The Who, a voracidade criativa de um cara e uma banda que jamais se rendem
Pete Townshend. Foto de Fernando Mello, Londres, 1981
Não tenho a mínima ideia de quantas vezes ouvi a ópera rock “Tommy”,
do The Who. Milhares, milhares, mas cada audição me mostra algo novo. Na
sexta-feira, assisti ao musical inglês no Vivo Rio, uma montagem de “Tommy”
para teatro que está em cartaz há 25 anos em Londres. https://bit.ly/2UWNwe0 . Tudo novo, de novo.
Como se sabe, em suma, Tommy é um menino que fica cego, surdo
e mudo por trauma. Seu pai, piloto da RAF, foi dado como morto na II Guerra e a
mãe casou-se com um outro homem. Uma noite, Captain Walker, pai de Tommy, reaparece em casa. Sobreviveu ao acidente aéreo. Vê a mulher com o outro, os dois
brigam, Captain Walker leva um golpe na cabeça com um abajur e cai morto. O
pequeno Tommy, 10 anos, assistiu tudo.
Mãe e padrasto pressionam o garoto: “você não viu nada, não ouviu
nada, não vai dizer nada a ninguém”. Ele fica cego, surdo e mudo.
Pete Townshend tinha 23 anos quando compôs Tommy. Vai fazer
74 em maio. Começou a compor compulsivamente sem suspeitar que estava
escrevendo a primeira opera rock da história, muito antes de “Hair”, “Jesus
Cristo Super Star”.
Quando The Who começou a gravar (a versão original de “Tommy”
saiu em 1969 - https://bit.ly/2WgHRiY ) a
gravadora tentou abortar mas o contrato havia sido bem amarrado pelo produtor Kit
Lambert (morto em 1981). O álbum saiu e, fora Townshend e Lambert, que tinham certeza
do sucesso, ninguém entendeu a explosão no mercado.
Vendendo milhões de discos, The Who fez a primeira turnê de “Tommy”
que culminou com o antológico show na Universidade de Leeds que virou o melhor
álbum de rock gravado ao vivo de todos os tempos: “Live at Leeds”. Antes, a
banda mostrou parte da ópera no festival de Woodstock e num concerto avassalador
no festival da Ilha de Wight, em 1970. Veja aqui: https://bit.ly/1d8FkjL .
Depois de “Tommy”, Townshend escreveu a segunda ópera rock,
chamada “Lifehouse” que ninguém entendeu na época e ela foi abandonada. O
musico entrou em profunda depressão por causa disso, mesmo depois que “Who’s
Next” (com os “restos” de “LifeHouse”) foi eleito “álbum do século” pela
crítica britânica. https://bit.ly/2uniHDq . Incansável,
Townshend escreveu “Quadrophenia” (o disco da minha vida), lançada pelo The Who
em 1973. https://bit.ly/2WjXeXX
Este ano, a banda lança o primeiro disco de inéditas desde
2006, sem dois músicos originais: o baterista Keith Moon (morto em 1978) e o
baixista John Entwistle (morto em 2003). Mais: 5 de novembro Pete Townshend
lançará mais um romance, ““The Age of Anxiety” (“A era da Ansiedade”).
O livro fala de duas famílias londrinas ao longo de duas
gerações e o caos de suas vidas. “Há dez anos, decidi criar uma obra que
combinasse ópera, instalação de arte e romance”, disse o músico. “De repente
aqui estou com um romance pronto para publicar. Sou um leitor ávido e gostei
muito de escrevê-lo. Eu também estou feliz em dizer que há uma música
finalizada, pronta para ser lançada e apresentada.”
Em 2020, The Who volta para a estrada em nova turnê mundial.
Será que o Brasil vai ser incluído na agenda?
Comentários
Postar um comentário
Opinião não é palavrão. A sua é fundamental para este blog.
A Comunicação é uma via de mão dupla.