Momentos Mágicos
Ontem estava ouvindo alguns álbuns
do Jethro Tull e resolvi dar uma olhada em meus arquivos de fotos. Lá
estava um momento mágico. O registro do dia em que Ian Anderson
(cantor, compositor, líder do grupo) visitou a Rádio Fluminense FM,
que voltei a dirigir por alguns meses, em 1990. Na foto (acima)
estamos eu, Cláudio Salles, Luiz Alves e o braço de Ricardo Giesta.
Um momento mágico por várias
razões. A foto registra a nossa alegria de estarmos convivendo num
momento tão importante, a reformulação da programação da rádio
que estava caída e que naquele momento deu prioridade aos clássicos
do rock e blues. Uma amiga me disse que “essa foto está cheia de
luz”. Verdade. Nós estávamos radiantes porque Ian Anderson (nunca
imaginei tê-lo a meu lado) simbolizava a nossa realização, a nossa
espontaneidade, a nossa amizade.
Conheci o Jethro Tull quando tinha
uns 14 anos. Comprei o álbum “Aqualung” por intuição e quando
pus o vinil no toca discos foi uma bela pancada. Jamais tinha ouvido
algo parecido, misto de medieval, rock, blues. Claro, não ouvi
sozinho porque naquela época era fundamental compartilhar o que
havia de bom com os amigos. Éramos uns quatro ou cinco, numa tarde
de sábado, ouvindo a bolacha inúmeras vezes. Momento mágico.
Durante o momento mágico da foto
lembrei do momento mágico de “Aqualung”, dos meus amigos, dos
nossos afetos, da nossa adolescência povoada de meninas, mulheres,
guitarras, flautas, bolas de basquete, pranchas de surfe de peito,
passarinhos, galos de briga, morros, sítios, praias, ondas, momentos
mágicos dia sim, o outro também.
Posso até ter esquecido dessa foto,
mas desse momento mágico. Lembro de cada segundo porque faço
questão de valorizar os momentos mágicos Há quem goste de falar
deles com as pessoas próximas, mas eu acho que meus momentos mágicos
não merecem ser submetidos ao julgamento de ninguém, sob o risco de
serem apontados como futilidades existenciais. Melhor ficar quieto.
Não lembro quem tirou a foto. Sem
querer a pessoa clicou pessoas num estúdio de rádio, sim, mas acima
de tudo as nossas essências. Mais tarde, a noite quando fui assistir
ao Jethro Tull no Canecão (a casa de shows que mais frequentei)
poderia ter levado minha câmera, mas eu já tinha visto a foto aí
de cima. E os momentos mágicos são únicos.
E podemos, sim, fabricar outros.
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