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Mostrando postagens de janeiro, 2016

Obesidade Existencial

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Baiacu 1 Baiacu é um peixe com dentes parecidos com os da piranha e quando você pesca e coça o barrigão branco dele, incha até explodir. Baiacu não é gente, morde o pé da gente. Dizem que baiacu voa, que baiacu é bicheiro, enfim, falam tudo desse estranho peixe, feio, porco, mau caráter, carreirista, fedorento que, sinceramente, não sei pra que existe. Nem ele, nem os tubarões que deveriam ser mortos a bombas, assim como cobras, ratos e aranhas. Baiacu é também o apelido que os obesos arrastam pela vida, também chamados de bolas de sebo, colhões de boi, cloaca de Vênus e outros clássicos da baixa literatura da nossa rica, caliente e triangular língua. Baiacu 2 Convencido pelo povo que decretou que "o mundo é dos magros" o homem-baiacu inventou o regime alimentar para combater a obesidade que começa com um pequeno aumento da barriga, da cintura, das coxas e uma quase ilusória diminuição do pênis (que vira um sininho no meio da selva de banha) até transformar p...

Mais de 40 anos depois do fim, The Beatles ainda surpreende

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Clinton Heylin é um jornalista e pesquisador inglês que o Irish Independent definiu como “o maior biógrafo do mundo do Rock”. Sobre os Beatles li quase dez livros, muita porcaria, admito, no entanto,   no bolo, estão o clássico “A Vida dos Beatles” de Hunter Davies (a única biografia autorizada da banda), o sensacional “Many Years From Now”, magistral tijolaço de 720 páginas escrito por um grande amigo de Paul McCartney, Barry Miles e “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band – um ano na vida dos Beatles e amigos”, de Clinton Heylin. Estou relendo este. A releitura está sendo crucial (no momento em que articulo minha própria obra com micro-biografias críticas e comentadas de pessoas do Rock) porque revela fatos que, sinceramente, passei por cima naquela ansiedade da primeira leitura. Está lá na página 109: “Quando ele (Macca) apareceu no dia 1º.de fevereiro (de 1967) com uma canção-título para o álbum, “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band”, George Harrison ficou ali...

Um papo sobre meu romance “5 e 15” e os prisioneiros de sua própria indolência existencial

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No blog www.5e15lam.blogspot.com está publicada a nova versão de meu primeiro romance, “5 e 15”. Na íntegra. Por isso, convido: acesse, leia, opine, compartilhe: www.5e15lam.blogspot.com. Aqui, uma entrevista que concedi ao portal Whiplash em 2006, quando lancei a primeira edição impressa, já esgotada, lançada pela Tech & Mídia Comunicação Integrada, de Liliana de La Torre. – Por que o livro se chama “5 e 15”? – Quando assisti ao filme “Cidade dos Anjos” e vi a personagem da Meg Ryan fazendo cirurgias ao som de  Jimi Hendrix , percebi que só os reacionários acham que rock, blues, música atonal são “coisas de maluco”. “5 e 15” é uma referência/homenagem à ópera rock “Quadrophenia” do The Who e uma de suas músicas se chama “5 e 15”. Mais, “5 e 15” é hora de alvorada e de crepúsculo em muitos lugares. Hora do rush. Além do que, por razões que o personagem centra, o psiquiatra Crimson deixa óbvias, o número 15 tem uma importância crucial para ele. – Por que você c...

Rachuncho

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- Bom dia, paz e amor. - Paz e amor. Senta aí. Tem certeza que isso aqui é seguro, não tem escutas, drones, arapongas, nada? - Claro. Uma pocilga insignificante, numa cidade insignificante, porcos insignificantes. - Mas que fedor. - É... -Fez os cálculos? - Sim, tudo certinho. - Mostra aí. - Você mandou aumentar o rachuncho, eu aumentei para 55%. - É pouco. Eu disse que tem que ser, no mínimo, 65% para o rachuncho e 35% para os cofres. - Muita gente vai gritar. - Já gritam, me chamam de ladrão... 65% é uma questão de coerência; não dizem que sou ladrão? Então sou um ladrão de peso, de qualidade, um ladrão imponente, entendeu? - E os homens de preto? - Vão levar o deles. O de sempre. Uns dois ou três quiseram cantar de galo, mandei a merda. Quem compra tem sempre razão e eu sou um consumidor de pessoas (risos). -  Está tudo aqui...certinho... - Hum. - Mais duas boladas dessas e o rachuncho começa a ficar bom. - 1...

Egoísmo e falta de ética

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                                                Foto postada por Gilson Monteiro no Facebook Em sua página no Facebook ( https://www.facebook.com/Gilson-Monteiro-895296430550156/?fref=photo ) o jornalista Gilson Monteiro postou nessa terça-feira a seguinte nota: “ Ética é atropelada no dia-a-dia de Niterói Ética, palavra que vem do grego ethos e significa aqulio que pertence ao “bom costume”, “costume superior”, ou “portador de caráter”, parece ser, para muitos, um velha senhora ranheta que cobra regras e preceitos morais. Por isso, ela é atropelada sem piedade no dia-a-dia de Niterói, seja por políticos ou por cidadãos. A ética é negligenciada principalmente por aqueles que, em nome de seus direitos, cobram-na firmemente dos outros. Motoristas estacionam nas esquinas de ruas e em frente a rampas para deficientes (foto); idosos usam o cartão que lhes d...

