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Mostrando postagens de janeiro, 2017

Reflexos de uma nação desonrada

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Há tempos, a amiga Aida Beranger compartilhou este banner no Facebook. Noto noto que as cores vivas estão sumindo da paisagem urbana. Nas ruas, a maioria dos carros nas cores prata e branco, raramente um vermelho (lembram do Mustang cor de sangue?), um amarelo manga. As roupas também estão em tons formais e fora os maravilhosos shortinhos jeans esfarrapados, noto que as mulheres estão contidas, travadas, usando longas saias largas, vestidões que lembram batas das virgens da Indonésia Oriental. Claro que só um boçal não percebe que o Brasil está de luto diante desse caos todo que a patifaria fez e faz com a sua honra. Uma nação desonrada não vai as ruas dirigindo carros multicoloridos, vestindo biquinis de lacinho vermelho com shorts amarelos, motocicletas em tons tropicalistas. Esse ar cinzento parece espelhar o inconsciente coletivo do Brasil. Ou não? Não sou exemplo de nada, absolutamente nada, mas gosto de carros de cores vivas. Amarelo, vermelho. Mas ultimamen...

Reclamar não vai livrar o Brasil do aquecimento global

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Estou farto de ouvir (e ler) gente reclamando do Brasil nesse calorão, em especial dos pequenos burgueses que dizem preferir morar na Europa, Ásia e América do Norte do que “nessa pocilga”, como escreveu um sujeito no Facebook. Fui lá e comentei: “pegue um avião e suma, meu chapa. Reclamar não resolve e esse papo de pequeno-burguês mal resolvido não leva a nada”. O cara não rebateu. É evidente que esse calor não é normal e, com certeza absoluta, a lambança dos desgovernos (federal, estaduais, municipais) é a principal vilã desse aquecimento estúpido. Afinal, pelo menos nos últimos 20 anos, esses desgovernos desmataram (ou deixaram desmatar) como nunca, não investiram nada em política ambiental, enfim, se a coisa chegou a esse ponto é porque os desgovernos assim quiseram. Desgovernos eleitos pela maioria, diga-se de passagem. Não foi por falta de aviso. Ambientalistas sérios já vem alertando há mais de 40 anos que a canoa ia virar, que as reservas ambientais do Brasil est...

O Cravo não brigou com a Rosa- Texto de Luiz Antônio Simas*

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Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto Soube que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais “O Cravo brigou com a Rosa”. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o Cravo - o homem - e a Rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o Cravo encontrou a Rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada". Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha.   Será que esses doidos sabem que “O cravo brigou com a Rosa” faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro? É Villa Lobos, cacete! Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: “Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas.” A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a meni...

A lua ainda é dos poetas

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A lua jamais deixará de ser a musa encantada dos poetas, mesmo depois que Neil Armstrong desceu do módulo lunar da missão Apolo 11 em 20 de julho de 1969 e marcou o solo lunar com sua bota. 1969 foi um ano de muitas mudanças, entre elas o maior protesto contra a guerra do Vietnã reunindo meio milhão de pessoas (90% jovens) em Woodstock, no mês seguinte. Esse ano foi tão significativo que, inspirado nele, Paul Auster escreveu o magistral “Palácio da Lua”, livro que devorei em dias noites. Sempre fui um apaixonado pelo céu e os astrólogos dizem ser uma característica de meu signo. O problema é que ão acredito em astrologia mas isso é outro assunto. Lembro bem do dia em que o homem pisou na lua. Tinha 14 anos e morava na rua Alvares de Azevedo em Icarai (Niterói), onde o nosso bando tinha o hábito de jogar taco (uma espécie de baseball tupiniquim) no meio da rua.  Atento a propaganda sobre a hora em que Armstrong pisaria na lua, fui cedo para casa para assistir pela TV. Ach...

Livros da Semana - edição 32

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Livrarias pesquisadas: Travessa –  www.travessa.com.br Cultura -  www.livrariacultura.com.br Estante Virtual -  www.estantevirtual.com.br Amazon –  www.amazon.com.br Folha -  http://livraria.folha.com.br/ Clarice, - Uma Biografia Benjamim Moser 560 páginas Este livro, lançado originalmente em 2009, deu aos brasileiros uma nova imagem de Clarice Lispector e consagrou sua obra no exterior. Se hoje Clarice é uma figura mítica das letras brasileiras — bela, misteriosa e brilhante —, sua vida foi recheada de percalços que a tornam mais complexa do que mostra a imagem oficial. Ao empreender uma síntese inédita entre vida e obra de uma autora clássica, Benjamin Moser deu uma contribuição de extrema importância para a cultura brasileira. A edição da Companhia das Letras traz posfácio inédito de Michael Wood. O Poder do Hábito Por Que Fazemos o Que Fazemos na Vida e nos Negócios Charles Duhigg 408 páginas Durante o...

