A ditadura do politicamente correto quer brochar o planeta, enfiando uma burca na essência da mulher
“Os
nazistas se consideravam os politicamente corretos da Alemanha” -
Leandro Narloch no livro “Guia Politicamente Incorreto da História
do Mundo”
Um
programa de TV de grande audiência, metido
a politicamente correto,
mostrou, dias atrás, várias mulheres (algumas muito interessantes)
e uns caras se dizendo horrorizados com as cantadas, piadas e
“olhares mal intencionados” que “oportunistas” disparam
contra as “mulheres de bem” que perambulam pelas ruas. O que está
entre aspas foi dito pelos participantes do tal debate.
Para
provarem o tal “crime”, copiaram o que eu já tinha assistido num
canal de TV norte-americano. Instalam uma câmera nas costas de uma
mulher de shortinho jeans gostosíssima e as imagens “flagravam”
os “meliantes”, “tarados”, “pervertidos” e afins olhando,
contemplando, curtindo. Na sequência, cortaram para o estúdio onde
os debatedores só faltaram pedir pena de morte para os supostos
pervertidos e suas “ofensas” contra as mulheres.
Não
estou entendendo nada. Nada. A mulher procura uma alimentação
equilibrada, faz ginástica, vai ao cabeleireiro, se maquia, se
depila, adora roupas sensuais (viva!), na medida do possível lê
bons livros eróticos, quem sabe um filme mais ousado de vez em
quando, em muitos casos busca terapias para se relacionar melhor com
a sua liberdade interior, está cada vez mais culta e bem informada,
enfim, tudo bem? Não.
Depois
da revolução social do pós II Guerra que culminou com o início da
libertação da mulher nos anos 1960, que acabou se consagrando nos
anos 1980, mergulhamos no século 21 sob o signo do atraso. E mais
uma vez a mulher paga a conta.
Esse
papo na TV que mostrei lá em cima é uma amostra de que realmente
vivemos tempos que clamam mulheres vestindo pijamas de flanela
brancos de bolinhas pretas, calções brochantes, sutiãs coador de
café e a criminalização radical dos prazeres “ocultos”, logo
nefastos, bem como fantasias “imersas em devassidão” da mulher,
eterna condenada a ser “profissional do lar”, mãe, esposa,
rainha do papai-mamãe e das novelas boçais.
Estou
convencido desde a adolescência de que essa mulher carola, submissa,
espetada nas cruzadas dos regulamentos moralóides não existe
porque, queiram ou não os machistas mais primitivos, as fantasias da
mulher estarão sempre a dois milhões de anos luz a frente das dos
homens. Não foram poucas as mulheres que me concederam o privilégio
de falar sobre repressão, ação, reação, liberdade, libertinagem,
etc. etc. etc. E muitas me disseram que gostam de ser admiradas na
rua, na livraria, no mercado, na praia, na padaria, no avião, na
vida. Logo, esse moralismo do terceiro milênio, com um jeitão de
Idade Média (ou seria Idade Mídia?) não encontra espaço na mulher
que conseguiu romper com o machismo, com o atraso, com conceitos que
fedem a naftalina enquanto apodrecem nos armários de vime dos
conceitos e preconceitos.
Sei
que é incorreto, mas quando cruzo com uma mulher gostosa na rua,
paro, viro o pescoço e olho. Meu inconsciente deve tramar algum
macete pois nunca fui flagrado por uma delas. Nunca. Lembrando que
mulher gostosa não tem cor, altura, idade, peso, nada. Mulher
gostosa é como música boa. Bate e fica. Não tem explicação. Por
respeito jamais emiti qualquer som. Ainda assim, para evitar um
desatino perante uma cavala bem assombrada, boto a mão na boca.
Ah,
Drummond. Ah, grande Carlos Drummond de Andrade que em vez de
assobiar “fiu fiu” escreveu o belo poema “A bunda, que
engraçada” que lá pelas tantas se desmancha: “(...) A bunda
basta-se/ Existe algo mais?/ Talvez os seios/ Ora - murmura a bunda -
esses garotos/ ainda lhes falta muito que estudar/ A bunda são duas
luas gêmeas em rotundo meneio/ Anda por si na cadência mimosa, no
milagre de ser duas em uma, plenamente(...)”
Falo
com a certeza de que jamais em tempo algum molestei, cantei, encoxei
em ônibus/barca/metrô/avião, enfim, só contemplei o que (não
nego) é o maior patrimônio da Natureza, razão de viver, centro do
Universo: a mulher. Olhar, sorver, contemplar sem atacar é um
direito. Por isso, olho. Dos 18 aos 100 anos, mulher gostosa é
mulher gostosa. Luis Buñuel não acreditava em “mulher sem bunda”.
Muito menos eu, mestre. Existem belas bundas retas, retinhas.
Catherine
Deneuve, que mesmo arfando, suando, passando mal mesmo, consegui
entrevistar nos anos 1990, é proprietária de uma. Belíssima.
Meu
único acidente de trânsito foi uma varada na traseira de um
caminhão que freou numa rua aqui da cidade. Uma diva saía de uma
galeria como as lavas do Vesúvio inundando Pompéia. Zonzo, bati.
Zonzo, confessei minha culpa. Zonzo, parti sem telefonar para o
seguro, porque as companhias de seguro não toleram a luxúria.
Certa
vez escrevi que o brasileiro, elegantemente, cede a frente as damas
em entradas de elevador, escadas de ônibus, portas de restaurantes
não por educação, mas pela oportunidade de contemplar o dorso por
três segundos. Já filosofava a extinta Rádio Relógio que o
segundo é um milagre que não se repete e esses três segundos podem
gerar euforia por horas.
Dias.
Anos.
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