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Mostrando postagens de agosto, 2015

Adiei o lançamento de meu novo livro

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Semanas atrás escrevi aqui que estava finalizando a seleção de contos, crônicas e espasmos que vão formar um novo livro. Muito texto, muita lambança, muitos vacilos e, por que não, alguns momentos bem interessantes. Li (ou quase li) mais de dois mil e fui cortando, cortando, até chegar em 80. Ótimo. Encaminhei o material para São Paulo onde nesta segunda-feira, vulgarmente conhecida como hoje, iriam começar a trabalhar no projeto gráfico. Eu quero uma coisa meio pós-punk, me io  Staatliches-Bauhaus , meio Claudio Valério Teixeira, meio Luiz Carlos Lacerda (o Bigode), meio Glauber Rocha, meio Luiz Carlos Maciel, meio Tarsila do Amaral, meio Oscar Niemeyer, meio Burle Marx, meio Carlos Zéfiro, meio Di Cavalcanti, meio Pete Townshend, meio Egberto Gismonti, meio Almir Satter, meio Ramones, meio The Clash, meio Gestalt, meio Anais Nin, meio Henry Miller, meio Blur, meio Radiohead… Bom, os caras disseram que entenderam o que eu quero e ainda me falaram “como você diz aí no ...

A angustiante velocidade do tempo

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Texto restaurado e reeditado Não sei se o tempo é a maior angústia do ser humano, ou está entre as principais, mas fato é que, ultimamente, muita gente tem falado da velocidade dos calendários e relógios, o que me faz lembrar de uma frase do amigo Alvaro Acioli: “agora, enquanto ainda”. Ou seja, faça enquanto há tempo. Lógico que o tempo também me angustia. Lembro que tempos atrás tive um dia duro de trabalho. Muito duro. Achei que o tempo tinha voado bem mais rápido do que no dia anterior, quando o trabalho foi mais light. Será que a distração proporcionada pelo trabalho aumenta a nossa percepção de velocidade do tempo? Sei lá. Um alto executivo de uma montadora de automóveis nos Estados Unidos, em sua autobiografia, escreveu que “agora, aposentado, sinto vontade de atirar o relógio pela janela na ilusão de que fazendo isso estarei parando o tempo”. Nós aceleramos a percepção de velocidade do tempo? Nós temos esse poder? Quando um supermercado coloca ovos de Páscoa (que é em ...

O Manual do Orgasmo - ficção extraída de meu livro “Torpedos de Itaipu”, editora Artware

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Parecia chanchada italiana. Eu estava numa livraria dando um tempo. Chovia pra cacete lá fora e o trânsito lembrava um enorme jacaré bêbado. Livraria vazia. Entra um casal. Ele calmo, jeitão de economista do Banco Central, óculos com lentes fundo de garrafa, meio mal humorado. Ela, agitada, colorida, enfiada numa malha rosa arrochada; mulher grande, brincalhona, muito  gostosa. O aguaceiro engordou na rua. Não gosto de andar na chuva porque toda hora enfiam um umbrella na minha cara. Umbrella é guarda-chuva em inglês...só pra contrariar. Brasileiro, apesar de tropical, convive muito mal com as tempestades. Voltando ao casal, ia tudo muito bem até ela pedir um livro, subindo o tom da voz. “O senhor tem o Manual do Orgasmo, de Fulana de Tal?”. Até eu fiquei sem saber o que fazer. Quem estava embrulhando parou de embrulhar, quem estava empilhando livros parou de empilhar e eu que estava lendo orelhas parei de ler. Como todos prevíamos, o tal homem sereno virou um mamute enfu...

Danem-se os taxistas existenciais. Numa boa.

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Em plena era do Uber precisei pegar um táxi, longe da hora do rush para constatar que a tal da hora do rush agora começa as 6 da manhã e só acaba as 10 da noite. Não sei o que vão fazer com tantos carros e antas dirigindo. O táxi que peguei deveria ser arrancado de circulação. Caindo aos pedaços. Entrei (não havia outra opção jáque não há Uber em Niterói ) e o motorista ouvia uma rádio mundo cão aos berros, com as piores notícias até aquela hora do dia. Solicitei, visivelmente irritado , que o taxista desligasse o rádio. Ele diminuiu o volume, carinha feia . De novo pedi para desligar. Não sei que tipo de expressão facial me acometeu, mas o cara foi lá e clique, desligou o rádio. Foi pior. No lugar do rádio, ele começou a falar. Falar mal. Do mundo, do Brasil, da vida, da mulher e do seu próprio carro. Perguntei, tentando cortar aquela tempestade de coliformes fecais despejada pela boca daquele cidadão, se o ar condicionado do carro estava funcionando. Ele disse que não porque ...

Hoje! Victor Biglione e Jimi Hendrix na estreia do Projeto Mustang Video Rock Jam

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              Victor Biglione      Paulo Renato Rocha                                                                         O guitarrista Victor Biglione é a atração de estreia do novo projeto da casa Mustang Rock  Casual Food em Pendotiba, o Mustang Video Rock Jam. Idealizado e produzido por Paulo  Renato  Rocha, o novo projeto tem os mesmos moldes do Cine Jazz ,que o produtor organiza  há três anos no Museu do Ingá em Niterói:  mensalmente a exibição de um filme de classic  rock (anos 60 e 70) com um artista convidado a cada edição, que após a exibição, participa de  um  workshop sobre  o filme, e em  seguida, encerra o programa com uma apresentação ao  vivo. A estreia do projeto e nest...

