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Mostrando postagens de maio, 2018

O homem que amava as mulheres

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                                                                                    François Truffaut (1932-1984), um gênio que deixou nesse   suburbano planetinha, moralista e cafajeste uma montanha de obras primas, entre elas “O Homem que Amava as Mulheres”, filme de 1977. É difícil e achar, mas está por aí nesses sites de filmes. É a história de Bertrand Morane, um cara esquisitão de meia idade que tem obsessão por mulheres. Bertrand conquista, conquista, conquista compulsivamente mas vive afogado num oceano de sofreguidão, angústia, culpa e solidão. Bertrand é interpretado pelo polonês Charles Denner, morto em 1995 com 67 anos. Truffaut subiu com apenas 52. Denner atua muito bem em “O Homem que Amava as Mulheres” e não foi à toa que ao longo de 30 anos foi...

Insônia

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Ódio, não te conheço. Não sou santo, mas não te conheço. Conheço euforia, tristeza, raiva, conheço a “out estima”, a baixa estima, mas você, ódio? Não, não te conheço. O ódio está no ar no planeta. A História sibila que todas as revoluções vitoriosas, batalhas e conquistas foram movidas pela fúria, ira, determinação. As que beberam a gosma verde do ódio fracassaram. Todas. O ódio sempre perdeu. Hitler perdeu. Mussolini perdeu. Getúlio perdeu. E agora, o ódio que sustenta a mentira no Brasil também vai perder. Que mentira? A História dirá. Em breve porque tudo no Brasil é muito breve. Por motivos não alheios a minha vontade meu fuso horário deu uma virada. Longa madrugada pela frente. Não gosto de escrever e publicar quando estou emocionado e ontem passei o dia tomado por espessa neblina afetiva. Escrevo agora mas só vou publicar quando retornar do caos. Breve. O amor é tão abissal que espanta até os nevoeiros. Só o amor consegue assolar os nevoeiros. Dizem. Nenhum i...

Guerrilheiros da Blitz comemoram 35 anos no Circo Voador

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                               Festança vai ser nesse sábado, dia 26 O humor carioca não sucumbiu a Crivella, Pezão e Temer. Ainda bem. Com uma turnê pelos Estados Unidos mês que vem, show sob a lona do Circo Voador e lançamento do novo DVD a   Blitz se transformou numa bela tatuagem dos anos 80 que atravessa as décadas. Promete uma festa inusitada e sobretudo muito bem humorada nesse sábado (26) as 10 da noite no Circo Voador, comemorando os seus 35 anos de existência. Mix de música, teatro, cinema, uma espécie de multitudo, a Blitz continua a surpreender por onde passa exatamente por não estar agarrada ao passado. A banda tem o passado como referência e não reverência. Em outras palavras, o grupo está longe de estar fazendo cover de si mesma. No show, rock, pop, funk, reggae, samba , blues e outras surpresas, além do lançamento do DVD ‘Blitz no Circo Voador’ (Deck), o quarto do grupo...

Saudade de quem nunca vi

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Keith Emerson e Greg Lake formavam o monumental trio Emerson, Lake and Palmer. Carl Palmer o baterista, está em turnê mundial e na próxima sexta feira vai tocar no Vivo Rio. No dia seguinte no Teatro Municipal de Niterói. Ingressos aqui http://vivorio.com.br/?s=Carl+Palmer e aqui https://www.ingressorapido.com.br/event/6668/d/28133 . Matéria sobre o show que escrevi no Jornal do Brasil, aqui:  http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2018/05/21/carl-palmer-apresenta-legado-do-emerson-lake-palmer/ Keith Emerson e Greg Lake morreram no mesmo ano, 2016. Ironia. Boçal ironia. Emerson em março, aos 71 anos, Lake em dezembro, aos 69 anos. Os dois se conheceram por volta de 1968, quando Greg cantava e tocava no King Crimson e Emerson era o tecladista do The Nice. Em 1970, convidaram Carl Palmer para a bateria e montaram o Emerson, Lake and Palmer. Quando o Emerson morreu sofri como se tivesse perdido um amigo, apesar de nunca tê-lo visto. Quase não acreditei quando li a notí...

