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Mostrando postagens de fevereiro, 2019

Cantar Hino Nacional para quem? Lula, pro colombiano ministro, Damares, “Clara Crocodilo”, Temer, Brumadinho?

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Era uma liturgia tradicional. No século passado as escolas onde estudei obrigavam a cantar o Hino Nacional. Quando o professor entrava em sala, tínhamos que levantar. No Dia da Bandeira, havia desfile. Atividades que fazíamos com naturalidade. A partir de 1990 a baderna virou premissa, quando o democracismo mostrou a sua cara e seu caráter, simbolizados por Collor. Concordo, Lula teria sido pior, mas eleger um caçador de marajás que em poucos meses se revelou um vigarista foi uma enorme decepção para milhões de pessoas. O Hino Nacional é um culto a nação. Nos Estados Unidos os nacionalistas mais fanáticos colocam bandeiras na porta de casa, adesivos no carro, tatuam a bandeira americana na bunda. Em nome pátria, o norte-americano joga a vida nas guerras, o que não é pouco. Em todas as escolas dos EUA o Hino deles é cantado. Todos de pé, alguns emocionados. Os EUA são orgulho para muitos norte-americanos. Em algumas notas de dólar está lá: “Em Deus Confiamos”. Qual o pro...

Rádio sobreviveu a fita, CD e iPod. Na era do Spotify, é mais popular do que nunca*

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* Do site Caros Ouvintes – Instituto de Estudo de Mídia                                                                  A Nielsen, empresa de análise de dados que monitora o consumo de entretenimento dos EUA, revela em seu recém-divulgado relatório anual da Music 360 que a rádio ainda é a principal forma de as pessoas descobrirem novas músicas. Além disso, os relatórios de pesquisa de audiência mostram também que a porcentagem de americanos com 12 anos ou mais ouvindo rádio transmitido semanalmente permaneceu relativamente estável de 1970 até hoje. O rádio AM / FM continua a ser o maior meio de alcance de massa nos EUA, com mais de 90% dos consumidores ouvindo semanalmente. Essa porcentagem permaneceu forte mesmo diante do crescimento explosivo da transmissão de músicas. Para muitas pessoas, a disponibilidad...

O lixo musical que assola o Brasil

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“Repórter de rock é um jornalista que não sabe escrever, entrevistando gente que não sabe falar, para pessoas que não sabem ler.“ (Frank Zappa) Nunca antes na história deste país a música popular esteve tão pífia, escroque e vagabunda. Reflete o cenário nacional de uma maneira geral e o cultural em particular. Com o fim do mercado do disco formal também desapareceram os críticos musicais que, direta ou indiretamente, eram um ponto de referência. Os críticos musicais foram banidos junto com a radical dieta calórica/encefálica imposta pelos empresários da mídia aos suplementos culturais, hoje reduzidos a pequenos bidês usados por neófitos (saem bem mais baratos) que descarregam ali o seu asneirol vago. Há pouco tempo tínhamos uma indústria polêmica, sim, mas que fazia a seleção dos artistas que iam gravar. Produziam seus discos que chegavam aos críticos, rádios, TVs. Os críticos opinavam sobre o que prestava e o que não prestava. As rádios sérias tocavam o que achavam que tin...

Ótimo filme, “Minha Fama de Mau” é um mergulho na vida de Erasmo Carlos e da Jovem Guarda

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                                  Gabriel Leone, Malu Rodrigues e Chay Suede                                                      Roberto e Erasmo na estreia                                              lui Farias, Erasmo e L.G Bayão                                                                       Malu Rodrigues e Wanderleia                                         ...

Ummagumma, 50 anos

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                                               Essa coluna não cita nenhum partido político, em especial                                      PT, PSOL, PC do B e PSL Se as gerações futuras decidirem se interessar pelos parcos, pobres e decadentes tempos atuais, vão correr atrás de alguns rastros de inteligência e sensibilidade. As futuras gerações vão se chocar com fatos como a explosão de lama em governos que provocaram as tragédias de Mariana, Brumadinho, o fim anunciado da Amazônia, a equalização humana em uma única massa de pensamento, credo, raça, uma versão piorada do já abominável homem novo inventado pelo argentino Ernesto Che Guevara. Mas, haverá muitos sinais positivos. Um deles é o álbum duplo Ummagumma que o Pink Floyd gravou e lançou em 1969 qu...