Querem jogar uma burca na essência da mulher

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“ Os nazistas se consideravam os politicamente corretos da Alemanha” - Leandro Narloch no livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo” Acho que foi ano passado. Um programa de TV de grande audiência, metido a politicamente correto, mostrou várias mulheres (algumas muito interessantes) e uns caras se dizendo horrorizados com as cantadas, piadas e “olhares mal intencionados” que “oportunistas” disparam contra as “mulheres de bem” que perambulam pelas ruas. O que está entre aspas foi dito pelos participantes do tal debate. Para provarem o tal “crime”, copiaram o que eu já tinha assistido num canal de TV norte-americano. Instalaram uma câmera nas costas de uma mulher de shortinho jeans gostosíssima e as imagens “flagravam” os “meliantes”, “tarados”, “pervertidos” e afins olhando, contemplando, curtindo. Na sequência, cortaram para o estúdio onde os debatedores só faltaram pedir pena de morte a pedradas para os supostos pervertidos e suas “ofensas” contr...

Mark Knopfler: o cinema deve muito a ele

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                                                                                Cena de "Local Hero" Estou ouvindo “Altamira”, vigèsimo álbum de Mark Knopfler, escocês 67 anos, criador do Dire Straits, que tem como diferencial um traço raro. Nunca fez um trabalho razoável. São todos, absolutamente todos, bons ou excelentes. Com ou sem o Dire Straits. Apaixonado pelo Cinema, é dele trilha sonora de um filme magistral e muito simples chamado “Local Hero”, com Burt Lancaster, que lamentavelmente passou batido pelos cinemas brasileiros. Motivo: o filme foi (des) qualificado como anticomercial. Mas se você é assinante de um bom canal de streaming (Netflix, Now, Apple TV, etc) ou de uma ótima (e rara) com certeza vai achar “Local Hero”, que ...

Honestos e canalhas

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Um novo secretário do presidente, nomeado ontem, está respondendo a um processo de enriquecimento ilícito (corrupção). Indicado por José Sarney, era superintendente de uma estatal no Nordeste e teria desviado quase três milhões de reais. Não dá para entender. Por que antes de convidar alguém, o presidente não procura saber se esse alguém é honesto ou canalha? Não é difícil. Não faltam órgãos do governo que podem, em questão de poucas horas, atestar a lisura de alguém. Ontem mesmo, dia da nomeação do tal secretário todo cagado, começaram a boiar os coliformes fecais que ilustram a biografia de um outro safado, amigo do presidente, recentemente degolado do primeiro escalão pela opinião pública. Vejo muita gente (eu, inclusive), enaltecendo o fato dos dois governos de Barack Obama não terem registrado um mísero caso de suspeita de corrupção. Não foi por acaso. Antes de cada funcionário de confiança ser nomeado passou por uma “constrangedora” (vários dizem isso) devassa na ...

Livros da Semana - edição 31

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Livrarias pesquisadas: Travessa –  www.travessa.com.br Cultura -  www.livrariacultura.com.br Estante Virtual -  www.estantevirtual.com.br Amazon –  www.amazon.com.br Folha -  http://livraria.folha.com.br/ Poema Sujo Ferreira Gullar 120 páginas Publicado originalmente em 1976, Poema sujo transformou a paisagem da poesia brasileira com sua torrente arrebatadora de versos, expressão máxima de uma subjetividade convulsa pela atmosfera sufocante da ditadura. O poema foi escrito na Argentina, onde o autor se encontrava exilado. “ Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre”, escreveu Gullar. “Imaginei que poderia vomitar, em escrita automática, sem ordem discursiva, a massa da experiência vivida — lançar o passado em golfadas sobre o papel e, a partir desse magma, construir o poema que encerraria a minha aventura biográfic...

E-mails mal escritos

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Há tempos a   colega Cora Ronai, do Globo, uma das maiores autoridades em informática   que conheço escreveu que os e-mails estão entrando em extinção. Segundo ela, as pessoas estão optando pelo uso de outras ferramentas mais ágeis como o whatsapp e as mensagens reservadas (inbox) no Facebook. Mas, enquanto isso, segue a barbárie. Um amigo tem horror as chamadas novas tecnologias. Ele é um sujeito de opiniões fortes e sempre muito bem humoradas. Como exemplo desse seu horror ao que chama de  “ maquininhas” está um fato curioso. Ano passado ele participava de uma reunião, mesa grande, várias pessoas e percebeu que duas delas não paravam de mexer em seus celulares. A reunião acabou e ele, curioso, perguntou o que as duas estavam fazendo. “Estavam trocando mensagens pelos smartphones, ali, um de frente para o outro ” , conta ele entre fulo da vida e achando graça. “Por que não esperaram a reunião acabar e foram bater um papo ao vivo?”, pergunta.   ...