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Mostrando postagens de novembro, 2017

Caros amigos, onde quer que estejam

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Meus amigos são como os amigos de muita gente. Com o passar do tempo, cada um toma um rumo no mundo, na vida, no tempo, nessa maravilhosa bruma chamada existência. Alguns me disseram que também sigo rotas muitas vezes impossíveis de serem seguidas. Será? Pode ser. Não sou dono de verdade alguma. Meus amigos são quase exatamente iguais a foto que pus ali em cima. Um emaranhado de trilhos aparentemente absurdos, mas certos de suas origens e destinos. Fato é que não vejo a maioria dos meus amigos há bastante tempo. De vez em quando entro em contato, eles comigo, como vai, vai bem? E aí, o que tem feito? Sabem como é? Conversa de amigo de “meu chapa”, “meu camarada” e rola o tempo, passa a estrada, passam os desvios, os amigos lá, sempre lá. É só precisar e eles aparecem, rapidamente. Meus amigos são pessoas muito especiais. Pode ser impressão minha, mas a cada ano a gente se distancia mais. Motivos diversos. Mas fica a certeza de que quando precisar, meus amigos aparece...

Rio Show

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Sininho – Acorda! Já são sete e meia e o encontro em Vargem Grande começa as nove. Não quero atrasar. Ben-Hur  – Mas hoje é meu aniversário...e tenho um evento importante. Sininho – Frescura, Ben-Hur. Aniversário é um dia como outro qualquer. Levanta, vai. Levanta aí! Ben-Hur – Pensei em almoçar com você, meus filhos... Sininho -  Aqueles dois parasitas? Fala sério, Ben-Hur! Quem pariu Matheus que o embale; essas duas amebas são problema da mãe deles, aquela intelectualzinha de merda. Além do mais eles nem vão lembrar que é seu aniversário...se toca homem. Olha, eu não quero chegar atrasada ao evento das trutas em Vargem Grande. Ben-Hur – Trutas? Sininho – Te falei ontem, te falei anteontem, porra. Evento das trutas chinesas amestradas, só vai gente chique. Ben-Hur – Vai até que horas? Sininho – Termina meio dia, mas de lá vamos direto para Santa Teresa... Ben-Hur – Como assim? Sininho – Não tem como assim, Ben-Hur. Daqui vamos pa...

Aposentados

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A última vez que os dois se encontraram foi numa agência do INSS. Estavam sentados aguardando senhas para serem atendidos e é lógico que se reconheceram. Foram vizinhos da adolescência até os 20 anos quando os roteiros existenciais mudaram seus trajetos. E trejeitos. Valdo e Alcides iam dar entrada na aposentadoria e cada um segurava uma pasta cheia de papéis minuciosamente organizados. Conversavam amenidades. Saudade da rua onde moraram, de um parque, amigos comuns, os que morreram, os que sobreviveram, pipas, balões, o nado, festas juninas, namoradas. Tinham a mesma idade, mas Alcides desde novo era recatado e moralista enquanto Valdo, sempre que podia, pulava o muro de um sobrado para namorar uma arrumadeira. O assunto não veio à tona, mas Alcides sempre censurou Valdo. Por sua vez, Valdo fingia que não sabia que o amigo o achava “tarado”, “má companhia”, “matador de aulas”, “alma perdida” etc. Tudo quase resolvido na Previdência, onde deram entrada nos pedidos de apo...

“1973- o ano que reinventou a MPB”, de Célio Albuquerque vai virar série do Canal Brasil

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“1973- o ano que reinventou a MPB”, de Célio Albuquerque 431 páginas) vai virar série do Canal Brasil, já em produção. Maravilha! O excelente livro foi lançado pela Sonora Editora, do pesquisador musical Marcelo Froes e é leitura fundamental para quem se interessa por música brasileira de qualidade. Cada autor conta como um álbum (LP na época) foi feito. Como, quem, onde. Está tudo lá. O livro chegou num momento especial, difícil, complicado, bizarro da música brasileira que está assolada pela molambalização, baixaria e outros conceitos ainda menos dignos. Lembrar de épocas como 1973 foi uma grande sacada do Célio, um viciado em qualidade como todos os ensaístas que estão à bordo deste livro. Ou seja, a necessidade de conhecer a fundo ou de relembrar bons momentos, faz de “1973- o ano que reinventou a MPB” uma iguaria necessária nesses tempos de fome de qualidade musical que estamos vivendo. Bom saber que houve um tempo que mostrou que é permitido criar, ousar, del...

