Morre Johnny Winter, papa do acid blues
Morreu aos 70 anos, em Zurique (Suiça) um dos mais importantes músicos de
blues e blues-rock, acid blues (ou blues progressivo) como muitos se referem ao
seu selvagem estilo. Ainda não sei a causa da morte, mas o albino de alma
negra, que conheci no início dos anos 1970, já não estava bem de saúde. Chegou
a cancelar uma vinda ao Brasil este ano.
Nascido em Leland, Mississipi (EUA), Winter foi lançado
pela gravadora CBS para concorrer com Jimi Hendrix, mas logo encontrou seu próprio
planeta e público. Aliás, tanto ele como Hendrix achavam essa história de
competição engraçada e ridícula já que, logo na primeira vez que ouvimos o
albino notamos profundas, agudas diferenças entre a sua pegada com a de Hendrix.
Em seu primeiro álbum, “Second Winter”, lançado em
julho de 1969 Winter surpreendeu o mercado. A voz grave, quase rouca, alimentada
por guitarras distorcidas em altíssimo volume (ele nunca pegou leve)
rapidamente impôs suas impressões digitais nessa tórrida fronteira que separa (separa?)
o blues do rock. E como Gary Moore, Steve Mariott, Rory Gallagher, Eric Clapton
e outros, formou um paredão de amplificadores Marshall vomitando uma nada
delicada, porém genial, escola do blues.
Irmão de Edgard Winter (também cantor,
multinstrumentista e albino) Johnny Winter é um dos nomes mais respeitados em
dois universos, o do blues e do rock. Sua antológica versão de “Jump Jack Flash”
dos Stones, por exemplo, não deixa corda sobre corda.
Uma perda lamentável. Mais um abismo que se abre entre
tantas encruzilhadas. Estamos sem Gallagher, sem Mariott, sem Moore e agora sem
o grande, o gigantesco Johnny Winter, que merece todas as nossas homenagens.
Todas.
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