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Mostrando postagens de julho, 2014

Numa agência bancária, ano 2000 (gostaria que fosse uma ficção, mas não é)

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Texto restaurado e remixado Um senhor de uns 80 anos, depois de enfrentar a longa fila de idosos na agência do banco, sentou-se na mesa de uma das subgerentes que povoam aquele antro. Eu estava atrás e ouvi tudo. - Boa tarde, minha senhora, eu... - Alto lá! O senhor não tem saldo suficiente para sentar na minha mesa! Sinceramente, achei que aquela mulher estava de gozação. Achei que era amiga do tal senhor, que tudo não passava de uma brincadeira, mas para minha surpresa e horror, ela dizia a verdade. - Desculpe, senhora, mas é que eu estou dependendo só de uma assinatura  sua. - Vocês são engraçados...acham que banco é asilo de caridade. - Mas, minha senhora, sou cliente do banco há muitos anos. - Porque quer. Eu nunca obriguei ninguém a ser cliente deste banco e muito menos da “MINHA” agência! O homem levantou e foi embora. Chegou a minha vez. - Boa tarde, tenho saldo para sentar na sua mesa, dona Andréia (nome real)? - O que deseja?...

Ácido? Sim. Rancoroso? Jamais.

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O leitor Nuno Costa postou no meu Facebook, sob a chamada para o texto de John Lennon semana passada: “LAM, rancoroso, ácido e sensato.” Caro Nuno, obrigado pelas observações/definições mas, numa boa, não sou rancoroso não. Aliás, desde o início do ano estou promovendo no Facebook uma espécie de movimento para descabelar os rancorosos do planeta. Mas, basta ligar a TV para ver que não vai ser fácil. O rancoroso, uma espécie de boi que muge para dentro, é capaz de ver luz de mercúrio no lugar da lua, nuvem de tanajuras em vez de andorinhas, enfim, o cara é um perdedor ativo. O que seria perdedor ativo? É aquele que não gosta de perder sozinho e tenta arrastar multidões com ele. Para ser franco, Nuno, quando escrevo batendo procuro ser contundente, mas, se necessário, sou ácido sim porque afinal de contas o que escrevo aqui no blog é mensagem jornalística, para ser lida por muitos. Nada a ver com “querido Diário”. E, francamente falando Nuno, se eu tivesse um Diário ele estari...

A impressionante magia do Led Zeppelin

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É impressionante. Toda a vez que posto um vídeo do Led Zeppelin no Facebook em seguida vem uma chuva de comentários. Não importa a época, seja 1969 na Dinamarca ou 1979 na Inglaterra, após quatro anos fora dos palcos, Page, Plant Jones e Bonham explodiam o festival de Knebworth, na Inglaterra. Em dezembro do ano seguinte, com a morte de Bonham, a banda saiu de cena. Mas, como os Beatles, Led Zeppelin tem a magia da eternidade, como outros gigantes da arte. O gozado nessa história é que, por exemplo, Robert Plant gravou vários discos sem a banda, e, vamos ser francos, não aconteceu. Composições fracas, discos ruins. O mesmo aconteceu com o grande Jimmy Page, a meu ver o segundo melhor guitarrista de todos os tempos (em primeiro permanece o imbatível Jimi Hendrix), cujos discos-solo também não decolaram e, francamente falando mais uma vez, estiveram muito distantes do que esperamos dele. John Paul Jones, idem. Não aconteceu. Mas quando Page e Plant gravaram “No Quarter”, CD/DVD ...

Neil Young, o eterno hippie no rastro de si mesmo

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 O Lincvolt Neil com o Lincvolt Pono: qualidade de som 95% melhor do que os concorrentes                                  Neil Young toca, na íntegra, o bombástico álbum LE NOISE. Clique e curta. Terminei de ler a autobiografia de Neil Young, lançada no Brasil em 2012. São quase 500 páginas de tranquilas e descompromissadas confissões, questionamentos, ideias. Escrito pelo próprio músico (ele faz questão de deixar isso bem claro) o livro mostra a busca, agora menos caótica e mais contemplativa, que ele faz de si mesmo. Tanto que essa busca, via família, amigos, via suas coleções de carros antigos, guitarras e outros símbolos, devem se transformar em outros livros. O autor avisa, logo no início, que um livro só não basta para contar a sua história. Como músico, Neil ficou mais conhecido aqui no Brasil como um dos integrantes do lendário quarteto Crosby, Stills, Nash & ...

