José Louzeiro: um democrata com vocação para o perigo - Texto de Antonio Ernesto Martins

Naquela segunda metade da década de 50, o sol escaldante do Rio de Janeiro ardia inclemente no firmamento da então capital do Brasil, enquanto um nordestino franzino caminhava pelo centro da cidade a caminho do trabalho. Suava em bicas. Não era para menos. A despeito do verão tropical que elevava a temperatura para perto dos 40º C, ele vestia três camisas por baixo do paletó. No entanto não era por maluquice que o fazia. Era a única estratégia encontrada para não ser roubado novamente na pensão de Botafogo onde havia alugado uma vaga, pouco depois de chegar ao Rio vindo do seu Maranhão. Esse jovem era José Louzeiro e ainda não se podia prever que ele se transformaria em um dos maiores escritores do Brasil, pioneiro nacional do gênero romance-reportagem, autor de mais de 50 livros, 10 roteiros para longas metragens e três telenovelas para a TV. Mas sua vocação para o perigo, seu interesse pela crônica policial, seu empenho na defesa das liberdades democráticas e sua fascinação ...