Fogo no rabo

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No Brasil só existem duas estações: quente e muito quente. Eventualmente, no inverno, dá uma esfriada, o cheiro de naftalina dos casacos ganha as ruas, mas é muito breve e rápido. Mas nosso carma é com o suor e ar condicionado e não com lareiras e cachecóis. Todo mundo reclama do calor, mas o verão é adorado. Sempre foi. Até esse, quando as temperaturas passaram de 40 graus e os meios de comunicação importaram dos Estados Unidos uma quenga chamada sensação térmica. Esse ano a marafona registrou mais de 50 graus algumas vezes. Verão tem a seu favor algumas datas cruciais: Natal, Ano Novo e Carnaval. Por isso inventaram a lenda de que o país entra em férias em dezembro e só volta a trabalhar na segunda-feira depois da quarta de cinzas. Mentira. Quer dizer (olha a elegância, rapá!), não é verdade. Brasileiro trabalha pra cacete. Em alguns países europeus como a Espanha, há 30% mais feriados (fora o ronco diário depois do almoço) do que aqui. Verão é aeroporto de mitos. No ...

A face oculta da lua, um conto sem fadas, fatos, fotos

Comia uma empada de galinha caipira num bar na rua do Ouvidor, Centro do Rio, perto de um lugar onde Machado de Assis também comia empadas de galinha, só que urbanas, numa manhã de quarta-feira quando parou um caminhão que trazia no para-choques uma frase tola e genial, algo como “na estrada da vida, passado é contramão”, é isso ou mais ou menos isso, mas a vida é como um texto sem ponto, só vírgulas, um pouco de ar, na base do ir em frente, pensando, pensando, passei a semana pensando num monte de coisas como um artigo que escrevi para um jornal norte americano no já longínquo 2014 que, por vacilo meu, não saiu assinado, na carta de um leitor que me esculhambou por causa de uma crônica sobre mulheres gostosas, e eu acabei ficando meio sem saber o que dizer, mas depois constatei, relendo o que havia escrito, que o tal leitor não entendeu, confundiu homenagem com vagabundagem, a tal vagabundagem que me falta para acender a fogueira de um amor impossível que surge no alto de uma montan...

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                              Ouça:  https://soundcloud.com/user-810093288/minha-fama-de-mau A lama asfáltica envolvendo o meio fio exala um odor de chorume que virou aroma oficial das cidades medíocres. Atravessar o asfalto lamacento sem ser morto por ônibus, carro, van, moto, bicicleta, que desafiam o excesso de leis e a malemolência das autoridades, só pode ser milagre. Na calçada esburacada e estreita, pessoas cabisbaixas tentam caminhar e sobreviver sob marquises que parecem prestes a desabar, fiações elétricas que lembram pedaços de bombril nos lixões. Cada passo um suspiro. Cada passo uma lambança. Cada passo um milagre. Cada passo uma sobrevivência. O carteiro conversa animado com o guarda de trânsito apesar das cartas atrasadas e do trânsito engarrafado. Afinal está calor e o celular do guarda não para de tocar. São dois supostos agentes públicos que desprezam os cidadãos. Vont...

Chuva

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Senti suas gotas roçarem a janela, temperatura de 26 graus. Chuva. Saí para pensar, pensar, pensar. Pensar em soluções, saídas, ou na possibilidade de não haver solução nenhuma diante de problemas amplificados pela aflição e pela angústia. Pensar com realismo em minha acachapante desimportância social, funcional, existencial. Um bentevi resolvia a sua aflição imediata bebendo água numa poça. Simples. Quer dizer, simples para quem assiste. A grande vitória para o bentevi é voar vivo, pousar vivo numa árvore próxima, saltar vivo para os fios de um poste, pousar vivo na poça. Vivo, beber a água num ambiente hostil.  Vivo, desconhecer desimportância. Chuva, calma que parece reinar na cidade, protegida da falsa e histérica euforia do verão e seus moedores de carne midiáticos. Caminhei pelo bairro que, raro, estava sereno e vazio. Senti a quase garoa cair sobre a cidade, que repousava. Poucos carros, ônibus, ciclistas, pessoas nas calçadas; os bares relativamente vazios c...

Insônia

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Ódio, não te conheço. Não sou santo, mas não te conheço. Conheço euforia, tristeza, raiva, conheço a “out estima”, a baixa estima, mas você, ódio? Não, não te conheço. Desde o início da Lava Jato o ódio mudou-se para o Brasil. A História sibila que todas as revoluções vitoriosas, batalhas e conquistas foram movidas pela fúria, ira, determinação. As que beberam a gosma verde do ódio fracassaram. Todas. O ódio sempre perdeu. Hitler perdeu. Mussolini perdeu. Getúlio perdeu. E agora, o ódio que sustenta a mentira no Brasil também vai perder. Que mentira? A História dirá. Em breve porque tudo no Brasil é muito breve. Por motivos não alheios a minha vontade meu fuso horário deu uma virada. Longa madrugada pela frente. Não gosto de escrever e publicar quando estou emocionado e ontem passei o dia tomado por espessa neblina afetiva. Escrevo agora, mas só vou publicar quando retornar do caos. Breve. O amor é tão abissal que espanta até os nevoeiros. Só o amor consegue assol...