Para todos os gostos - Por Antonio José Barbosa da Silva, presidente da OAB- Niterói

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Salto altíssimo  A seleção brasileira perdeu a Copa. Acontece que o fracasso do time brasileiro só tem um culpado: a megalomania que toma conta dos atletas, técnicos, torcedores, locutores e comentaristas esportivos e especialmente dos governantes. Humildade é carta fora do baralho. Só se ouvia falar que o Brasil é penta, tem tradição e os jogadores são os melhores do mundo. E deu no que deu. A Alemanha à la mineira  emplacou o tetra e se ganhar a próxima Copa na Rússia alcançará o Brasil no penta, tão decantado em prosa e verso para sustentar a mania de grandeza e do sempre já ganhou. Nunca mais subestimar os outros países e cair na real com a evolução técnica dos jogadores é a pedida agora e sempre.                                                                Nitroglicerina pura O ministr...

Morre Johnny Winter, papa do acid blues

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Morreu aos 70 anos, em Zurique (Suiça) um dos mais importantes músicos de blues e blues-rock, acid blues (ou blues progressivo) como muitos se referem ao seu selvagem estilo. Ainda não sei a causa da morte, mas o albino de alma negra, que conheci no início dos anos 1970, já não estava bem de saúde. Chegou a cancelar uma vinda ao Brasil este ano. Nascido em Leland, Mississipi (EUA), Winter foi lançado pela gravadora CBS para concorrer com Jimi Hendrix, mas logo encontrou seu próprio planeta e público. Aliás, tanto ele como Hendrix achavam essa história de competição engraçada e ridícula já que, logo na primeira vez que ouvimos o albino notamos profundas, agudas diferenças entre a sua pegada com a de Hendrix. Em seu primeiro álbum, “Second Winter”, lançado em julho de 1969 Winter surpreendeu o mercado. A voz grave, quase rouca, alimentada por guitarras distorcidas em altíssimo volume (ele nunca pegou leve) rapidamente impôs suas impressões digitais nessa tórrida fronteira que ...

“Circo Voador, a Nave”, livraço de Maria Juçá: a mais pura ressonância da Geração 1980

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Quando terminei de ler as quase 700 páginas do livro “Circo Voador, a Nave”, da querida amiga e grande guerrilheira Maria Juçá, fechei os olhos. Fechei os olhos e revisitei algumas cenas da chamada Geração 1980, que tanto a Juçá quando o Perfeito Fortuna, Marcio Calvão, eu, os amigos da Rádio Fluminense e todos os revolucionários brasileiros participaram e curtiram. “Circo Voador, a Nave” é a história do Circo, sim, mas sobretudo é um descabelante e preciso registro de vários nichos da explosiva revolução cultural do Rio (e do Brasil) proporcionada pela abertura política. É lógico que o livro da Juçá é mais do que comovente. Nele, todos nós nos sentimos personagens de uma década crucial para a história do país e em vários momentos percebi “encontros” com o meu “A Onda Maldita – como nasceu a Fluminense FM”. Mais: impressionante a memória da Juçá e suas preciosas anotações feitas em tempo real desde os tempos em que o Circo era praticamente uma tenda psicodélica pousada na areia ...

Ufanismo é uma praga terrível - Por Adriano de Aquino, artista plástico

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A seleção brasileira perdeu em campo porque durante a gestão Felipão pisou mais no gramado para tirar fotos, dar entrevistas para a rede de entretenimento e atuar em filmes de publicidade com cachês milionários do que para treinar esquemas táticos. O culto a personalidades, em qualquer campo de atuação, é uma armação doutrinaria com objetivos torpes.É ruim no campo esportivo e pior ainda na arena política e na cultura em geral. Brasileiros com a percepção mais aguçada já previam que a seleção não atravessaria um bloco mais consistente de adversários. Porém, a voz de comando “pra frente Brasil” intensificou a campanha publicitária onde o ‘garoto’ da ginga Brasil venceria qual um herói épico todas as dificuldades. A seleção brasileira perdeu. O investimento monstruoso, imerso em suspeitas de corrupção, afundou. Não adianta botar panos quentes. O prejuízo político para a situação é imprevisível. Um governo marcado por atitudes estabanadas, pelo descontrole da gestão econômi...

