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Mostrando postagens de junho, 2014

Os verdadeiros senhores da guerra

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Não vamos exagerar concordando com quem diz que a nossa cultura aportou por aqui trepada na hipocrisia. Há muitas, muitas exceções. Mas não dá para engolir sem sal de frutas quando alguém, seja lá quem for, diz que foi a uma festinha animada onde rolava de tudo, fingindo que não sabe que os compradores de bagulhos, da maconha à heroína, via cocaína e ecstasy, são os verdadeiros senhores da guerra no Brasil. Não é preciso ser gênio para concordar que o dinheiro que vai para a mão do corretor do traficante vai se transformar em armas e poder. Cada grama de droga gera milhões e milhões de reais às cidadelas do tráfico que, como bem diz o secretário de segurança do Estado, José Mariano Beltrame, tem que ser retomadas com remédio amargo. O ex-presidente Lula foi mais longe ao dizer, em discurso, que não se combate o tráfico espalhando pétalas de rosas. Certa vez, Rubem Braga provocou um cacarejo generalizado quando escreveu que o Brasil não é uma nação, mas um acampamento p...

Com uma pequena ajuda dos amigos

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Tempos atrás, vi na TV um comercial de uma montadora de automóveis que inseriu na trilha sonora uma versão bem suave de With a Little Help From My Friends, um clássico dos Beatles de 1967.  A canção veio ao mundo no lendário álbum Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band, e rapidamente estourou em todo o planeta. Há quem não saiba, mas quem canta na versão original é Ringo Starr. A música ganhou diversas versões, sendo a mais brilhante delas, na minha opinião, a que o gigacantor Joe Cocker mostrou no festival de Woodstock, em 1969. Certa vez, numa entrevista, Cocker atribuiu o sucesso de sua versão de With a Little Help... não à música em si, mas à necessidade que as pessoas têm dessa figura sagrada chamada amigo. A música cultua a "pequena ajuda dos amigos", capaz de nos erguer, nos fortalecer, enfim, Lennon & McCartney deixaram claro que "sem amigos não dá". No comercial de TV a imagem mostra diversas formigas trabalhando em uma árvore, simbolizando a ...

Museu do Ingá inaugura exposição sobre golpe militar e seus desdobramentos no antigo Estado do Rio de Janeiro

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Texto do blog de Márcio Kerbel Sede de governo do antigo Estado do Rio de Janeiro, o Museu do Ingá inaugura, na terça-feira, 01 de julho, às 18h, a exposição "Ressonâncias - Rio de Janeiro, 1964", uma reflexão sobre as dimensões políticas, sociais e culturais do golpe de Estado enfatizando seus desdobramentos na história regional do Rio de Janeiro.  São cerca de 150 documentos divididos entre as salas do histórico prédio, que entre 1903 e 1975 foi sede do poder executivo fluminense e palco da política estadual em 1964, e que atualmente é o museu do Ingá , em Niterói.    A pesquisa resulta da parceria entre a Secretaria de Estado de CUltura, Superintendência de Museus, a Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (FUNARJ), a Comissão da Verdade e da Justiça (CEV-Rio) e o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ). A curadoria da exposição é do historiador Paulo Knauss, diretor geral do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeir...

Arraiais, fogueiras, lembranças

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Tempos atrás almocei com o amigo Eduardo Lamas da “Mais e Melhores Produções Artísticas” ( www.maisemelhores.com.br ) no sempre agradabilíssimo bistrô do “Arlequim”, no Paço Imperial, centro do Rio. Muitos papos, ótimos planos, conversa regada a muitos CDs e DVDs raros que frequentam o magistral acervo da loja. Na volta, a caminho do catamarã para Niterói, vi na Praça 15 (não uso algarismos romanos) um cartaz anunciando uma festa junina. Típica e tradicional. O desenho trazia uma fogueira, gente fantasiada e até os incorretos (e hoje inviáveis) balões. Embarquei e a meu lado sentou um sujeito que era a cara do Danny Devito: baixo, gordo, careca, que não largava o celular.  Fez várias ligações porque a linha caia. Ele orientava uma mulher do outro lado que arrumava a sua mala. Foi gozado. Ele dizia “não, gravata não precisa, vou descansar...bota as duas escovas de dentes, muitas meias e cuecas de algodão porque lá faz frio...não, o casaco de courvin vou levar na mão caso ...