“O Livro do Disco”: John Perry desvenda as mágicas de Jimi Hendrix na gravação de seu último álbum de estúdio

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                                                                                                                                               O livro                                                                                                                                         ...

Relógio Biológico

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São exatamente 2 e 14 da madrugada quando acordo mansamente, sem sobressaltos. Como se fosse seis da manhã para um triatleta. Rondo pela casa, ligo a TV e compro um travesseiro num programa de vendas pelo telefone.  Segundo o anúncio, o tal travesseiro é um bálsamo de espuma, capaz de corrigir todos os problemas de coluna. O locutor diz que com esse travesseiro temos um sonho “reparador”. Só não prometeu que acordamos ao som de canários belgas porque a empresa fica em São Paulo. Garantiu que quem não ficasse satisfeito com o travesseiro teria seu dinheiro de volta. Os caras são craques. Duas e 14 de um dia de semana é o momento ideal para veicular um anúncio de travesseiro. Liguei, passei o número do cartão de crédito e a mocinha encrencou. Queria colocar Niterói como cidade do interior do estado, o que significava que eu teria que buscar a encomenda no correio.  Expliquei a paulistinha que Niterói fica, de barca, a oito quilômetros do centro do Rio. Ela não ent...

Um país que é derrotado por um mosquito em pleno século 21 não merece o respeito de ninguém

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Ontem estava no trânsito, engarrafado. Chuva mansa lá fora. Prevendo que o trânsito daria um nó, sai bem mais cedo para não atrasar. Não atrasar é uma das minhas boas neuras.  Os carros se arrastavam como jiboias bêbadas. Ao volante rostos cansadas, pesados, naquele para e anda que desafia a lógica (?) da paciência. Nessas horas gosto de ouvir a rádio CBN. Desde garoto sou viciado em notícias e a CBN tem experientes e bons profissionais (nessa ordem; bom jornalismo é sinônimo de vivência) e transmitia ao vivo uma entrevista com um funcionários do Ministério da Saúde sobre microcefalia e o vírus Zika. Encostado na parede, o funcionário (coordenador de emergências epidêmicas......blá bla blá) revelou dados gravíssimos. Números descabelantes que mostram, mais uma vez, a região Nordeste na vanguarda da miséria, do descaso, da esculhambação. Lá a microcefalia, segundo o M.S. via zika, impera. Seguido da região Sudeste. Quando cheguei onde tinha que chegar, estava lá no Gl...

O cacique Arariboia daria um grande filme

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Com certeza o grande cacique Araribóia (significado: Cobra da Tempestade) e sua densa, tensa, riquíssima história, daria um belíssimo longa-metragem. Por isso, escrevo esse breve recado a diretores, roteiristas, produtores. Há anos esse filme roda em minha cabeça. A boca da Baía de Guanabara na época (1565) lotada de golfinhos, botos, baleias, tubarões, estrelas do mar, muita, mas muita luz. Índias e índios aos montes, dezenas de batalhas, a morte a flechada de Estácio de Sá, as travessias que Arariboia fazia de canoa entre Niterói e Rio (Ilha do Governador) onde, com uma borduna, foi cobrar de Mém de Sá, o governador, as “terra vermelhas” que prometeu a Arariboia caso ele vencesse os franceses. E ele venceu. Muita gente sabe, mas há quem tenha o direito de não saber que Arariboia e sua tribo vieram do Espírito Santo para ajudar os portugueses no combate aos franceses. Os franceses tinham do seu lado os também bravos tamoios, que mataram Estácio de Sá com uma flechada na ens...

“Chico – Artista Brasileiro”, magistral filme de Miguel Faria Jr.

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“Chico – Artista Brasileiro”, documentário de Miguel Faria Jr. com certeza vai para o Olimpo do cinema brasileiro. O Chico que o diretor exibe é engraçado, gozador, leve, intenso, banhado de bom humor e nem de longe parece um senhor que vai fazer 72 anos em junho deste ano. O filme é simples como Chico, grandioso, elegante, travesso como Chico, um dos maiores talentos da história cultural do Brasil. É preciso dizer isso. Sim, é preciso dizer porque acho tola qualquer visão reducionista de pessoas múltiplas e geniais como Chico Buarque de Holanda. Susana Schild, uma das maiores e mais consistentes críticas de cinema do Brasil, escreveu no Globo: “Chico - Artista Brasileiro” propicia um encontro privilegiado com um artista visto por ele mesmo na maturidade. Levando em conta a extensão, diversidade e genialidade da sua obra e o grau de intimidade obtido por Miguel Faria Jr., não há como deixar de aplaudir de pé.” Luiz Fernando Vianna, Folha de S. Paulo – “Ganha-se a intelig...