Fogueira, balões, lembranças e o cover de Danny Devito arrumando a mala pelo celular a bordo do catamarã
Foto feita pelo amigo/irmão Alvaro Luiz Fernandes no Centro Histórico
de São Luís, Maranhão
de São Luís, Maranhão
Dia
24 de junho é comemorado o dia de São João, padroeiro de minha
cidade, Niterói. Feriado municipal e pouquíssimos arraiais
acontecendo. Não sei por que. No entanto, dizem que há muitas
festas fora da cidade, o que me lembrou um episódio curioso.
Tempos
atrás almocei com o amigo Eduardo Lamas no
sempre agradabilíssimo bistrô “Arlequim”, no Paço Imperial,
centro do Rio. Muitos papos, ótimos planos, conversa regada a muitos
CDs e DVDs raros que frequentam o magistral acervo da loja.
Aviso:
quando for ao Arlequim dê um jeito de se livrar do cartão de
crédito pois e impossível resistir ao arsenal de CDs e DVDs importados à
disposição. Impressionante a qualidade e diversidade.
Bom,
na volta, a caminho do catamarã para Niterói, vi na Praça 15 (não
uso algarismos romanos) um cartaz anunciando uma festa junina. Típica
e tradicional. O desenho trazia uma fogueira, gente fantasiada e até
os perigosos (e hoje inviáveis) balões. Embarquei e a meu lado
sentou um sujeito que era a cara do Danny Devito: baixo, gordo,
careca, que não largava o celular.
Fez
várias ligações porque a linha caia. Ele orientava uma mulher do
outro lado da linha que arrumava a mala dele. Foi gozado. Ele dizia
“não, gravata não precisa, vou descansar...bota as duas escovas
de dentes, muitas meias e cuecas de algodão porque lá faz
frio...não, o casaco de courvin vou levar na mão caso esfrie no
caminho. Ah, leva meu radinho” e assim o cara veio até Niterói
falando, gesticulando, arfando.
Curioso,
quando a embarcação atracou continuei ouvindo a conversa
engraçadíssima sobre o tal fim de semana na serra que o cover do
Devito ia ter. Devito que, lá pelas tantas, disparou: “não
esqueça da minha roupa para o casamento na roça. Os arraiais de lá
são imperdíveis”. Onde seriam esses arraiais? Num lugar frio,
onde o nosso personagem cai na gandaia? Cara de pau, perguntei.
Sorridente, ele respondeu “em Santa Maria Madalena, é claro. Onde
mais?” Pois é, onde mais?, pensei, apesar de nunca ter ido a Santa Maria Madalena.
Voltando
ao cartaz da festa junina, me bateu uma profunda saudade. Saudade das
grandes festas que frequentei ao longo do tempo, onde mergulhei em
arraiais com fogueiras gigantescas, bandeirinhas, pau-de-sebo,
comidas típicas, quadrilhas, namoradas. Muitas.
Saudade
da minha infância, apesar de ter
frequentado os arraiais até 1999,
eu acho. Saudade daquele cheiro de lenha queimada, do som primitivo
dos conjuntos tocando e, logicamente, dos balões, meu fascínio
desde que nasci. Saudade de um arraial gigantesco que fui certa vez
em Teresópolis, outro em Friburgo, mais um outro em Araruama, vários
no Rio e em Niterói e em Porto Alegre também. Foi no arraial da
minha querida POA que soube que São João também é padroeiro de
lá, como é de Niterói.
Este
ano vou correr atrás de pelo menos uma festa junina. Meu lado lúdico
cobra, quase implora. Merece. Com bombas, crianças a caráter e tudo
mais.
Quem
procura, acha.
Comentários
Postar um comentário
Opinião não é palavrão. A sua é fundamental para este blog.
A Comunicação é uma via de mão dupla.