As cinzas ardem sob os Beatles

                   Sessão de fotos para a capa de Abbey Road. Durou 15 minutos. Foto de Ian Macmillan
 Clinton Heylin é um jornalista e pesquisador inglês que o Irish Independent definiu como “o maior biógrafo do mundo do Rock”, mas na minha singela e tosca opinião ainda fico com Mick Wall. Mas essa conversa de lupanar fica para depois.


Sobre os Beatles li quase dez livros, muita porcaria, admito, principalmente numa época em que subia e descia para Teresópolis de ônibus nos verões, sem idade para ter carteira de motorista. Na Rodoviária Novo Rio, comprava livros de Cassandra Rios (https://bit.ly/2MMTdIb) e eventualmente alguma edição vagaba de histórias dos Beatles, provavelmente escrita por golpistas em edições nitidamente piratas.

Há dois anos, nos 50 anos do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, foi relançado um livro fundamental, essencial para mergulhar fundo nos bastidores do álbum. “Paz, Amor & Sgt. Pepper” é o título em português do livro lançado pelo produtor George Martin, originalmente em 1995.

Foi traduzido por Marcelo Fróes, responsável pela Sonora Editora (https://bit.ly/2Ty1e6o) . Confira uma Entrevista extensa com Marcelo Froes, para o Portal Beatles Brasil em https://bit.ly/2DPZboy.

Mas tudo o que acho que sei sobre a primeira da banda chupei de “A Vida dos Beatles” de Hunter Davies, a única biografia autorizada da banda que recentemente ganhou uma edição atualizada e estendida. 

Uma grande pancada foi “Many Years From Now”, tijolaço de 720 páginas escrito por um grande amigo de Paul McCartney, Barry Miles, e “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band – um ano na vida dos Beatles e amigos”, de Clinton Heylin. Estou relendo esse.

A releitura revela fatos que, sinceramente, passei por cima naquela ansiedade da primeira leitura. Por exemplo, está lá na página 109: “Quando ele (Macca) apareceu no dia 1º.de fevereiro (de 1967) com uma canção-título para o álbum, “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band”, George Harrison ficou aliviado, achando que enfim tinha um papel a desempenhar com a robusta guitarra solo prevista na composição.

“No entanto, depois de sete horas tentando gravar o solo de Harrison, McCartney decidiu que ele mesmo tocaria essa parte e, sem se preocupar com uma eventual pancadaria, foi adiante e gravou o seu próprio riff”.” 

Em 2004 Macca confirmou que a fantástica guitarra que abre o álbum que dividiu a história do rock, que todos julgávamos ser de George Harrison, é de Paul McCartney, que a partir de Sgt. Peppers (ele admite no livro) passou a assumir o controle da banda.

Por que? Lennon já estava em outra, envolvido com Yoko Ono, de saco cheio de ser um beatle. Ele dizia que estava compondo mal por preguiça e largou tudo na mão de Paul. Ringo Starr já estava alheio e ainda bate pé afirmando que a bateria de “A Day in The Life”, é dele sim. Fofoqueiros inventaram que um outro baterista havia sido contratado para gravar. George Harrison não gravava e ia para casa reclamando da rejeição de Lennon & McCartney as suas músicas.

Fato é que, em praticamente todas as biografias, Lennon e Harrison dizem que só fizeram lixo nos Beatles. Ringo? Vivia deprimido e bêbado para tentar levantar, mas ficou curado nos anos 1990. Já Paul, até o último segundo da existência dos Beatles, lutou pela banda, acreditou na banda e se tornou a banda.




Comentários

Postagens mais visitadas