Mutretagem até no calendário

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Tenho amigos e colegas que são brilhantes. Um deles é Joaquim Ferreira dos Santos, que conheci nos tempos em que ele era tão parecido com John Lennon que os visitantes se confundiam no saudoso navio do Jornal do Brasil, atracado na avenida Brasil, 500. Chegou até a rolar uma lenda de que, certa vez, em Nova Iorque, pediam autógrafos a ele. “Mentira”, me respondeu um Joaquim de péssimo humor num dia de “pescoção” (fechamento de edição) no Caderno B. Tempos atrás, em sua crônica semanal no Globo, Joaquim falou das mudanças do inverno e da complicação que elas estão trazendo para os cronistas atuais. Digo, bons cronistas atuais que, por sinal, são poucos. O que lemos muito é baixa ajuda e similares, o que não vem ao caso. Se bem que gosto não se discute. Há quem goste de tomar sorvete assistindo ao Dr. Drauzlio Varella no Fantástico dizendo que sorvete dá sapinho, cândila vaginalis, enfim, há gosto pra tudo. A minha questão aqui na Coluna do LAM também tem a ver com o calendári...

Relógio biológico: todo mundo tem um

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São exatamente 2 e 14 da madrugada quando acordo mansamente, sem sobressaltos como se fosse seis da manhã para um triatleta. Ando pela casa, ligo a TV e compro um travesseiro num programa de vendas pelo telefone.  Segundo o comercial, o tal travesseiro é um néctar de espuma, capaz de proporcionar um sono mágico. Só não prometeu que acordamos ao som de canários belgas porque a empresa fica em São Paulo. Garantiu que quem não ficasse satisfeito com o travesseiro teria seu dinheiro de volta. Os caras são craques. Duas e 14 de um dia de semana é o momento ideal para veicular um anúncio de travesseiro. Liguei, passei o número do cartão de crédito e a mocinha encrencou. Queria colocar Niterói como cidade do interior do estado, o que significava que eu teria que buscar a encomenda no correio. Expliquei a paulistinha que Niterói fica, de barca, a oito quilômetros do centro do Rio. Ela não entendeu, coitadinha, e acabei não comprando travesseiro algum. Tem gente que fica angu...

A confusão gerada pelos e-mails mal escritos

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"Joguei um limão n´água/Pesado, foi pro fundo/ A água ficou turva/ Camarão não tem pescoço." (Anônimo) A colega Cora Rónai, do Globo, uma das maiores autoridades em computadores que conheço escreveu, um dia desses, que os e-mails estão entrando em extinção. Segundo ela, as pessoas estão optando pelo uso de outras ferramentas mais ágeis como o whatsapp e as mensagens reservadas (inbox) no Facebook. Mas, enquanto isso, segue a barbárie. Um amigo tem horror as chamadas novas tecnologias. Ele é um sujeito de opiniões fortes e sempre muito bem humoradas. Como exemplo desse seu horror ao que chama “dessas maquininhas” está um fato curioso. Ano passado ele participava de uma reunião, mesa grande, várias pessoas e percebeu que duas delas não paravam de mexer em seus celulares. A reunião acabou e ele, curioso, perguntou o que as duas estavam fazendo. “Estavam trocando mensagens pelos smartphones”, conta ele entre fulo da vida e achando graça. “Por que não esperaram a reunião ...

Os Beatles chegaram a um ponto em que implodiram

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Gosto de reler essa conversa de Paul McCartney com Anthony Decurtis, da Rolling Stone americana. Como foi o "verão do Amor" (1967) para você? Paul McCartney - Legal pra caramba. Tínhamos acabado de decidir que suspenderíamos as turnês porque já não estava mais valendo muito a pena. Parecia que não estávamos progredindo, o público continuava berrando, mas a gente se encheu daquilo. Tínhamos a ideia de fazer um disco que sairia em turnê por nós. Isso veio de uma história que tínhamos lido a respeito do Cadillac de Elvis fazendo turnê. Achamos que era uma idéia maravilhosa: ele não sai em turnê, só manda o Cadillac. Fantástico! Então, pensamos: "Vamos despachar um disco". Passamos mais tempo em estúdio e o resultado foi Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967). Então, foi maravilhoso. Estávamos amadurecendo? Não sei. Olhando em retrospecto agora, éramos praticamente crianças, apesar de nos sentirmos muito adultos. Tanta coisa tinha acontecid...

Inimigos Pagos

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                                                   Tempos atrás recebi este e-mail do leitor Carlos Rogério Peçanha Dutra, que atualmente mora no interior de São Paulo. Publico a mensagem e minha resposta. “Caro LAM, Sou seu leitor há muitos anos e sinto muita falta de suas reportagens artigos e resenhas no Caderno 2 do Estadão, que movimentaram o jornal nos anos 80 e 90. Não sei se você poderá me ajudar, mas estou procurando uma crônica sua intitulada “Inimigos Pagos”, que você publicou em um jornal de Niterói.  Não sei se foi no Fluminense, LIG, Folha de Niterói ou num site da cidade. “LAM, estou precisando muito deste artigo por causa de uma questão judicial. Minha empregada doméstica me propôs que eu “comprasse” as férias dela porque estava precisando. Apesar de ser contra este procedimento, comprei as férias dela, que continuou tr...

