André Midani, um predestinado que mantém um pacto com o sucesso

André Midani conta que esse filme, de 1944,
literalmente mudou a sua vida
Estou lendo a autobiografia de André Midani, chamada “Do
Vinil ao Download”. Tento ler devagar para curtir cada linha, mas o texto é tão
bom (praticamente linguagem falada, que gosto muito), tão curioso, as histórias
são tão impressionantes, que em duas noites já passei da metade.
Uma história muito rica, que começa em Damasco, Síria, em
1932, atravessa a II Guerra Mundial, um milhão de outras situações, atravessa o
Atlântico, chega ao Brasil e ...bom, quando terminar a leitura farei uma
resenha detalhada.
Homem de excelente caráter, André Midani é um dos maiores
executivos do mercado fonográfico mundial. Tive o privilégio de conhece-lo lá
por 1980, quando estava fazendo uma matéria sobre as estrelas do mercado. André
tinha deixado a presidência da gravadora Polygram (hoje Universal Music) para
assumir a presidência da Warner no Brasil.
Ele assumiu a Warner com 3% do mercado brasileiro. Após
contratar artistas como Elis Regina, Tom Jobim, Gilberto Gil, Belchior, Hermeto
Pascoal, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Marina Lima, Baby Consuelo (hoje
Baby do Brasil), Pepeu Gomes, A Cor do Som, Banda Black Rio e As Frenéticas,
entre outros, viu sua participação de mercado subir para 14%.
Na década de 1980, Midani resolveu apostar no rock
brasileiro, contratando artistas como Titãs, Ultraje a Rigor, Ira!, Inocentes,
Kid Abelha, Camisa de Vênus, Lulu Santos entre outros. Em 1983, levou a Warner
também para a Argentina, e, em 1984, para o México. Em 1990, foi transferido
para Nova York, onde assumiu o cargo de presidente da Warner para toda a
América Latina.
Ao longo de minha vida profissional sou extremamente
grato a algumas pessoas que me mostraram caminhos, apontaram rumos, trilhas,
alternativas. No jornalismo musical e no rádio, destaco amigos como Roberto
Menescal, Carlos Celles (in memoriam) Marcos Kilzer, Jorge Davidson,
Miguel Aranega que me deram (e dão) muita força. E, é claro, entre eles está
André Midani.
No tempo da Rádio Fluminense FM, quando a dirigi entre
março de 1982 e abril de 1985 e depois em 1989 e 1990, ia de 15 em 15 dias dar
um giro nas gravadoras para conversar com esses meus amigos. André Midani foi
um deles.
Perguntava muito pela rádio, pelos artistas, opinião dos colegas de
lá, dos ouvintes. Até hoje, Midani é um GPS, ligado dia e noite e tem um faro
impressionante para o sucesso. Impressionante! Ele gostava de ouvir, ouvir
muito. Eventualmente anotava o que mais chamava atenção num bloco com uma elegante caneta
tinteiro.
Lembro que quando a rádio tinha acabado de entrar no ar e
tocava cópias de fitinhas K7 de bandas nacionais novas, o produtor Ricardo
Silveira (homônimo do musico) apareceu lá. Ele era produtor da Warner e, em
nome do André Midani, tinha ido lá pegar fitinhas K7 para fazer um disco.
Entregamos e as fitinhas, sem qualquer “maquiagem”, viraram o disco Rock
Voador, parceria da rádio com o Circo Voador. Os artistas: Celso Blues Boy, Kid
Abelha, Sangue da Cidade, Maurício Mello e Companha Mágica, Papel de Mil e Malu
Vianna.
Enfim, enquanto leio André Midani na primeira pessoa
penso que sua vida daria não só um outro livro (pessoas contando suas histórias)
como um excelente filme. André Midani é raro, muito raro.
Aqui, uma breve sinopse do livro segundo a editora Nova
Fronteira:
Testemunha
ocular do Dia D, desertor da Guerra na Argélia, confeiteiro em Paris, executivo
da Odeon, Phonogram e WEA, pioneiro na iniciativa de análises qualitativas de
mercado, negociador da libertação do publicitário Washington Olivetto.
A
autobiografia de André Midani é mais do que um depoimento de quem desde a
década de 50 observa sob um ângulo privilegiado os bastidores do mercado
musical brasileiro.
Além
de viver alguns dos grandes momentos da história, Midani participou ativamente
do nascimento da bossa nova, da tropicália e do rock nacional, dos grandes
festivais de música e das jogadas de marketing das gravadoras para projetar
seus ídolos.
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