32 de dezembro

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Segunda-feira anormal como outra qualquer. Entra no ônibus pensando no nada ignorando o falatório em volta. Para, anda, para, anda. De propósito desce fora ponto, entra no bar “Do Nunca”. Bebe leite morno, não paga e sai. Reto. Reto. Reto. No trabalho, muitas horas extras. 31 de dezembro. Projetos, softwares, alguns risos aflitos das secretárias tramando o reveillon com amigas no celular. Sete da noite. Só na corporação. Mesas desarrumadas, uma ou outra cadeira fora do lugar, ar condicionado central no máximo. Só na corporação. Vidros duplos a prova de som, potentes computadores de última geração processando projetos, inventos, planilhas, manuais, procedimentos. Nove da noite. Pega o telefone. Não há para quem ligar. Desliga. Senta em frente ao computador principal. Procedimento previsto para as nove da noite ali, três da tarde lá. Lá, Los Angeles, L.A.  Enter. OK. Onze da noite. Duplo procedimento. Demorado. Complicado. Cinquenta e sete minutos....

Uma “re-resenha” do magistral show de Paulinho Guitarra no Teatro Municipal de Niterói, dedicada a um grande vacilo meu

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                        Paulinho com a Diva Adriana Ninsk. Foto do mestre Luiz Edmundo Castro                           Paulinho, aos 13 anos, em sua primeira banda, "Os Adolescentes".Ele é o segundo da direita para a esquerda com Oldair, Dutra e Luiz Carlos Britto. Aqui no sertão da minha suave ignorância em informática intuí que existe um componente ilógico nesse mundo binário. Desculpa de ineptos? Pode ser. Explico: Cheguei do show do grande Paulinho Guitarra no Teatro Municipal de Niterói (parabéns pela esplendida programação, Marilda Ormy), na última quinta a noite, com a alma lavada. Teatro lotado, música plena no ar. Nas primeiras horas de sexta, dia 17, abri esta plataforma do Blogger e digitei direto no sistema uma resenha sobre o show. Sim, isso não se faz, deve-se escrever num editor de textos e depois migrar para o Blogger, mas eu estava a...

Solidão

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Saudade, velho amigo. Não adianta fugir, correr, pular cercas. Ela é o maior desafio existencial da espécie humana. Solidão. Por mais que saibamos se tratar da condição humana básica e que em muitos casos se apresenta como um agudo sentimento passageiro, a solidão é impiedosa. Machuca, fere, marca. Musa de milhares de canções, filmes, poemas, livros. Saudade, velho amigo. Flagelo dos que não suportam conviver com suas ebulições interiores, ignorando a regra, provada e comprovada, de que o homem é o mais solitário dos mamíferos. Por mais solidário que às vezes demonstre parecer. Saudade, velho amigo. A solidão exige muita resistência, criatividade, autocompreensão. Os que se tornam reféns deste deserto que ora se apresenta como fato consumado, ora como circunstância de momento, cai nos braços da culpa, que, dizem, é bem pior. É fato que todos os seres humanos eventualmente estejam nas garras da solidão. Saudade, velho amigo. Transformá-la em criação é o de...

Ives Gandra: ‘Não sou nem negro, nem homossexual, nem índio, nem assaltante, nem guerrilheiro, nem invasor de terras. Como faço para viver no Brasil nos dias atuais?’

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Artigo  do jurista Ives Gandra publicado no Estadão Meu Nome é: Ives Gandra da Silva Martins. Hoje, tenho eu a impressão de que no Brasil o “cidadão comum e branco” é agressivamente discriminado pelas autoridades governamentais constituídas e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que eles sejam índios, afrodescendentes, sem terra, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.  Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, ou seja, um pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco hoje é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior (Carta Magna). Os índios, que pela Constituição (art. 231) só deveriam ter direito às terras que eles ocupassem em 05 de outubro de 1988, por lei infraconst...

O que é que a boiada tem?

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O que é que a boiada tem? Minha única incursão na pecuária é quando me atraco com uma picanha ou mignon num bom restaurante. Desde que não seja Friboi ou qualquer bosta produzida pela JBS. Tentei até arriscar no mercado, muitos anos atrás, quando fui um dos 20 mil babacas que comprar Certificados de Investimento Coletivo (CICs)* de uma empresa que vendeu mais boi de papel do que boi de fato, o que chamei numa reportagem em São Paulo de “Boi sem mugido”. O presidente da Presidente da Fazendas Reunidas Boi Gordo, o empresário Paulo Roberto de Andrade jura que vai pagar a todo mundo. Todos, menos a mim cujo certificado estava naquela Kombi que fazia uma mudança minha, foi roubada no caminho e depenada. Os ladrões levaram meus discos, livros (de vinil não liguei, mas todos os meus CDs foi demais!), títulos de cidadania, diploma do jardim de infância e os cacetes. Curiosamente os pan corruptos  irmãos sertanojos Joesley e Wesley Batista chupam grana de bois. Chupam, l...

