Pescaria entre aspas


Na avenida Litorânea, que liga o Gragoatá à Boa Viagem, em Niterói, as pessoas pescam dia e noite. Pesca de caniço, isca, anzol. Param seus carros de frente (em geral esses carros tem adesivo com os dizeres do tipo “Estressou? Vá pescar”) e ficam horas e mais horas pescando.

Eu adoraria ter saco para comprar um caniço, os anzóis, a isca, pegar aquela tralha e ficar me cortando todo com faca mal amolada tentando pescar. Ia acabar tendo um ataque de ansiedade porque, definitivamente, os trabalhos manuais estão longe de meu menu de funcionamento. Odara discorda. Odara diz que meus trabalhos manuais são imprescindíveis. Odara é Odara.

Um amigo garante que a maioria dos pescadores de caniço está ali como desculpa para sair de casa e ficar algumas horas descansando, contemplando o mar, sem ninguém enchendo o saco. Botam a isca no anzol, arremessam e ficam olhando para o horizonte, repousando, descansando sem ter que dar satisfações, ninguém porque, afinal de contas, não são loucos olhando para o nada e sim pescadores, entre aspas.

Só que, garante o meu amigo, muitos nem anzol colocam. Figuração total. Em tempo meu amigo é psiquiatra.

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