Chuva


Senti suas gotas roçarem a janela, temperatura de 22 graus. Chuva. Saí para pensar, pensar, pensar. Pensar em soluções, saídas, ou na possibilidade de não haver solução nenhuma diante de problemas amplificados pela aflição. 

Um bentevi bebia água numa pequena poça sob a amendoeira, resolvendo sua aflição imediata de maneira simples. Quer dizer, simples para quem assiste. Grande vitória para o bentevi voar vivo, pousar vivo numa árvore próxima, saltar vivo para os fios de um poste, pousar vivo na poça. Vivo, beber a água num ambiente hostil. 

Chuva, quase frio, calma que parece reinar na cidade, protegida da falsa e histérica euforia do verão e seus moedores de carne midiáticos.

Caminhei pelo bairro que, raro, estava sereno e vazio. Sem guarda chuva, senti a quase garoa cair sobre a cidade, repousando. Poucos carros, ônibus, ciclistas, pessoas nas calçadas; os bares relativamente vazios com uma meia dúzia bebendo cerveja e assistindo futebol na TV. Calma. 

É esse o dom do inverno. Calma. Calma e beleza porque a luz dos dias de inverno é belíssima.

Voltei a pensar, pensar, pensar. Pensar em soluções, saídas, ou na possibilidade de não haver solução nenhuma diante de problemas amplificados pela aflição de quem procura viver intensamente.

Seguir caminhado, por dentro do inverno.


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