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Mostrando postagens de março, 2019

Bicicleta, música, quetiapina, devaneios...

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                                       Pintura de Cláudio Valério Teixeira                                                           Prólogo Esses escritos me deram uma rasteira e ganharam vida própria. Desembestaram sozinhos como na erupção do Vesúvio. Se os escritos não permitirem que eu divulgue mais adiante, aqui vai: ouça meu novo projeto na Rádio Pedal Sonoro, um programa chamado A Onda Maldita ( https://bit.ly/2H6wiqs ) que fica online as quartas-feiras 22 horas, com reapresentação as sextas, 18 horas, em www.radio.pedalsonoro.com.br . Mas se você perder, dê um voo até https://soundcloud.com/user-810093288 . Está lá, junto com outros delírios. Fim do prologo. Os dois litros de água em jejum, nem...

Caminhe pelas ruas - artigo extraído do site Vida Simples & Pedal Sonoro

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Texto de Tony Nyenhuis e Wans Spiess*; f oto de Guilherme Stecanella                                                         Andar por aí, seguindo o calçamento, pode ser uma maneira de se sentir mais próximo da cidade, das pessoas e da gente mesmo Eu ando, tu andas, nós andamos. O verbo andar é um dos mais belos da nossa língua. Primeiro vem amor, depois vem andar. Necessariamente nessa ordem. Melhor ainda quando caminham juntos. Certamente me apaixonei pela palavra andando pela cidade. Um gesto de afeto na esquina, uma música que lembra a infância, os cheiros de comida que escapam pelas janelas, flores, chuva, pipoca, cachorro, gato e passarinho. Imagina se de carro, vidro fechado, ar-condicionado, voz de Waze, se chega tão longe na cidade — e com a gente mesmo… Andar é uma das primeiras coisas que aprendemos na vida. Depois das ...

Lobo comendo Lobo

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Ted Turner, o criador da CNN ( https://bit.ly/2Wv3Jaj ) é uma forte referência pessoal. Muito forte. Quando ele montou a CNN em Atlanta, em 1 de junho de 1980, tinha 38 anos e já era rico. Ele tinha certeza de que uma rede de TV só de jornalismo 24 horas iria ser um sucesso nos Estados Unidos. Acabou sendo uma revolução planetária. Um livro que contra a saga da CNN diz que Turner torrou tudo o que tinha e o que não tinha investindo na TV, a coragem dos que tem certeza de que o faro aponta com 100% de certeza. Ele tinha, tem e terá faro. Hipotecou casas, barcos, fazendas, jogou tudo na CNN. E tudo dava errado, toda hora, diariamente, a tecnologia era experimental, os links, as linhas de transmissão, tudo novo, dúvidas, tiro no escuro de cinco em cinco minutos, mas ele não arredava pé e dizia para a equipe inicial “esse país é de pioneiros. Pioneiros comem ossos e deixam os seus ossos para trás que outros pioneiros vão comer no futuro. Medo não consta desse cardápio”. Na...

Os militares e 1964; a verdade sobre um golpe que foi civil e militar, apesar do trapalhão general Mourão (a “vaca fardada”) ter antecipado tudo

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                                       Generais Odilo Denis, Mourão Filho e Magalhães Pinto                         Carlos Lacerda, o marechal Castelo Branco e o então coronel Ernesto Geisel                                                                                                                                                                  Cena de "Dr. Fantástico", filme de Stanley Kubrick com Peter Sellers ...

The Who, a voracidade criativa de um cara e uma banda que jamais se rendem

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                                        Pete Townshend. Foto de Fernando Mello, Londres, 1981                                                         Não tenho a mínima ideia de quantas vezes ouvi a ópera rock “Tommy”, do The Who. Milhares, milhares, mas cada audição me mostra algo novo. Na sexta-feira, assisti ao musical inglês no Vivo Rio, uma montagem de “Tommy” para teatro que está em cartaz há 25 anos em Londres. https://bit.ly/2UWNwe0   . Tudo novo, de novo. Como se sabe, em suma, Tommy é um menino que fica cego, surdo e mudo por trauma. Seu pai, piloto da RAF, foi dado como morto na II Guerra e a mãe casou-se com um outro homem. Uma noite, Captain Walker, pai de Tommy, reapar...

Cassiano

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Três e 14 da madrugada. Acordo mansamente, sem sobressaltos, apesar do pesadelo. Desde a adolescência só tenho pesadelos. Sonho bom? Raro. Bom, acordo as três e 14 como se fosse seis da manhã para um triatleta. Rondo pela casa, ligo a TV e compro um travesseiro num programa de vendas pelo telefone. Segundo o comercial, o tal travesseiro é um néctar de penas de ganso capaz de corrigir todos os problemas de coluna. O locutor diz que com esse travesseiro temos um sono “reparador”. Só não prometeu que acordamos ao som de canários belgas porque a empresa fica aqui no Brasil, onde a natureza está em rápida extinção. Garantiu que quem não ficasse satisfeito com o travesseiro teria seu dinheiro de volta. Os caras são craques. Três e 14 de um dia de semana é o momento ideal para veicular um anúncio de travesseiro. Liguei, passei o número do cartão de crédito. Tem gente que fica muito angustiada quando acorda no chamado “meio da noite”. Como para mim é rotina, não sinto nada. ...

Atentados não deveriam ser divulgados

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Macabra notoriedade. Esse é o objetivo número um de quem comete atentados e massacres em todo o mundo, tanto que a maioria grava as imagens dos atos e incentivam outras pessoas a cometer o crime. Se todos os meios de comunicação parassem de divulgar esses atos, eles sofreriam uma queda. Há evidências da eficiência dessa medida como, por exemplo, no futebol europeu. Desde que as emissoras de TV decidiram não mais exibir imagens de torcedores que invadem os campos o número de ocorrências quase zerou. No Brasil, um acordo informal veta a divulgação de casos de suicídio o que também provocou uma queda. Ou seja, se episódios de terrorismo, atentados, massacres não ganhassem mais espaço na mídia, com certeza eles iriam diminuir e, quem sabe, zerar em muitos casos. O problema é conter o apetite insaciável da mídia mundo cão e o dinheirão que fatura dos anunciantes.

Desejo

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Minha paixão por motocicletas não tem explicação, como toda paixão. Ela brotou como peiote nos desertos do México logo que fui proibido de andar num ciclomotor de um amigo. A marca era Velosolex. A preocupação dos meus pais fazia sentido por causa da minha infinita irresponsabilidade em insanas acrobacias de bicicleta - com direito a visitas hospitalares com relativa frequência - aliada a uma suspeita de déficit de atenção. Soma-se a isso a fama de maluco que alguns vizinhos tentaram me jogar nas costas pelo conjunto da obra, especialmente o volume e o tipo de música que ouvia. E ouço. Proibida para mim como muitos filmes, músicas, livros, peças de teatro para todo mundo, pouco a pouco a motocicleta foi se transformando em meu obscuro objeto do desejo, aqui uma homenagem inconsciente a Buñuel. A motocicleta tornou-se desejo tórrido, curiosidade vã pelo proibido como buraco da fechadura, vizinha sem calcinha encerando a sala, casas de ópio, Carlos Zéfiro, mescalina de Dom Ju...