Planos de saúde tratam médicos e usuários como molambada

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Não conheço um único mamífero na face da Terra que pague barato pelo plano de saúde. A indústria da doença dá uma facada nacional em quase 50 milhões de brasileiros, todo o mês. Mas, cinicamente, paga 25, 30 reais por uma consulta a médicos credenciados e, soube ontem (horrorizado) alguns planos pagam 11 (ONZE!) reais para uma sessão de fisioterapia. É muita cara de pau. Muita. Pensei em entrar em contato com a ANS, Agência Nacional de Saúde Suplementar para falar desse escárnio, mas algo me disse que seria perda de tempo. Melhor publicar aqui. Um dia desses um imbecil me disse (é o que dá perder tempo com imbecis) que os médicos que não aceitarem o preço da consulta devem pular fora. Acabei me irritando e devolvi dizendo que pagamos às vezes 15, 20 vezes o preço dessa consulta aos planos todos os meses. Macabros, os planos aumentam o preço enquanto seus clientes vão envelhecendo, justamente quando precisa mais de serviços médicos. Isso sem falarmos do golpe dos 59. Sabe ...

Livros eletrônicos

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Peguei um iPad emprestado para ler meu livro eletrônico (e-book) MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA SELVA DO JORNALISMO, meio desconfiado. Como ler um livro sem papel, sem aquele cheirinho característico, sem marcar as páginas, ler na cama, no sofá, num posto de gasolina enquanto o carro é lavado? Pois, para a minha surpresa, o iPad me ganhou e me tornou viciado antes mesmo de chegar a página 15. Eu que estava banhado de ceticismo, não acreditei quando, na cama, li de lado, de barriga pra baixo, pra cima, com o abajur aceso, apagado (o equipamento tem luz própria) e marcando as páginas com uma única digitada. Rubem Fonseca e João Ubaldo tem razão. Não dá para ter tanto preconceito com as novas tecnologias do bem. Ah, sim, eu que já perdi algumas centenas de livros pela vida, agora posso guardá-los na biblioteca do iPad que tem espaço para cinco mil obras. Não esqueci que o equipamento não é meu. Imaginem ler “O Alienista” de Machado na sala de espera do dentista, por exemplo? Sim, f...

Será que o ser humano despreza as boas notícias?

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                                          Nos anos 1980, animado, eufórico, um colega meu decidiu lançar um jornal semanal só com boas notícias. Não vou esquecer o seu semblante, sua vibração, algo como se tivesse inventado a roda, a pólvora, a lâmpada. A mesa, com quase dez colegas jornalistas, estava cética. Houve muita discussão. Uns diziam que um jornal assim seria alienante, tiraria o público da realidade e que a realidade, queiramos ou não, é brutal. Nosso animado colega rebatia dizendo que, exatamente por isso (realidade brutal) o público deveria estar buscando um antídoto. Outros acharam a idéia engraçada, mas o fato é que ninguém levou fé no projeto do R. A. (iniciais do meu colega). R.A. é perseverante. Não desiste sob nenhuma dificuldade, mesmo levando um nove a zero numa mesa de bar. Não chegou a dez a zero porque dei força ao projeto, e continuo acreditando (hoj...

Leitores do blog: Pezão venceria com Miro em segundo e votos nulos e brancos em terceiro

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    Palácio Guanabara Ontem fiz uma enquete no Facebook. Perguntei em qual dos candidatos a governador do Estado do Rio os internautas votariam. Dos 160 que participaram (e curtiram) se a eleição fosse hoje o candidato Luiz Fernando Pezão venceria. Em segundo lugar, bem encostado, Miro Teixeira. Em terceiro, votos nulos e em branco e em quarto Anthony Garotinho. Lindberg Farias teve um voto e ficou em último lugar. Impressionante a falta de opções do eleitor fluminense. Muitos ressaltaram que escolheram Pezão e Miro “por se tratarem dos menos ruins”, ou seja, o critério foi eliminação a partir da falta de escolhas. Miro Teixeira está conquistando o eleitor que busca o novo, Lindberg simboliza Lula e Dilma e Pezão, apesar de ter sido vice de Sergio Cabral, consegue uma relativa autonomia. Eu ia publicar também uma enquete para a vaga de senador, mas penso que é melhor esperar passar o tempo porque o cenário ainda não está claro.  Obrigado a todos os que p...