Seu Ladrão

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Seu Ladrão militava na camelotagem do Centro do Rio. Cabelos e barbas brancas, caloteiro profissional, era cumprimentado com nojo pela freguesia que ao abordá-lo soltava o dobrão: “Fala seu Ladrão, escroto filho da puta!”. Em sua banca, Seu Ladrão vendia óculos falsificados, carregadores de celulares (também produzidos por aí), relógios. Faturava mais no conserto de objetos. Por exemplo se alguém levava óculos comuns com um pequeno problema, Seu Ladrão com mãos de mágico safado dava um jeito de dar uma “perda total”. Vendia novos para o incauto e depois consertava os óculos que foram falsamente condenados para revender. Mentiroso, inventou que foi parido no Nordeste e atirado num Pau de Arara aos 11 anos de idade. O pau de arara teria capotado em Campos dos Goytacazes e de lá, recolhido por uma família, ele veio para o Rio onde começou a trabalhar como michê nas imediações do Passeio Público. Mentira. Seu Ladrão foi parido no Rio Comprido e foi vendido para uma família da ...

15 de novembro

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Uma nova corrente de historiadores está botando os pombos nos telhados certos. Entre eles, destaca-se o jornalista e historiador Laurentino Gomes que escreveu o clássico “1889 – Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil”. É o último livro da trilogia sobre o Brasil do século XIX, iniciada com as obras " 18 08"  e " 1822" , que contam o período de transição do Brasil da colônia para a república, começando com a transferência da corte portuguesa para o Brasil no ano de  1808 , depois com a independência no ano de "1822"  e, por fim, com a proclamação da república no ano de  1889 . Até ler “1889” eu achava o marechal Deodoro um patife. Depois de ler Laurentino e outros historiadores vi que o marechal era paranoico, ditatorial e de extrema incompetência. Tanto que, aos trancos, conseguiu se pendurar no poder por apenas dois anos, de 1889 a...

Referências

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Desde 1.500 vivemos momentos de crise nos serviços no Brasil. Isso atinge tanto as pessoas jurídicas como as físicas. Há tempos, uma senhora (leitora aqui da Coluna) perguntou qual é a minha TV por assinatura. Respondi. Ela emendou com uma segunda pergunta do tipo “você acha boa, recomentaria?”. Respondi, francamente, que não recomendo serviços a ninguém porque não confio. Ela compreendeu mas ficou meio encafifada, por isso insisti para que não pensasse que eu estava de má vontade. Mais: sugeri (como sugiro aos leitores) que ela acessasse o site www.reclameaqui.com.br  que concentra boa parte das reclamações sobre empresas de todos os gêneros, de smartphones a lambanças de prefeituras, passando por supermercados, farmácias, TVs por assinatura, internet.  No ano passado, um vizinho perguntou qual é a minha internet em banda larga. Disse, mas também não recomendei porque está cada vez mais difícil darmos referências numa terra onde a qualidade dos serviços oscila como...

Sexólogos, a praga

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Não sou desses que acham que o mundo está cada vez mais imbecil. Prefiro buscar caminhos mais saudáveis. Mas, depois que acabaram com o curso superior de jornalismo, qualquer parasita escreve o que bem desentende, onde quer, a preços módicos, ou de graça, ou até pagando.  Dá de tudo. De falsos psicanalistas a podólogos picaterosos, passando por filósofos de porta de termas, chefes (xom X) de cozinha, enólogos de refresco de uva vagabunda. Um sabujo desses fatura alto quando escreve uma coluna em jornais/revistas/sites de grande circulação ou faz comentários em programas de TV.  Vários deles (digo, sem susto, que é a maioria) até pagam para aparecer porque cada leitor gera, pelo menos, mil outros fregueses em potencial capazes de pagar valores até 50 vezes maior por uma consulta com o meliante. Só porque ele “escreve no jornal”, “aparece na TV”, “tem um super site na internet”, “fala no rádio”. U ma outra espécie de golpista se juntou aos outros, o famigerado s...

Celacanto Provoca Maremoto

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Celacanto, o grafite                                                                        Celacanto, o peixe Quarenta anos depois, finalmente descobri o mistério daquele saudoso grafite que tomou conta do Rio, do país, mundo afora. Li, com satisfação, esse artigo de Cris K que revela o autor da proeza. O colega jornalista Carlos Alberto Teixeira, o C@l. Em tempo: celacanto existe. É um peixe que vive nas profundezas abissais. Agora, vamos ao artigo revelador: Em 1977, um estranho e intrigante grafite começou a aparecer aqui e ali nos muros de Ipanema, no Rio de Janeiro: CELACANTO PROVOCA MAREMOTO. Com o passar do tempo, foi pipocando em outros lugares e, do Rio, chegou à América do Norte e Europa. Mas até hoje seu significado e propósito continuam um mistério. Entretanto, tal assunto não se...