Troca de e-mails: fartura de mal entendidos no auge da era tecnológica

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Tempos atrás enviei um e-mail para um amigo. Perdemos o contato desde que ele foi viver fora e, graças a um amigo comum consegui seu endereço eletrônico. Por que perdemos o contato? Acidentalmente vi a ex-mulher dele na maior descabelação de fandangos com uma outra garota. Estavam encostadas numa pilastra no estacionamento de um shopping. Fiquei na minha, fingi que não vi e até tentei me esconder mas não adiantou. Ela me viu e quando o brejo veio à tona contou para o meu amigo que até eu já sabia. O cara ficou enfurecido. Achava que eu deveria ter contado a ele já que a cidade toda estava sabendo. Tentei explicar que não sou lanterninha da vida alheia, fiquei e ficarei quieto sempre, etc. O cara deu uma sumida. Eu também não gostei do policiamento, desse papo “você tinha que fazer isso”. Qual é? Para zerar tudo, espalhar bandeira branca por aí, tempos atrás sentei no computador, escrevi umas 20 linhas e, no final (lembro bem), digitei “aguardo resposta, meu ch...

Um dínamo que se chama Edilene Baldam

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Conheci a Edilene Baldam há uns anos atrás. Me chamou atenção em sua página no Facebook a chamada “The Police 0001!!!”, assim mesmo, com três exclamações. Com certeza ela é a fã mais visceral, dedicada, apaixonada pelo Police que conheço. O tempo foi passando e comecei a notar que o brilho da Edilene, sua vibração, otimismo, amor pela vida vai muito mais além de uma banda de rock. São um exemplo de existência. Tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente numa tarde de autógrafos de meu livro “A Onda Maldita – Como nasceu a Fluminense FM”, em 2012, que ela me honrou com a sua adorável presença. Quando a vi entrar na Sala de Cultura Leila Diniz, na Imprensa Oficial em Niterói, não precisou dizer o nome. O sorriso, a vibração, a simpatia, a generosidade, só podiam ser da Edilene . E eram. Para a felicidade geral. Em menos de 10 minutos ela estava conversando com todo mundo, distribuindo a sua infinita energia gerada por um dínamo interior capaz de reverter muitas (todas?) as a...

O direito de viajar no planeta da ficção

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Mergulhei fundo no mundo da ficção quando escrevi meu primeiro romance, “5 e 15”, que foi lançado em 2007. Como o livro esgotou, resolvi disponibilizar para a leitura aqui: http://5e15lam.blogspot.com.br/ Não foram poucas as pessoas que leram e depois mandaram e-mails com perguntas do gênero “como nasceu a id e ia que você colocou no capítulo tal? ”. Sempre respondi “não sei” porque de fato não tenho noção de onde vem as id e ias. Todo ser humano tem suas ficções. Isso é fato comprovado até por revistas de fofocas. Existem as ficções do bem, que se transformam em livros, filmes, peças de teatro, poesias, letras de música ou simplesmente em nada e as do mal, muito chegadas a paranoias, medos inexplicáveis, fofocas e dezenas de outras conseqüências. Fato é que há muitos anos li num livro que botar pra fora as boas ficções faz bem a saúde. Eventualmente me aventuro a escrever devaneios totalmente ficcionais mas, ainda assim, alguns leitores perguntam se o que escrevi acontec...

Os Velosez e Furiosos da Rio-Manilha, ou quando “Easy Rider” virou motoboy de nona categoria

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                                                                                  Ontem Hoje Duas motocicletas de no máximo 150 cilindradas faziam zigue e zague entre os carros na mau caráter estrada Rio-Manilha. Na moto de trás, preta, um adesivo branco, bem grande, colado no tanque de gasolina: “Velosez e Furiozos”. Assim mesmo, com o S no lugar do Z, Z no lugar do S e muito cocô de pomba na cabeça do famigerado condutor. Um deles quase arrancou meu espelho retrovisor e o sujeito do carro da frente xingou os dois motoboys (ambas as motos carregavam aqueles baús para entregas na garupa), que faziam a tradicional “saudação” empinando o dedo médio da mão. Se estivesse armado, tenho certeza que o tal sujeito do carro da frente ia metralhar. Depois vieram outros, ...

“Jimi Hendrix foi quase um Garrincha do rock and roll” (Caíque Fellows) - artigo reeditado

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Um grande livro: “Jimi Hendrix por ele mesmo”, organizado por Alan Douglas e Peter Neal, com brilhante tradução de Ivan Weisz Kuck. Foi lançado no Brasil pela Editora Zahar e, felizmente, é um best seller nas melhores livrarias. Um livro que as pessoas que gostam de música precisam ler. O livro foi feito a partir de cartas, bilhetes, trechos de depoimentos em filmes, gravações de entrevistas, enfim, centenas de horas, milhares de documentos que Jimi Hendrix deixou. Não foi pouca coisa. Peter Neil explica no prefácio que a ideia surgiu quando ele e Alan Douglas (competente ex-produtor de Hendrix, mas visto por muitos como um larápio) estavam reunindo material para fazerem um documentário para o cinema. Diante da fartura de falas, observações, desabafos, decidiram editar tudo e transformar neste livro narrado pela primeira pessoa por Jimi Hendrix. Considero uma autobiografia de um dos maiores e mais importantes músicos de todos os tempos. Jimi deixou devaneios falando desde o dia...