Obesidade existencial

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Baiacu 1 Baiacu é um peixe com dentes parecidos com os da piranha e quando você pesca e coça o barrigão branco dele, incha até explodir. Baiacu não é gente, morde o pé da gente. Dizem que baiacu voa, que baiacu é bicheiro, enfim, falam tudo desse estranho peixe, feio, porco, mau caráter, carreirista, fedorento que, sinceramente, não sei pra que existe. Nem ele, nem os tubarões que deveriam ser mortos a bombas, assim como cobras, ratos e aranhas. Baiacu é também o apelido que os obesos arrastam pela vida, também chamados de bolas de sebo, colhões de boi, cloaca de Vênus e outros clássicos da baixa literatura da nossa rica, caliente e triangular língua. Baiacu 2 O homem-baiacu inventou o regime alimentar para combater a obesidade que começa com um pequeno aumento da barriga, da cintura, das coxas e uma quase ilusória diminuição do pênis (que vira um sininho no meio da selva de banha) até transformar pessoas em massas disformes de gordura se arrastando pelas ruas suando ...

Luta armada no Brasil não anistia os corruptos

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Meu ponto de vista com relação a luta armada no Brasil (anos 1960 e 1970), hoje, é muito claro: não fazia o menor sentido. Por mais que alguns militantes alegassem que para vencer o ódio da ditadura, só bombas e balas resolveriam, foi um grave erro de avaliação. Só que, naquela época, esse erro foi a única forma encontrada por muitos para reconstruir a democracia por aqui. Tanto que todos os ex-militantes mais conhecidos, com o passar do tempo, revisitaram suas opiniões. De fato, para um bom número deles, a luta armada agravou ainda mais a situação, vomitou mais ódio nos verdugos e acabou com dezenas de mortos, desaparecidos, torturados. Esse é um aspecto da questão. Um outro ponto é o fato de alguns ex-integrantes de grupos clandestinos armados que hoje são acusados de corrupção não terem o direito de usar a guerrilha como passaporte, anistia prévia ou como desculpa. Nada de “roubei, mas no passado fui vítima”. Ladrão é ladrão, seja general, guerrilheiro ou cidadão comum e ...

O que fazer com 3 milhões de carros despejados nas ruas por ano?

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Se para a economia os sucessivos recordes de produção da indústria automobilística são uma notícia sensacional (ano passado chegou a três milhões de veículos e em fevereiro passado bateu recorde também), para a gente gera um certo desconforto. Certo desconforto ou seria leve desespero?  Por quê? Simples. Enquanto a indústria entope as cidades com mais carros, motos, caminhões, ônibus, vans e tudo mais, as cidades não acompanham esse crescimento. E fica cada vez mais insuportável ir de um lugar ao outro. Os especialistas europeus derrubaram a tese de que a construção maciça de viadutos atenua o problema. Preferem investir em planejamento, transporte público decente, controle inteligente do fluxo do trânsito utilizando sinalização monitorada por computadores e muitos guardas de trânsito. No Brasil não suportamos mais tantos veículos engarrafados em ruas. viadutos, avenidas. Os motoristas dizem que falta planejamento, principalmente em cidades mais densas, mas, além disso, falt...

A verdade sobre a luta armada no Brasil, ou, a ditadura chegou a proibir que as rádios falassem em epidemia de meningite

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Desenho de Latuff O candidato a vice na chapa de Aécio Neves foi um quadro importante na luta armada no Brasil. Em entrevista ao Globo de hoje, Aloysio Nunes Ferreira, preso várias vezes mas nunca torturada, avalia hoje que a opção pelas armas foi um erro da oposição brasileira. Um tema que mexe com os nervos, becos, artérias do inconsciente coletivo nacional. Desde que foi criada a Comissão da Verdade tenho recebido correntes com e-mails enaltecendo o golpe de 1964, os algozes como alternativa moral para o país, detonando quem se engajou na luta armada que, nessas mensagens, são tratados como bandidos, ladrões, assassinos. Como se na ditadura vivêssemos numa Shangrilá tropical. Tempos atrás recebi uma mensagem que me deu vontade de golfar. O remetente, que copiou o e-mail para dezenas de pessoas, clamava que nós, segundo ele “brasileiros autênticos” pedíssemos que os militares saiam dos quartéis para acabar com os comunistas que tomaram conta do Brasil, como em 1964. O ...