Cabeça contra o Muro

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Noite dessas, perambulando pela internet, li alguma coisa sobre o Muro das Lamentações, em Jerusalém. Conheço algumas pessoas que foram lá e ficaram levemente horrorizadas vendo gente ululando e batendo com a cabeça no Muro.  Não conheço a fundo a história do Muro, mas sei que é sagrado. E respeito tudo o que é sagrado porque sou cristão e mantenho com o desconhecido a mesma relação que mantenho com o mar: temor reverencial. Não me meto com o desconhecido porque não quero que ele se meta comigo. Um frequentador de meu extinto fotolog estava se lamuriando com a falta disso,  falta daquilo, que esse é o país do descaso, enfim, usou de suas prerrogativas tecnológicas para encher e chutar o saco da pequena multidão que frequentava o fotolog. Que por sinal não era meu. Fiz para a banda The Who e a seu criador Pete Townshend até hoje na ativa, cuspindo fogo pelo mundo com sua adolescente energia dos 73 anos e a seus fãs, a quem chamo de whozers.       ...

Cultura inglesa

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Conheci a bela Meghan Markle na série “Suits”, da Netflix, onde foi coadjuvante. Aos 36 anos ela vai casar com o príncipe Harry e segundo sites de fofocas os dois estão juntos há quase dois anos. Meghan é uma californiana típica. Nasceu em Los Angeles era ativista social, liberada, feminista. Harry é um inglês característico da Corte; beberrão, à toa, amante de jogos de dardos, corrida de cachorros, torta de enguia, fã do humor quase ridículo de Monty Python, comédia inglesa que só os ingleses acham hilária. Só uma paixão devastadora para fazer Meghan Markle trocar uma carreira ascendente no cinema, amigos antenados, vanguarda, pela vidinha bilionária e entediante da Coroa britânica, entre palácios, cerimônias, pompa e vazio. A Inglaterra vitoriana, por exemplo, foi uma indústria de tarados, pervertidos e facínoras em geral, por isso as altas doses de moralismo e álcool para tentar manter o equilíbrio social. Até hoje. Nesse sábado Mehan e Harry vão casar. Ca...

A vingança do bastardo

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Saudade de livro é sempre boa. Por isso tenho procurado, inutilmente, em minha estante (onde tudo é uma enorme desordem alfabética) uma edição relativamente recente do melhor, absurdo, esculachado, politicamente incorreto e saudável livro dos anos 80. O clássico “A Vingança do Bastardo”, escrito pelo espírito de uma tal Eleonora V. Vorsky que baixou sobre o Alexandre Machado, escritor, roteirista e, na época, louco. Na apresentação do livro, uma auto referência debochando da crítica:   "terrível, escatológico, nojento, nauseabundo, emocionante, divertidíssimo, acachapante, lírico, poético, medonho, esporrante de rir, abominável, cáustico, polêmico, essencial, virulento, dramático, meio mais ou menos, magnífico, detestável, erótico, perturbador, ingênuo, niilista, grandiloqüente, bacaninha, porreta, desavergonhado, pai d'égua, supercalifragilisticespialidoso!" Texto de contracapa: Ingredientes: Os personagens da aventura: - Levi: Herói ou covarde? Hom...

Direito a ignorância

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As chamadas novas gerações, por razões objetivas, estão desconectadas da chamada mídia formal. Garotas e garotos tem suas mídias próprias e, pelo que vejo, ouço, converso, frequentam-se mutuamente numa rica troca de ignorâncias. Ignorância no sentido literal, de ignorar. Neste caso, propositalmente. E daí? A ignorância é um direito e se as novas gerações gostam de ler quinquilharias, preferem assistir you tubers, ouvir safadões, estão em seu pleno direito de surfar a liberdade a sua maneira. Quem sou eu para obrigar a ler Machado de Assis, ou sorver o texto de Clarice Lispector? Quem sou eu para vociferar “vocês tem que assistir CNN, Al Jazeera, Globonews e não essa cisterna de purpurina tola e fútil dos you tubers”? Quem sou eu para clamar “ouçam a remixagem de Sgt Pepper dos Beatles, o melhor do Radiohead, ouçam Jimi Hendrix e não essas bostas que vocês espetam nos ouvidos com seus celulares.” Quem sou eu? Não sou ninguém. Se as novas gerações não leem bem, escrevem m...

