eles gravavam como se fossem os Monkees.

Tork, exímio baixista e tocador de banjo, fez grandes amizades. Ajudou Stephen Stills (C,S,N& Y), Jimi Hendrix, conviveu com os Beatles, viveu intensamente a Londres lisérgica de 1967 e acabou mergulhando nas drogas. Dos Monkees, Tork foi o que mais pegou pesado e passou o resto da vida controlando a dependência química.

A sua história ganhou atenção especial de Sergio Farias porque por mais que os Monkees se estapeassem (a relação entre eles sempre foi péssima, agressiva, azeda), Peter Tork era quem mais pensava em música. Mexer em música, ousar na música, uma revolução que pode ser sentida nos discos que a banda gravou depois que deixou a Wrecking Crew.

Por causa do livro estou ouvindo toda a discografia dos Monkees e também de Peter. Vou correr atrás da série de TV e assistir ao longa metragem que eles filmaram, “Head”, de 1968 (já vi que está no You Tube) considerado um filme de vanguarda, alternativo, psicodélico, totalmente cabeça, dirigido por Bob Rafelson, com roteiro dele e de Jack Nicholson.

Quero dedicar essa imersão ao Peter, um veterano que não conheci no seu tempo de garoto mas que a tecnologia permite que eu curta agora.

Sinopse da editora do livro, a portuguesa Chiado:

Entre 1966 e 1967, os Monkees vendiam mais discos que os Beatles e os Rolling Stones juntos! Eles estavam com uma revolucionária série de TV, e, ao vivo, colocavam os concertos de rock em um outro patamar.

Como músicos, sua diversidade musical eclodia desde o pioneirismo no uso do sintetizador Moog até a criação do country rock. Essa unidade criativa ganhou admiradores como os Beatles, Jimi Hendrix, Frank Zappa e Timothy Leary.

Ao exporem o modus operandi da indústria fonográfica, no entanto, a opinião pública os elegeu como bodes expiatórios dos grupos pré-fabricados em plena época da contracultura.
Após o fim da banda, seus membros foram relegados a um ostracismo brutal, e Peter Tork foi o mais afetado. Embora intelectual e compositor com formação clássica, capaz de tocar sete instrumentos musicais, para a grande maioria Peter não passava de "o bobo da série de TV".

Este livro procura fazer justiça ao extraordinário legado dos Monkees na cultura pop, revelando também os conturbados bastidores da banda, apresentando fotos raras e traçando a trajetória dramática de Peter e sua peregrinação pelos seus princípios de viver, com surpreendentes sinceridade e humor. Um verdadeiro sobrevivente do rock'n'roll.

                                                                             

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