Um papo sobre meu romance "5 e 15"

No blog www.5e15lam.blogspot.com estou publicando a nova versão de meu primeiro romance, "5 e 15". A ideia é do amigo e editor Luiz Augusto Erthal, da Nitpress.

Compartilhar com os leitores (e co-autores) o texto que estou reescrevendo, fazendo uma versão definitiva deste livro. Dos 22 capítulos que reescrevo, publicarei 18 no blog. Um capítulo a cada terça-feira. Depois, o livro ganhará uma nova edição em papel.

Por isso, convido: acesse, leia, opine, compartilhe: www.5e15lam.blogspot.com .

Aqui, uma entrevista que concedi ao portal Whiplash em 2006, quando lancei a primeira edição.


– Por que o livro se chama 5 e 15?

Luiz Antonio Mello – Quando assisti ao filme “Cidade dos Anjos” e vi a personagem da Meg Ryan fazendo cirurgias ao som de Jimi Hendrix, percebi que só os reacionários acham que Rock, Blues, música atonal são “coisas de maluco”. Há alguns anos fiz uma pequena cirurgia e o anestesista perguntou se podia ligar um som no centro cirúrgico e pôs Pink Floyd. A Ciência melhora quando ouve, lê, assiste ou que quer. 5 e 15 é uma referência/homenagem à ópera rock “Quadrophenia” do The Who e uma de suas músicas se chama “5 e 15”. Mais, 5 e 15 é momento de Alvorada e momento de crepúsculo. Hora do rush. Além do que, por razões que Crimson deixa óbvias, o número 15 tem uma importância crucial para ele.

– Por que você chama de “Ficção Atonal Beta” na capa do livro?

LAM - Como o romance eventualmente esbarra em pessoas verídicas, usei a expressão ficção atonal porque a música atonal, ou seja, sem tom, livre, permite devaneios fora da partitura; quanto a Beta é um jargão da Informática que representa programas, sistemas que ainda estão em fase experimental. Como é meu primeiro romance, achei que seria muita prepotência não chamá-lo de Beta.

– É um livro de Rock?

LAM – Não. O Rock está presente na vida do Crimson como trilha sonora e objeto de reflexão. Quadrophenia significa também um tipo de esquizofrenia. Está bem explicado na orelha do livro. Acho normal que muita gente pergunte se o livro é de Rock, pois a minha história orgulhosamente está muito vinculada a essa manifestação cultural. Mas 5 e 15 é uma constatação de que a Ciência pode derrubar o império do narcotráfico, como também ditaduras de Estado, ditaduras caseiras (o personagem Otacílio mostra bem isso), enfim, eu acho que a Ciência é um dos braços mais poderosos de Deus.

- Você é jornalista, cronista. Como se sentiu escrevendo um romance?

LAM – Comecei a rabiscar 5 e 15 em 1998. Mas parei. Não me sentia com capacidade suficiente para me embrenhar no maior desafio da Literatura que é o romance. Ia deletar as 70 páginas iniciais, mas antes entrei em um grupo de discussão literária na Internet e mandei esses “rabiscos” para desconhecidos opinarem. Gente que tem muita intimidade com livros e por não me conhecerem não teriam constrangimento em falar o que pensam. Eles deram OK. Ainda assim parei de novo várias vezes. Amigos me incentivaram a finalizar. E em 2004 com o monitoramento da jornalista Raquel Medeiros, concluí a primeira versão. Mexi mais de trinta vezes e estaria mexendo até hoje.

– 5 e 15 é o primeiro de uma série?

LAM - Comecei trabalhar em Jornalismo aos 16 anos. Aos 18, fui repórter de uma rádio popular e passava os dias em favelas, tiroteios, uma experiência crucial na minha formação profissional. Mas eu sempre digo que se não fosse Ana Maria Machado não sei se teria prosseguido em Jornalismo. Saí dessa rádio popular e fui trabalhar na rádio JB AM. E ela, Ana Maria, fazia pessoalmente a entrevista de seleção para a vaga. Olhou meu micro currículo e disparou uma única pergunta: que livros você leu? Passei.
5 e 15 traz vivências minhas a bordo do Jornalismo com J maiúsculo que exerci na rádio e Jornal do Brasil naqueles duros tempos de ditadura. Esse tipo de Jornalismo mostrou que nada é possível sem esperança. Provou que ou você acaba com o baixo astral ou o baixo astral acaba com você. Logo, farei outros romances. Sempre em nome da perseverança e otimismo. Sem pieguices. Não me convidem para pagode de hiena.
 

5 e 15 é esperança e os outros que virão também. Detesto vitimologia.

Press Release

5 e 15 é uma condição atual. Luiz Antonio Mello conta com a mão pesada de Crimson, personagem nascido a fórcepes e que tem DNA semelhante ao de Jack Kerouac, Willian Burroughs e Alen Grinsberg.

Como o lobo que tanto sabe viver só como em bando, Crimson corre atrás de um ideal humanitário para sua “alcatéia”: a cura para os males de uma sociedade atormentada pelas angústias do país e que ninguém até hoje sabe “que é esse”. Que percorre todos os continentes e ninguém sabe até hoje “que é deles” e principalmente, que como uma escavadeira sem dó nem piedade, naufraga no território interior de cada um de nós.

Crimson busca obsessivamente a fórmula que extirpe uma guerra química que corrói veias e detona cabeças de corpos em fuga patológica de moléstias como corrupção e falta de ética.
Inspirado no título de uma das músicas de Pete Townshend (mentor intelectual do autor) na ópera rock “Quadrophenia” (1973), 5 e 15 tem vilões que como os britanicamente pontuais relógios das estações de trem, tentam jogar o mundo no fundo da lama com hora marcada. Mas Crimson luta. Utiliza miligramas líquidos, sólidos e gasosos e nos convida a conhecer desvios. Desvios necessários para chegar à fórmula libertadora. A fórmula quimicamente perfeita dos libertários e prisioneiros de sua própria indolência existencial.
Crimson não conhece a desistência. Só a resistência.

Ao acabar de ler 5 e 15 olhe para o céu. Lá está o relógio da verdade de cada um de nós. O que Carl Gustav Jung já chamou de individuação. Os ponteiros de relógios de muitas vidas que se foram e de outras salvas por “homens-Crimson”. Um relógio que tem uma máquina mais precisa que as suíças e que é eternamente grata aos que não desistem de seus sonhos. Aos que enterram suas memórias ruins, não olham para trás e que acima de tudo, refletem a luz dos que não tem medo de andar na contramão. Na pista ao lado, os imbecis com seus relógios marcam um tempo que aprisiona e mata. Essa não é a estrada de Crimson e se você escolheu esse livro não é a sua também. Eu tenho a honra e o prazer de apresentar a você, Crimson e sua saga. Dose única e vital.

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