400 cavalos

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Vi um Ford Mustang GT vermelho, capaz de despejar 447 cavalos de potência, chegando a 279 km/h. Ele rastejava estava no para e anda de uma rua, para entrar no para e anda de uma avenida mais a frente. Seu motor V8 5.0 bebe 2,5 km/litro de gasolina nessas condições. Mais. Para que um carro ter mais de 400 cavalos de potência desde que os governos descobriram nos radares de velocidade (vulgo pardais) uma boa fonte de grana. Usam como desculpa a preocupação com a segurança dos cidadãos, que todos nós sabemos que é puro deboche. Qualquer cidade vagabunda instala seus pardais em trechos de rodovias que passam por seus limites, alguns limitando em 40 km/h, em geral mal sinalizados. De propósito, para faturar. Para piorar, a maioria das estradas está esburacada, mal sinalizada, pedestres, cavalos, jegues não tem como atravessar e o trânsito parece um rolo compressor passando sobre vidas a todo instante. A ponte Rio-Niterói foi inaugurada em 1974 com três pistas de cada lado co...

Ecos de "On The Road"

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Studebaker                                                           Ford Taurus Viajava muito com o meu pai, especialmente para Teresópolis. Ele contava que no início dos anos 1960, a bordo de pequenos carros importados com motores refrigerados a água, era forçado a parar duas ou três vezes nos acostamentos, depois batizados oficialmente de "refúgios". Era para baixar a temperatura da água do radiador. Subir a longa serra naqueles tempos, naqueles carros, exigia paciência e, sobretudo, tenacidade. O bravo Fusca acabou com esse problema, mas o carrinho custava caro. Quando o presente nos espreme com suas garras não virtuais é natural que busquemos os acostamentos e refúgios do passado; esperar até os coquetéis molotov sossegarem. Foi numa virtual escapada dessas que lembrei de meu avô paterno, que ao contrário das descrições ro...

O milionário negócio dos movimentos de ocupação e centrais sindicais

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       Foto do sul africano Kevin Carter, em 1993, no Sudão. O fotógrafo cometeu suicídio um ano depois. O menino da foto era Kong Nyong, que estava sofrendo de má nutrição severa na época, mas já tinha começado a receber ajuda da ONU. Na foto, é possível ver a pulseira de identificação da entidade no braço da criança. E, ao contrário do que muitos pensavam, ele não morreu na época da foto. Segundo seu pai, Kong morreu adulto em 2006, devido a uma febre. O imposto sindical enfiou R$ 3,6 bilhões nos bolsos dos sindicatos e, em consequência, nas centrais sindicais em 2017. Hoje há 16 mil e 700 sindicatos no país e 12 centrais sindicais oficiais. O imposto sindical, em tese, foi extinto mas a indústria de liminares obriga muitos trabalhadores descontar um dia de trabalho para os arrivistas sindicalistas. Sem dúvida, um grande negócio. Para os arrivistas. Na outra ponta avançam, crescem e incham os movimentos de ocupação de imóveis. Na cidade de São Paul...

Texto inédito, "Memória d'Alma", com Juliana Teixeira, estreia no Rio

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Peça dirigida por Guilherme Scarpa e Camilo Pellegrini coloca a questão do abuso sexual em primeiro plano                                                                                                                                          Foto: Camila Marchon Baseada em histórias reais, a peça "Memória d'Alma" expõe um acerto de contas entre uma mulher, vivida por  Juliana Teixeira , e seu filho mais velho, personagem de  Niaze Neto . Numa cela de cadeia, eles passam suas histórias a limpo e relem...