Ouvindo Neil Young nas primeiras horas do outono
(Neil Young)
Old Man
Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
Twenty four and there's so much more
Live alone in a paradise
That makes me think of two
Twenty four and there's so much more
Live alone in a paradise
That makes me think of two
Love lost, such a cost
Give me things that don't get lost
Like a coin that won't get tossed
Rolling home to you
Give me things that don't get lost
Like a coin that won't get tossed
Rolling home to you
Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true
I'm a lot like you
I need someone to love me the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true
Lullabies, look in your eyes
Run around the same old town
Doesn't mean that much to me
To mean that much to you
Run around the same old town
Doesn't mean that much to me
To mean that much to you
I've been first and last
Look at how the time goes past
But I'm all alone at last
Rolling home to you
Look at how the time goes past
But I'm all alone at last
Rolling home to you
Old man take a look at my life
I'm a lot like you
I need someone to love me
the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true
I'm a lot like you
I need someone to love me
the whole day through
Ah, one look in my eyes
and you can tell that's true
Old man look at my life
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were
I'm a lot like you were
Old man look at my life
I'm a lot like you were
Há muito tempo não ouvia as trovoadas. Sim, elas
ainda existem e me causam alívio enquanto leio os jornais que derramam baldes e
mais baldes de desesperança.
Em vez de alimentar o assunto prefiro pegar uns CDs de Neil Young e por no computador. Para mim, CD é a
melhor mídia já inventada. Prático, não tem a famigerada agulha do vinil e seu
irritante plec plec plec, não trava, não exige que eu levante para mudar de
lado, dispensa lavagens, etc. No CD o som sai puro e me satisfaz plenamente.
Tanto que em mil novecentos e noventa e tal doei meus vinis
(não eram poucos) para uma instituição de caridade que fez uma boa grana.
Amigos, colegas e conhecidos que cultuam o vinil ficam horrorizados quando
conto essa história, mas fazer o que se o que resta nesse país (pelo menos por
enquanto) é a liberdade de escolha?
Logo, ouço sim muitos CDs e no carro, em breve, estarei
ouvindo pen drive assim que alguém que conhece mais informática do que eu puder
informar se posso transferir arquivos fechados para o dispositivo. Em outras
palavras, se eu espetar o pen drive na entrada USB do som do carro, terei a opção de
ouvir, por exemplo, a faixa 9 ou ele lê todas as músicas como arquivo único?
Assisti Neil Young no Rock in Rio em 2001, show bombástico. Ele empunhava sua lendária guitarra Gibson Les Paul preta, chamada “Old Black” safra
de 1953, que não larga por nada. Show pesado, alto volume, distorcido, catártico,
como eu estava naquele dia. Viajei horas até chegar ao Rock in Rio e consegui
um lugar bem próximo ao palco porque esse negócio de ficar assistindo telão não dá.
Lembro da expressão da plateia que não conhecia Young,
muita gente mais nova, atônita, aplaudindo boquiaberta a performance sempre
comocional do músico, que lá pelas tantas, inesperadamente, começou a esfregar
a guitarra contra o cabeçote de um dos amplificadores gerando sons difusos,
alguma microfonia, caós.
A segunda trovoada acaba de rugir lá fora e uma chuva bem
leve banha o entorno. Neil Young toca no computador enquanto lembro de uma
manhã de 1981 ou 1982. O então presidente da Warner, André Midani, ligou
convidando para uma sessão exclusiva do filme “Rust Never Sleeps”, um show
completo de Neil Young extremamente bem feito. Foi numa cabine na Cinelândia,
Rio. O filme, apesar de sensacional, não foi exibido no Brasil por uma razão
óbvia: na época, ninguém sabia quem era Neil Young. E a pergunta que me cai
agora, bem mais forte do que a chuva é “será que hoje sabem de quem se trata?”.
Pelo menos hoje existe Google, Yahoo, Bing.
Termino a audição e vejo o jornal em cima do sofá,
exibindo as lambanças no país. Melhor jogar fora e sair
para ver a chuva na praia porque afinal de contas circula um boato garantindo
que os domingos ainda existem.
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