Carta aberta em defesa do audiovisual brasileiro
Diante do cenário alarmante, a Spcine manifesta seu repúdio
ao que considera o desmonte da política audiovisual brasileira. Os
acontecimentos recentes - pedido do Tribunal de Contas da União para suspender
novos contratos da ANCINE e paralisação nos repasses da agência - põem em risco
um setor responsável por alavancar anualmente mais de R$ 20 bilhões no PIB do
país e empregar mais de 330 mil trabalhadores.
Em São Paulo, região de atuação direta da Spcine, nos últimos
três anos foram 57,2 mil postos de trabalho gerados e mais de R$ 1,1 bilhão
movimentados pelas produções que passaram pela cidade.
Como empresa ligada ao poder público, a Spcine compreende e
reitera a importância da transparência na gestão de recursos públicos. No
entanto, reforça a necessidade de um ecossistema inteligente, onde os órgãos de
controle entendam e contemplem as particularidades da economia do audiovisual.
A Spcine ressalta também que a formulação de políticas
públicas exige a participação de entidades de classe e sociedade civil. Só
assim é possível criar estratégias eficazes e potentes para a economia
brasileira.
As recentes notícias, somadas à retirada do patrocínio de
empresas públicas de ações de Cultura, acendem uma luz vermelha para o
audiovisual brasileiro, botando em risco as conquistas de um setor que se
manteve em franco crescimento mesmo com a crise em outros segmentos da
economia.
Prova da relevância do conteúdo nacional é a participação nos
principais eventos de audiovisual do mundo. Ao longo dos últimos anos, o cinema
brasileiro marcou presença em festivais e premiações como o Oscar, Sundance
(EUA) e Berlim (Alemanha), só para citar alguns.
E, mesmo em meio à grave situação, o Brasil estará na edição
deste ano do Festival de Cannes (França), com participação em SETE
longas-metragens, incluindo a disputa pela Palma de Ouro, maior honraria do
cinema mundial, e exibições nas mostras Um Certo Olhar, Quinzena dos
Realizadores e L’ACID.
Em defesa do cinema nacional, a Spcine está articulada com as
entidades de classe para entender e propor saídas para este momento delicado
para o audiovisual brasileiro.
A empresa espera que medidas urgentes sejam tomadas para que
a paralisação tenha fim e as atividades do setor possam ser normalizadas.
Atenciosamente,
Laís Bodanzky
Diretora-presidente
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