Políticos adoram calamidade pública; dá muito dinheiro
Assim como existe a temporada
dos tufões e furacões, terremotos e nevascas em outros países, o perfil dos
países tropicais é de tempestades no verão.
Reconhecer essas manifestações
naturais é o primeiro passo para amenizar suas consequências. Japão, Estados
Unidos e outros países assolados por terremotos desenvolveram tecnologias que
tornam as cidades mais resistentes.
No Brasil, o que mais interessa
aos políticos é nada fazer porque quando a chuva cai pesado e as encostas
desabam, rios canais, vias transbordam, pessoas morrem, eles decretam
calamidade pública. Significa que podem embolsar dinheiro a vontade porque não
é preciso fazer licitação, vira o maior bundalelê. Quanto mais mortos, mais
grana, mais gargalhadas.
Tempos atrás, o Globo informou
que 91 dos 92 municípios do Estado do Rio (praticamente 100%) tem pelo menos 20
pontos com risco de desabamentos com as chuvas de verão.
Segundo Nancy Dutra da Folha de
S. Paulo (edição de fevereiro de 2011) “O Rio sofre com os efeitos das
tempestades desde 1700, de acordo com registros de jornais na época. Há relatos
de 1711 sobre inundações e de 1756 de fortes chuvas e ventos, com vítimas.”
Ou seja, desde sempre chove
forte nos verões fluminenses e, também desde sempre, rouba-se muito dinheiro
público que deveria ser usado em contenção de encostas, limpeza de rios, etc.
Quase sete anos depois da maior
tragédia natural registrada na história do Brasil, o temporal que matou 910
pessoas nas cidades serranas do Estado do Rio em janeiro de 2011, nada foi
feito.
Quem vai a Friburgo,
Teresópolis e Petrópolis encontra o mesmo quadro: desmatamento, mansões e favelas
em expansão pelas encostas, rios precisando de dragagem, enfim, é como se nada
tivesse acontecido.
Culpa da cafajestagem política,
da leniência, corrupção e impunidade. No entanto, o marketing do verão,
inventado pelo jeitinho brasileiro, canta que é tempo de chuva, suor e cerveja.
A ordem é deixar rolar. Que
rolem barracos pelas encostas, que rolem cabeças, que reine a barbárie e a
boçalidade nos bairros com praias porque, afinal, é verão. Uma estação que
poderia ser celebrada não fosse a ladroagem do poder público.